Já reparou que, em muitos casos, você lê a mesma notícia de formas bem diferentes? Claro que sim. Mas já percebeu que nem sempre o texto é significativamente diferente entre uma e outra notícia? A simples escolha de uma ou duas palavras altera a forma como a notícia será recebida pelo leitor / ouvinte / telespectador.
Repare nesta manchete , agora, leia esta . Percebeu a sutileza?
O fato:
Lula foi acusado (ao final de 2006) de receber doações ilícitas para campanha. Kassab recebeu a mesma acusação, incluindo na semelhança algumas empresas que doaram tanto para um como para outro.
Lula teria recebido doação semelhante às recebidas por Kassab
Repare que na manchete do portal Terra (citada acima) o leitor tem a impressão de que a acusação é nova, recente.
Ao ler, no entanto, a outra manchete, fica claro que as acusações já foram julgadas improcedentes:
TSE absolveu Lula de acusações feitas contra Kassab
Outro ponto que salta aos olhos é a ‘incrível semelhança’ entre as empresas que fizeram as doações… O que só comprova a minha tese de que a legislação está para lá de ultrapassada.
Agora peguemos ainda outra notícia (por ‘sorte’ não há muita criatividade ao escolherem as notícias publicadas, de modo que fica fácil a comparação).
Veja esta manchete, depois leia esta. Difícil concluir se Chávez (não é aquele do barril) e Uribe discutiram, se são amigos, se discutiram mas selaram a paz, etc.
A primeira manchete dá impressão de que ambos discutiram e ponto final:
Chávez e Uribe discutem durante cúpula do Grupo do Rio
Já a segunda tem um ‘pormenor’ sua chamada inicial era:
Após briga, Chávez e Uribe aceitam formar “grupo de países amigos”
Ao clicar na matéria, porém, você lê a seguinte manchete:
Após discussão, Uribe e Chávez querem superar diferenças
A chamada dá a impressão de que ambos foram jantar juntos (quem sabe em Aca Los Tacos
ali na 5th Ave. at Constituyentes… ). A manchete da notícia mesmo (a última que citei) dá um tom mais sóbrio para a questão.
Se você não sabe fique sabendo que a grande maioria das pessoas não lê (refere-se a maioria, razão pela qual fica no singular!) as notícias por completo, quando passam das manchetes. Não raras vezes não passam mesmo das manchetes e isso dá o tom da importância da escolha das palavras…