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De tempos em tempos este blog caça aqui e acolá matérias, digamos, ingênuas… É tempo de se divertir.

Se você não sabe, fique sabendo, o jornal PROPMARK é, como parece óbvio, um jornal que fala de propaganda e marketing.  Auto-intitulada “O jornal do mercado da comunicação”, a revista resolveu fazer essa semana uma matéria sobre… “O slogan ‘Pátria Educadora’ “.

O Caipira aqui, na santa ingenuidade que lhe é peculiar, achou que seria uma matéria interessante de ler, afinal de contas, se tem um setor no qual o governo federal {{e o PT de maneira geral}} é capenga, é o da comunicação e marketing.

Mas…



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polemica

{{não acredite em mim – PROPMARK}}

O tal Vinícius {{famoso quem?}} começa bem a matéria… Diz que um slogan, no Brasil, que fala de educação é… polêmico.

Engraçado notar como por toda a matéria os especialistas {{em educação? Não, em propaganda…}} falam que realmente a educação deve ser prioridade e bla bla bla whiskas sachê. Ora, se todo mundo concorda que o país deve focar em educação, como pode um slogan que fala de educação ser… polêmico ?

É um daqueles casos típicos onde o jornalista quer tanto falar mal da Dilma que qualquer assunto é assunto…

Mas vamos ao texto…

Sobram críticas quando o assunto é branding. Fred Gelli, sócio e diretor de criação da Tátil Design de Ideias, por exemplo, acredita que esse slogan teria mais sentido se viesse acompanhado por uma série de iniciativas e propostas que pudessem sustentá-lo. “Acredito, sim, que a educação deveria ser prioridade, mas o problema é que não estou vendo esforços para que isso seja entregue”, argumenta.

É complicado mesmo ver os esforços… Senão vejamos…

vagas {{não acredite em mim – EBC}}

Sisu, é bom explicar caso o amigão esteja lendo isso, é aquele sistema unificado para vagas em universidades federais. O que significa que, só em 2015, foram ampliadas em 20% as vagas para universidades públicas no país. Ou, se quiser forçar um pouco a barra, 1/4 a mais de vagas.

Mas isso ainda diz pouco, muito pouco… Então vamos ver…

Este blog já demonstrou com números e links que o orçamento da educação nunca foi tão alto {{leia o post “O que você ainda não sabe sobre a Copa, mas devia saber}}, mas vamos relembrar:

Para a educação, a lei {{cabe explicar que a lei, no caso, é a do orçamento anual de 2014}} destina R$ 82,3 bilhões a serem aplicados na manutenção e no desenvolvimento do ensino, R$ 25,4 bilhões a mais que o valor previsto na Constituição (18% da arrecadação). A receita para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) em 2014 é de R$ 104,3 bilhões.

{{não acredite em mim – Câmara dos Deputados}}

Essa parte ninguém vê, é complexo demais ir atrás do… Orçamento da União, são dados ultrassecretos mesmo… Mas o jornalista vai além…

Dias após anunciar que a educação seria prioridade, Dilma bloqueou, até a aprovação do orçamento, um terço dos gastos administrativos dos 39 ministérios – o da Educação responderá pela maior parte do montante a ser economizado.

Falando assim, até parece que é verdade e é um assunto grave, mas se você for além das manchetes da folha e resolver se informar um pouco sobre o tema {{não precisa ser muito, basta ler o Estadão, nem é um esforço tão grande. Ou é, vai saber…}} vai ler que:

O bloqueio provisório de um terço dos gastos discricionários dos ministérios, isto é, das despesas que não são obrigatórias, como passagens aéreas e custeio geral, poderia representar uma retenção de R$ 22,7 bilhões caso o corte fosse estendido até dezembro.

(…)

O contingenciamento desta quinta-feira não afeta os investimentos públicos.

{{não acredite em mim – Estado de São Paulo}}

destaque

Eu sei, amiguxos e amiguxas, é pedir muito que um ser do tipo jornalista leia mais do que a manchete, se informe antes de escrever sobre um tema, essas coisas todas… Entender o que são gastos discricionários então… Se você não sabe, saiba, são gastos burocráticos, custeios de viagens, material de escritório, etc.

Mas parece-me inacreditável que um sujeito escolha absolutamente qualquer tema só para falar mal do governo… Eu mesmo posso prestar consultoria na área falar mal do governo.  Vou além, dou até uma lista de coisas sobre as quais é possível falar mal sem muita pesquisa:

  • Sistema Carcerário Brasileiro
  • A Comunicação do governo {{mas aí, fica a dica, falem da COMUNICAÇÃO, sacou?}}
  • O novo ministro dos Esportes
  • A incapacidade petista de discutir a Cultura

Se quiser falar mal do governo, pede ajuda, coleguinhas, que eu tenho muito a falar…

Mas na área da educação… Aí fica complicado…  Até o UOL sabe que a educação no país tem avançado…

Embora tenha apresentado o maior progresso (veja gráficos abaixo), o marcador de educação ainda ficou abaixo do de saúde (expectativa de vida) e do de renda, outros dois subíndices que compõem o indicador, compilado a partir de dados dos censos demográficos do IBGE de 2010.

{{não acredite em mim – UOL}}

O principal problema da educação, saibam os senhores, é a questão do ensino básico. Ou seja, o ensino que é de responsabilidade dos municípios e estados. Crianças são responsabilidade dos municípios, adolescentes dos estados e universitários da União. É assim que funciona o seu país, viu Vinícius?

Uma boa matéria {{mas aí é melhor deixar para algum jornalista sério fazer}} seria discutir se é interessante ou não passar todo o ensino para a responsabilidade da União {{o que forçaria um aumento gigantesco – na ordem dos 100 bilhões, hoje em dia – no orçamento da educação}}. Um tema de fato, periclitante, a se discutir.

Agora, se você está numa revista de propaganda e marketing, sério colega, atenha-se ao que você supostamente entende. Fale do orçamento da SECOM, onde ele é gasto, com quem, de que maneira… Tem muito material a se falar mal da Dilma ali. #FicaADica.

Em tempo: O blog enviou esta postagem à editoria do jornal PROPMARK e se dispõe a dar o espaço para réplica. 

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