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Gestão Kassab ignora faturamento futuro do setor imobiliário no plano de concessão da área do centro paulistano

Prefeitura terá de dar até R$ 355 mi à empresa que vencer licitação; faturamento privado deve superar R$ 5 bi 

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO 

A gestão do prefeito Gilberto Kassab ignorou o faturamento futuro do mercado imobiliário no projeto de reforma da Nova Luz, hoje mais conhecida como cracolândia.

Com isso, os cofres públicos municipais terão de dar até R$ 355 milhões à empresa que vencer a licitação para restaurar esse trecho degradado do centro de São Paulo.

O investimento público desconsidera quanto o negociador dos futuros prédios da área vai lucrar com a venda dos imóveis. O faturamento previsto é de R$ 5,1 bilhões num período de 15 anos.

Ontem, Kassab anunciou o projeto final de revitalização da Nova Luz. Ele prevê que a empresa que fará a reforma esteja escolhida até o primeiro semestre de 2012. As obras estão previstas para começar logo em seguida. Devem estar prontas em 2027.

Desde 2002, quando o Plano Diretor “reservou” parte cracolândia, a prefeitura tenta revitalizar a área.

MODELO
A concessão urbanística da área consiste em transferir para a iniciativa privada o direito de desapropriar imóveis e lucrar com a valorização imobiliária da região em troca de implementar um projeto de revitalização urbana.

Prevê praças, escolas, creches, posto de saúde, ciclovias, calçadões e calçadas.

O plano prevê também a criação de polos comerciais e de serviços e uma área de cultura e entretenimento, com teatros, cinemas e cafés.

Os novos prédios serão de uso misto -comércio e serviços no térreo e casas ou serviços nos andares superiores.

O cálculo da viabilidade econômica da operação, porém, desconsiderou a lucratividade da venda dos imóveis. O estudo faz o cálculo só até a reforma das áreas públicas, a desapropriação e demolição de imóveis e limpeza dos terrenos. A posterior operação imobiliária ficou de fora.

O estudo de viabilidade financeira foi feito pela FGV, que tem como vice-presidente Marcos Cintra, secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.
Miguel Bucalem, secretário de Desenvolvimento Urbano, disse que esse é ainda um cálculo preliminar. De acordo com ele, somente no edital da concessão, que deve ser lançado em aproximadamente dois meses, será definido o valor máximo de gasto de dinheiro público.

Paulo Garcia, presidente da Associação dos Comerciantes do Bairro da Santa Ifigênia, diz que, já que a prefeitura vai dar dinheiro para a iniciativa privada, ela mesma poderia fazer a reforma.

A prefeitura alega que, sem concessão privada, gastaria mais: R$ 490 milhões.

Garcia afirma que a aposta dos comerciantes e proprietários de imóveis é tentar derrubar o projeto. Uma ação está em tramitação no Tribunal de Justiça e o julgamento do recurso dos comerciantes já foi adiado duas vezes pelos desembargadores. A prefeitura diz que o projeto é legal.

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