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Quando, no dia 27 de outubro de 2010, morreu o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, a imprensa brasileira fez uma série de análises sérias e sóbrias {{onde esquecem o mundo real para escrever aquilo que gostariam que acontecesse…}} sobre a sucessão presidencial em terras andinas.

{{Crédito da foto: BrianMKA }}

 

À época estava em voga ainda a tese do poste. A imprensa, como se sabe, não é das mais criativas. Havia sido criado, fazia pouco tempo, a tese de que a Dilma era um poste de Lula. Como se a Dilma não tivesse comando, nem influência, nem inteligência política nem nada {{hoje ela não apenas tem tudo isso, como odeia Lula}}.  Aproveitou-se, portanto, para exportar a tese até nossos amigos argentinos.



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Diante da total falta de memória do nobre leitor e da esquecida leitora, proponho aqui uma breve retrospectiva…

{{não acredite em mim toponão acredite em mim }}

Desta última manchete eu gosto particularmente da seguinte frase:

“O cenário não é muito favorável à Cristina Kirchner. Há uma mobilização de tendências dentro do próprio partido do governo, mas é difícil construir um cenário com precisão”, explica o professor Paulo Edgar Almeida Resende, coordenador do Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional da PUC São Paulo.

Mas, claro, o Estadão não foi o único a fazer esse tipo de análise séria. O portal Uol foi na onda…

{{não acredite em mim topo – não acredite em mim}}

Da primeira manchete eu destaco o seguinte parágrafo, especialmente genial:

“A morte dele vai afetar dramaticamente o governo de Cristina e o partido. Não há nome forte para substitui-lo, ele era o candidato. Agora deve haver uma disputa interna, o que abre espaço para a oposição”

Da segunda eu gostei do seguinte:

A morte de Kirchner tira de cena o principal ícone do peronismo. Sem uma liderança clara, e com uma oposição fortalecida e mais bem organizada, o partido será colocado em xeque nas eleições do ano que vem.

São particularmente iluminadas as análises. Veja que não há espaço para dúvidas… o partido será colocado em xeque; abre espaço para a oposição, etc.

É claro que a nossa querida Miriam Leitão não poderia ficar para trás, certo? Pois ela, corajosa que só, decretou:

Assim, dividida, fragmentada, em delicado momento político, a Argentina perde o ex-presidente que a tirou da última e devastadora crise de 2001/2002. Sem ele, acaba o Kirchnerismo.

{{não acredite em mim}}

Mas, seu Caipira, porque raios essa retrospectiva? Ora, amiguinhos, porque hoje eu estava a ler um pouquinho da imprenÇa e lá estava:

Cristina Kirchner tem mais de 50% dos votos nas primárias

A presidente Cristina Kirchner obteve no domingo um forte apoio ao obter mais da metade dos votos nas eleições primárias da Argentina, uma etapa crucial das eleições presidenciais de 23 de outubro.

{{não acredite em mim}}

Eu não farei como os ditosos analistas, porque decretar o fim da Miriam Leitão e dos analistas da mídia seria dizer o que eu quero, não o real. Mas que era bom a turminha acordar para o mundo, isso era.

E antes que alguns de nós resolva acabar de vez com a imprenÇa, é bom ressaltar que ela ainda guarda muita relevância. Tamanha que chega a influenciar alguns aspectos da sociedade. Age, por vezes, como um partido político claro e transparente {{ou nem tanto}}. Tem seu lado bastante claro e o defende sempre que pode.

Mas como Idelber Avelar trouxe em seu blog {{é um destaque do jornal Página 12}}:

ficou mais uma vez provado que os grandes meios de comunicação influem igualmente ou mais que um partido político ou um grupo econômico tradicional, mas não determinam um resultado. Já havía ocorrido a mesma coisa nas eleições de Brasil, Peru, Bolívia e Uruguai.

{{não acredite em mim – original}}

Devemos ter claro em nossas análises que a mídia ainda guarda alguma importância. Basta perguntar ao Palocci, se restar dúvidas. Mas quando acharem que ela tem importância demais, basta ver a história recente no Brasil ou na Argentina.  O importante é não cometer os mesmos erros. Analisemos apenas o mundo real.

Aquilo que gostaríamos, deixamos para as conversas de boteco. Ou como diria Noel Rosa:

Tu tens tanta falsidade
Já vendeste tanta gente
Que eu creio ser verdade
Que Judas já foi teu parente

Abusaste do meu nome
Deste sempre cola errada
Mas tu vais morrer de fome
Com tua conversa fiada

 

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