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Na ânsia por uma explicação a respeito dos votos de Dilma {{e tentando fugir do xenofobismo, sem fugir}} Estadão faz matéria sobre ‘o erro ignorado’.

Que não era a preferência do Estado de São Paulo {{o jornal, e o estado mesmo}} todos sabemos desde sempre. Inúmeras teorias foram feitas, a maioria delas com grande teor xenófobo, como bem me alertou o nobilíssimo leitor Lucho:

A última do Estadão Estadinho foi tentar explicar o ‘inexplicável’: a manipulação da mídia não é superior à realidade da população.
“CRÔNICA DE UM ERRO IGNORADO”
O estadinho {{sim, a esta altura é no diminutivo e sem maiúscula}} faz uma breve explanação a respeito dos méritos da urna eletrônica para então adentrar em sua teoria neo-xenófaba de que a população não sabe votar {{no sentido primeiro, ou seja, não te a mais vaga ideia daquilo que aperta na urna}}.
Está com todas as letras:
“A cena repetiu-se milhões de vezes. O eleitor sai da cabine e o mesário avisa que ele ainda não terminou. Ele diz que sim. O mesário explica: são seis votos, precisa digitar todos. Envergonhado diante da fila, o eleitor se livra dos votos restantes cada vez mais apressado. O último é para presidente.”

Ou seja, pela lógica o eleitor chegaria, apertaria dois números e a tecla confirma. Por essa lógica o eleitor, burro/cego, não perceberia que existem outros TRÊS espaços a serem preenchidos. Ok, até aí o conceito de verossimilhança não foi quebrado.

O resultado então seria “milhões” de votos na legenda para deputado estadual, correto? Sujeito chega e aperta ‘13’ ou ‘45’ ou ‘43’ e confirma.

E os votos, confirmam a teoria? Vejamos:



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Então 90% da população não votou na legenda. Ou seja, ainda que estes 10% {{sim, estou arredondando}} tenham votado na legenda por engano {{mais de um partido chamou voto na legenda, o PT, por exemplo}} não é um número preocupante.

Mas ainda que fosse preocupante. Ainda que fosse 90% dos votos na legenda. Qual a lógica do jornal? O eleitor, com pressa ia parar de apertar os números para presidente e começar a apertar qualquer coisa, de olhos fechados e gritando ‘lálálálálá’, exatamente como fazíamos quando éramos crianças e não queríamos ouvir aquele coleguinha chato?!

A tragédia continua:

Sabe-se que o erro na ordem de votação chegou aos sete dígitos no primeiro turno de 2010 por vários indícios. Todos apontam na mesma direção: 

1. Em comparação ao primeiro turno, houve menos 2,5 milhões de votos brancos e nulos no segundo turno presidencial. A queda entre turnos se repete desde 2002.

2. Segundo o Ibope, 15% do eleitorado de Marina Silva e 33% do de Plínio Sampaio anularam ou votaram em branco no segundo turno.

3. O número de votos brancos e nulos deveria ter crescido 45% com o acréscimo dos ex-eleitores do PV e do PSOL, que ficaram sem candidato. Mas caiu para 7 milhões.

4. A votação de José Serra cresceu 10,6 milhões de um turno para outro. Disso, segundo o Ibope, 9,8 milhões vieram de Marina e 200 mil de Plínio. Faltam 600 mil votos.

5. A votação de Dilma Rousseff cresceu 8,1 milhões. Desses, 6,5 milhões vieram de Marina e 200 mil de Plínio. Faltam 1,4 milhão de votos.

6. Ao menos 2 milhões de eleitores que anularam ou votaram em branco no primeiro turno votaram em Dilma ou em Serra no segundo. Por quê? Muito provavelmente porque se confundiram com a ordem esdrúxula de votação em 3 de outubro, mas não no turno final, quando votaram apenas uma ou duas vezes.

7. Como a abstenção aumentou no segundo turno, eleitores que deixaram de votar podem também ter errado em 3 de outubro. Logo, mais de 2 milhões podem ter se enganado no primeiro turno na ordem de votos.

8. Na única eleição “solteira” para presidente (1989), 94% dos votos foram válidos, recorde até hoje.

Então vamos explicar direitinho para que não reste dúvidas, ok?

A queda de brancos e nulos se explica facilmente com a rejeição a um dos candidatos que foram para o 2º turno. Explico-me: Em 1998 Maluf e Covas fizeram 2º turno em São Paulo {{sim, a vida pode ser bem triste}}.

Um sem número de pessoas em São Paulo não votariam em ninguém no 1º turno. Mas com a perspectiva real da vitória de alguém como Maluf preferem ir até a urna e apertar {{aleatoriamente-sem-querer}} o número de Covas, o candidato menos pior {{na opinião deste eleitor do meu exemplo, ok?}}.

Da mesma forma, existem eleitores que preferem o diabo eleito a ver o José Serra como presidente, motivo pelo qual, no 1º turno anularam o voto e no 2º correram para votar em qualquer um que não fosse ele. O mesmo vale para a rejeição de Dilma. Mas aí, claro, estou partindo do pressuposto errado de que as pessoas nascem dotadas de massa encefálica.

Essa mesma explicação desmente a lógica irreal das explicações 2 e 3. Ou seja o grande eleitorado de Plínio {{?!}} que foi votar nulo, bem como parte do eleitorado de Marina que foram votar nulo aumentam o número de votos inválidos. Acontece que as pessoas que votaram nulo ou em branco no 1º turno podem simplesmente terem decidido votar em outra pessoa, ou não?!

Logo, a fatia de nulos / brancos aumenta pouco de um lado {{Marina + Plínio}} e diminui muito de outro {{ Nulos e brancos que foram para Serra ou Dilma}}.

Os 2 milhões de votos que o jornaleco de esquina não soube de onde veio {{ 600 mil de Serra e 1,4 milhões de Dilma}} não podem ter vindo daquele número estranho do item 1 do próprio jornaleco? Qual o mistério?

O item número 7 simplesmente é ausente de qualquer sentido. A abstenção aumentou porque, aqui fora, no mundo real, a eleição do 2º turno caiu em um feriado, coisa que, geralmente, leva seres humanos a uma vontade inexplicável de viajar e descansar. Uau!

A ‘única eleição solteira’, ou seja, a de 1989, não teria também sido A PRIMEIRA ELEIÇÃO DIRETA PARA PRESIDENTE DEPOIS DA DITADURA? Talvez, só talvez tenha alguma coisa a ver com o número recorde de votos válidos, não acham?

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