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Nem só de Parada do Orgulho Gay viveu o movimento LGBTT neste final de semana. No sábado, um dia antes da XX Parada do Orgulho LGBTT, ocorreu no Centro de Convivência Florescer um sarau envolvendo travestis, trans, lésbicas e, claro, a família brasileira.

Ocorreu no último sábado, 28 de maio, um festival de cultura promovido pelo coletivo “Sarau é da Hora” no Centro de Convivência Florescer, na zona norte de São Paulo. O centro é uma espécie de albergue para travestis e transexuais e disponibiliza aulas de Ballet e até Francês para as abrigadas.

{{Placa indicando o banheiro no Centro Florescer - Foto: Victor Amatucci}}

{{Placa indicando o banheiro no Centro Florescer – Foto: Victor Amatucci}}

Daniel Moraes, psicólogo do Centro de Acolhida – que abriu a 2 meses e meio – explica o que é o Centro Florescer. “Aqui é um centro de acolhida para mulheres, trans e travestis. Aqui a gente tenta reinserir as meninas na sociedade, então a gente faz parcerias na rede. Nós trabalhamos com diversos blocos temáticos, como pedagógico e de artes”.

Ele conta que no centro as meninas – como carinhosamente ele chama as travestis, transexuais e mulheres do centro – recebem aulas de Ballet e Francês, mas que estão previstas também aulas de inglês.



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Entre as apresentações do festival, Agathá D’Oliveira cantou uma pequena música e declamou um poema que vale a pena ser visto:

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A Cidade de São Paulo conta, segundo o último censo da população de rua feito em 2015, com 15905 pessoas situação de rua. Destas, 46% não passam por nenhum tipo de acolhimento {{não acredite em mim – Censo da População de Rua, Prefeitura de São Paulo, 2015 – PDF}}.

Para se ter uma ideia, a evolução da população em situação de rua na cidade de São Paulo, mostra que enquanto a população de rua cresceu 82,6%, a população de rua que não foi acolhida no mesmo período subiu 132%. Quase o dobro, portanto.

E, para o desespero dos que gostam de coisas simplificadas, o mesmo censo mostra que mesmo entre as pessoas em situação de rua {{acolhidas ou não}}, a população LGBTT é mais vulnerabilizada que as demais. Enquanto 30% dos heteros em situação de rua foram barrados em lugares ou instituições públicas; os LGBTT foram 46%.

Enquanto 3% dos heteros pesquisados sofreram algum tipo de abuso ou violência sexual, incríveis 25% das pessoas em situação de rua LGBTT sofreram. Isso é o mesmo que afirmar que 1 em cada 4 pessoas LGBTT em situação de rua passaram ou passam ainda por situações de abuso e/ou violência sexual.

Daí a importância de programas como o Transcidadania e o Centro de Acolhida Florescer {{e vale dizer que 60% das atendidas são do Transcidadania, o que demonstra um aspecto importante do projeto, que é o de circundar diversos aspectos da vulnerabilidade das atendidas}}.

“Essa é a verdade. Todos os dias que eu piso aqui para lutar e guerrear por nossos direitos, eu lembro de tantas Raíssas, Grazis, Samantas, Lauras. Que foram mortas, torturadas, arrastadas no asfalto.” – Agathá D’Oliveira

{{Agathá D'Oliveira - Foto: Victor Amatucci / ImprenÇa}}

{{Agathá D’Oliveira – Foto: Victor Amatucci / ImprenÇa}}

Além de Agathá D’Oliveira, a dupla Rap Plus Size também se apresentou no festival. São duas mulheres, Issa Paz e Sara Donato. As duas começaram a cantar rap ainda adolescentes. “É um trampo relacionado com a nossa mensagem mesmo, que fala de machismo, homofobia, gordofobia, transfobia, racismo” comenta Issa, que já avisa que em breve o CD da dupla estará disponível.

2016-plus-size

Marina, uma das acolhidas pelo Centro Florescer, conduziu uma entrevista com diversos participantes do Festival. “É preciso quebrar o estigma que a sociedade põe sobre nós”, afirma ela.

Parada Gay

Estiveram presentes no evento, Nabil Bonduki {{ex-secretário de cultura da cidade de São Paulo}}, Alessandro Melchior {{Coordenação de Políticas para LGBT no município de São Paulo}} e Felipe de Paula, atual secretário de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo.

“Este Centro de Acolhida aqui, é um equipamento da assistência social, mas que tem todo o apoio da secretária de Direitos Humanos. Ele é novo, tem aproximadamente 3 meses. Ele surge da observação de que essa população tem muita dificuldade de acolhimento nos outros espaços {{onde a maior parte dos acolhidos não são trans e/ou travestis}}. Então se percebeu que um espaço próprio para esse público seria um bom avanço para que esta população tivesse seus direitos minimamente respeitados”, diz o secretário.

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