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E vamos nós, mais uma vez falar do tal politicamente incorreto. É que algumas pessoas por desvio de caráter de seus progenitores acham que o humor politicamente incorreto nasceu com a palhaçada fascistoide {{no máximo, porque o fascismo tem um mínimo de QI}} dos responsáveis pela alavancada do gênero Stand Up Comedy no Brasil {{sim, é preciso dar a eles esse mérito}}.

{{Crédito da foto: {link url="http://www.flickr.com/photos/elycefeliz/4973439553/sizes/l/in/photostream/" target="_blank"} elycefeliz {/link} }}

Ninguém tem a menor dúvida {{assim espero}} que humor do bem é coisa do diabo {{yeap, fiz uma piada, conforme-se}} e nem mesmo ele ri de piadas bonitinhas. Há, portanto, um desejo quase permanente de um politicamente incorreto quando o assunto é humor.

Certo. Mas isso não é o mesmo que dizer que mulheres feias quando estupradas deviam agradecer. Isso não é piada, é agressão, estupidez.



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Aristófanes, dramaturgo {{manja aqueles tiozinhos que escrevem coisas de teatro, então…}} de inúmeras comédias {{das quais conhecemos bem pouquinho}}, viveu entre 447 a. C. e 385 a. C. escreveu entre tantas peças teatrais uma chamada “As nuvens”.

Em “As nuvens” o dramaturgo grego simplesmente trata Sócrates {{o sofista, não o jogador}} como um sujeito digamos… Problemático. Sócrates passa de inteligente a pateta, fazendo conclusões óbvias e ridículas. Não é exatamente politicamente correto escrever uma peça nomeando um sujeito famoso e tirando sarro da cara dele. Mas Aristófanes tinha um propósito: criticar os sofistas. Para isso ele pega um exemplo famoso e o achincalha, atacando não sua honra mas sua posição como letrado {{Nem me venham com pentelhações do tipo ‘ele não escrevia’, é uma expressão, apena}}.

Em “As rãs” o dramaturgo tira um sarro da submissão feminina. Em “Lisístrata” as mulheres fazem greve de sexo para acabar com a guerra de seus maridos.

Mas não precisamos voltar tanto no tempo. Um pouco adiante, em Roma, temos outros tantos exemplos. Plauto pode ser um deles. Plauto escreveu uma comédia chamada “Aululária”. Estamos adiante no tempo, um pouco, entre 194 e 191 a. C. Na “Aululária” o protagonista é um velho herdeiro de um baú cheio de ouro. A cena mais famosa da peça é uma na qual o velho avarento confunde a filha com o baú em uma negociação. E dá maior importância ao baú.

Também não é o melhor exemplo de politicamente correto. A peça foi copiada {{não exatamente, pesquise mímese no Google}} por Moliére e aqui em terras brasilis por nada menos que Ariano Suassuna {{O Santo e a Porca}}. Nenhum deles é fã do politicamente correto. Nenhum deles criticou uma mulher por ela ter dado de mamar em público.

Moliére

Moliére foi tão politicamente correto que foi enterrado em um cemitério para crianças não batizadas, a mando da igreja. E não consta que ele tenha feito elogios a estupradores.

Andando bastante no tempo temos no Brasil um outro exemplo de politicamente incorreto, na TV Pirata:

Ou então podemos passar ao Mussum:

A diferença é bastante óbvia, mas eu desenho: A TV Pirata e Os Trapalhões estão usando o humor para criticar aspectos da sociedade, no caso o racismo. Que críticas à sociedade está contida na afirmação “comeria ela e o bebê” ? Nenhuma.

E para quem acha que é possível fazer graça pela graça, sem criticar nada, eu apenas concordo. E demonstro com Jim Carrey {{não achei legendado, desculpe}}:

Note que em 1 minuto e 40 segundos Jim Carrey diz que fará a imitação de um sujeito. A plateia faz um sonoro “aaah” como quem diz  ‘está pegando pesado’, Jim apenas responde: “ele ia querer que eu fizesse”. Em seguida ele o imita e a plateia ri, animada. Não houve agressão, apenas piada. Não houve críticas a nenhum aspecto da sociedade e é engraçado sem ofender ou ser politicamente correto.

É também o exemplo de Jim Gaffigan, que faz um show de Stand Up tirando sarro da igreja católica e seus seguidores:

A grande questão, já diria Bakhtin, é que ele se coloca na piada além de generalizar o riso com ‘a igreja católica’ ou ‘os católicos’. E quando nomeia alguém é a figura do Papa, também servindo de crítica ao cargo e não a honra.

Goste do que quiser, ria do que achar melhor, mas não me venha com esse papinho de “Politicamento Correto tirou o Rafinha Bastos do ar”, porque pode ser ruim para sua imagem.

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