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*Por Fernanda Estima

Livres & Iguais foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013. Trata-se de campanha mundial com o objetivo de promover direitos iguais e tratamento justo para pessoas LGBTI. A ação pretende envolver governos, organizações da sociedade civil, empresas e também líderes religiosos no debate da inclusão e da não discriminação.

A ONU explica bem o motivo de sua campanha: “mais de um terço dos países do mundo criminalizam relações consensuais amorosas entre pessoas do mesmo sexo, recrudescendo o preconceito e colocando milhões de pessoas em risco de serem chantageadas, detidas e privadas de liberdade. Muitos países forçam pessoas trans a submeterem-se a tratamentos médicos e esterilizações, ou a preencher pré-requisitos onerosos para que possam obter o reconhecimento legal de sua identidade de gênero. Crianças intersexo são frequentemente submetidas a cirurgias desnecessárias, causando dor e sofrimento físicos e psicológicos. Em muitos casos, a falta de proteção jurídica adequada, ao lado de atitudes públicas hostis leva à discriminação generalizada contra lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, travestis e intersexo – incluindo trabalhadores e trabalhadoras que são demitidas de seus postos, estudantes que sofrem bullying e são expulsos de escolas, e pacientes que têm o acesso a cuidados de saúde básicos negado”.

O evento da ONU Brasil que lançou os Padrões de Conduta para Empresas aconteceu na noite de terça-feira, 26 de junho, em São Paulo, e teve a jovem cantora Liniker fazendo a apresentação e rodas de conversa sobre o mundo corporativo e suas ações pela inclusão. Empresas como Uber, Natura ou o Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais apresentaram seus “cases”: formação e treinamento, o engajamento das empresas, programas específicos de contratação de profissionais LGBTI, alegando que estão motivados pelo fato de que “atrás de uma marca estão as pessoas que nela trabalham”.



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{{São Paulo 26 de Junho de 2018 – Evento da ONU Brasil no Lançamento de Padrões de Conduta para Empresas . Foto Paulo Pinto/FotosPublicas}}

Coube a Liniker, que se reconhece e se apresenta como uma jovem cantora trans do interior de São Paulo, apresentar dados ainda vergonhosos do Brasil, um país líder no extermínio de pessoas trans. Ao falar sobre os números e sua presença naquele palco, lembrou que no mundo musical a discriminação  também não deixou de existir.

O Brasil registrou um aumento de 30% nos homicídios de LGBTs em 2017 em relação ao ano anterior, passando de 343 para 445. A cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da “LGBTfobia”, o que faz do Brasil o campeão mundial desse tipo de crime.

E do ponto de vista do mundo do trabalho a situação é de morte também: poucos incluídos no mercado, alto índice de desemprego ou subempregos, escolaridade prejudicada porque no ambiente escolar a discriminação e perseguição são uma triste realidade, preconceito, perseguição e falta de oportunidades.

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{{São Paulo 26 de Junho de 2018 – Evento da ONU Brasil no Lançamento de Padrões de Conduta para Empresas . Foto Paulo Pinto/FotosPublicas}}

Mas o mundo corporativo, que é ágil na avaliação de estratégias e formas de gerar mais lucro, corre atrás da inclusão. Ao que parece, e segundo relatos apresentados pelas empresas presentes, os primeiros debates sobre o tema são relacionados a temas bem menores: o uso dos banheiros, considerado o “problema” mais difícil de solucionar é um deles.

A inclusão no local de trabalho, segundo os Padrões de Conduta para Empresas no Brasil, implica em garantir que “não há discriminação no recrutamento, na contratação, nas condições de trabalho, nos benefícios, no respeito à privacidade ou no tratamento de situações de assédio”. Ao que parece, só o fato de o mundo dos business voltarem sua atenção para este debate já é um avanço, mesmo que do ponto de vista deles o que importe seja lucrar com a inclusão.

ImprenÇa foi convidado pelo site Fotos Públicas, portal de imagens que apoia as ações da ONU pela inclusão LGBTI, para participar do evento.

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