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Você já se irritou com uma moto no trânsito. Uma moto já se irritou com você no trânsito. Muito provavelmente você já passou ao lado de um acidente com um motoboy no trânsito. E de vez em quando ainda se pergunta porque é que esses malucos não somem de vez…

Você tem todo o direito de não saber. Mas existem cerca de 652.733 motos registradas na cidade de São Paulo [dados do DENATRAN]. Cerca, porque os dados são de Dezembro de 2009.
Para que você tenha uma noção ainda maior, a frota de carros da cidade [segundo os mesmos dados] 4.475.032 de carros, sendo a frota total 6140189 veículos.
Isso significa que mais de 10% da frota total de veículos da cidade são motos. Ou seja, a cada 100 veículos, há uma moto. Ou ainda, 90% da frota de veículos NÃO SÃO motos.

Ainda parece muito?

O grande problema, na realidade, não é a quantidade de motocicletas rodando pela cidade. Mas o modo como estas motocicletas andam pela cidade.
Houve um tempo em que era proibido, às motocicletas, circularem entre as faixas dos carros. Elas deviam ser civilizadas, andar como todos nós.
Acontece que a demanda por velocidade aumentou nas grandes cidades. Não dava mais para um executivo sair do escritório para levar um documento para seu sócio, do outro lado da cidade, assinar. Era preciso agilidade. 

Assim, FHC permitiu que as motos andassem entre as faixas [não acredite em mim]



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Assim surgiram os Motoboys. O emprego mais mal-tratado pela boca pequena. Com toda certeza você já viu ou soube de alguém que perdeu o espelho retrovisor pelos pés de um deles. Ou pela moto.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=NBQXLNM-tnM]

O grande problema, na opinião deste estúpido Caipira, é a remuneração. E o sindicato que deveria lutar por ela.

Há uma luta acontecendo no momento (e que faço questão de não explicar demais porque picuínha é pra a Caras) entre o Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas [link] e o Sindicato dos Mensageiros [link].

Ambos brigam ‘pela posse’ dos Motoboys. Enquanto isso, o piso salarial da profissão permanece em

MOTO – FRETE R$ 700,70 ou R$. 3,19 P/HORA 

Imagine comigo que um Motoboy trabalhe 8 horas por dia teríamos R$765,60 por mês. Acontece que a convenção trás o seguinte artigo:

 

§ 1º – O Piso salarial é considerado como uma referência, podendo, no entanto ser fixado para empresas de moto-frete em valores inferiores ao contido no Caput desta cláusula, desde que seja respeitado o valor mínimo de R$ 392,00 (trezentos e noventa e dois reais)

Ou seja, ignore os R$700  e fique com o valor de R$392,00 (abaixo do salário mínimo). Para compensar as empresas acabam dando uma comissão por entrega de frete.

O que significa que enquanto o Motoboy não se matar, ele tentará fazer o maior número de entregas possíveis no período em que a empresa estiver funcionando.

Portanto, ele passará entre seu carro e o ônibus, entre o ônibus e o caminhão e onde mais tiver que andar.

Em tempo: Em São Paulo são cerca de 25 acidentes graves por dia. Só nas motos. [não acredite em mim]

 

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