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“Na semana passada, uma forte crise nostálgica atingiu a família Frias. Podia ser saudade dos anos 80, época em que a Folha de S. Paulo era chamado de “jornal das Diretas” e tido como um legítimo aliado das lutas democráticas. Mas não. A Folha sentiu saudade foi dos bons e velhos anos 70. E não era vontade de usar costeletas, vestir calças boca-de-sino e dançar Staying Alive. Era a saudade da rigidez viril dos anos de ditadura, quando a Folha era uma Maria-caserna tão próxima dos generais que emprestava seus carros para as ações de tortura e morte de “inimigos do regime” praticadas pelos paramilitares da Operação Bandeirantes.
Em 30 de setembro, o jornal conseguiu uma liminar que obrigava os irmãos Lino e Mario Bocchini a tirar do ar o conteúdo da Falha de S. Paulo, um site de humor que tirava um barato do indisfarçável viés pró-tucano que aterrissou com mais força do que nunca na Barão de Limeira dos últimos tempos. Os dois foram obrigados a remover do ar todo o conteúdo do site, sob pena de pagar multa diária de R$ 1.000.
Segundo Lino, a empresa nem chegou a enviar uma notificação extrajudicial ou um pedido por e-mail: já foi logo apelando para o processo. Assim, a seco, sem KY nem piedade.”



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É chocante a hipocrisia da Folha. Se isso não é censura e um atentado inaceitável à liberdade de expressão, juro que não sabemos o que é. Chega a ser cômico: o mesmo jornal que faz dezenas de editoriais acusando o governo de censura e bradando indignado por ‘liberdade de expressão’ comete esse ato violento de censura — afirmava o site, no seu último comunicado. Que também teve de sair do ar, neste final de semana, porque ate o domínio falhadesaopaulo.com.br acabou congelado no Registro.br por conta da decisão judicial.

A Folha não teve a menor vergonha de apelar para a censura. A advogada do jornal, Taís Gasparian, alegou que a intenção não era censurar o site, mas impedir o uso indevido da marca Folha de S. Paulo. Para o Portal Imprensa, a advogada deu a entender que ainda foi boazinha, pois podia ter pedido multa diária de R$ 100 mil.

Taís Gasparian é a mesma advogada que defendeu o direito da Folha de S. Paulo de publicar fotos do Raí pelado no vestiário do São Paulo ou o direito do colunista José Simao de afirmar que Juliana Paes tinha a bunda grande e não era casta. Na época em que o Macaco Simão foi vítima de censura judicial por conta destas “afirmações polêmicas”, Dona Taís disse na própria Folha que a decisão do juiz tratava

“o humor como ilícito e, no fim das
contas, é a mesma coisa que censura”.

Entendeu? Olha só, Lino, Dona Taís já deixou pronta a linha de defesa que vocês podem usar. É só copiar as mesmas alegações que a Folha usou em casos semelhantes — quando era vítima, e não autora, de censura. A mesma Folha que transforma qualquer reclamação de Lula sobre a imprensa em ameaça à liberdade de expressão, mas se cala quando reclamações semelhantes, ou até piores, partem de José Serra.

Mas a Folha vai ter muito trabalho se quiser censurar a internet. Sem consultar os responsáveis pela Falha de S. Paulo, o Boteco Sujo recorreu ao cache do Google e encheu esse post de imagens do site censurado. O Mundo Cane, do mano Gio Mendes, vai fazer a mesma coisa. E um outro site já fez um espelho de todos os posts proibidos do Falha.

Você tem blog, Tumbrl, Orkut, Facebook, o escambau? Vai lá, faça a mesma coisa. Vamos nos apropriar indevidamente da Folha e denunciar o “jornal das Diretas” que virou censor. Dona Taís vai ter muito trabalho para conseguir censurar a todos.

Censura pode vir de onde menos se espera. Por isso, todo cuidado é pouco. A dita é branda? É, mas trisca pra ver se não fica dura.

Postagem extraída e replicada sem autorização do(s) autores(s) do boteco sujo.

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