Boatos dão conta de que Dilma seria a favor do aborto e comunidade evangélica faz campanha contra a petista. Serra, em tese, também é contra o aborto. Fato é que, na prática, tanto faz.
Cansei de esperar por uma luz ao final do túnel. Cansei, sinceramente, de ver argumentos bestas soltos por aí. Discuto política quase todo dia {{no mundo real, no virtual é mais de 1 vez por dia}}e até hoje a maior parte dos argumentos se esvaem como as penas do travesseiro daquela história sobre a fofoca. Não lembra? É rapidinho e vale a pena:
http://www.youtube.com/watch?v=4_tGItwuzBE?hl=en
Quando você realmente gosta de política, quando procura entender os motivos de um e outro partido político, você para de acreditar em qualquer CQC que lhe apareça. Pode até achar engraçadinho, mas sabe que não é verdade que todo político é corrupto. Sabe que existem diferenças claras entre PT e PSDB {{já que estamos no segundo turno}}.
A dúvida pode ser uma ligação tão poderosa e sustentável quanto a certeza
Eu aprendi, como coroinha, que nenhuma mulher faz aborto porque quer. Vou desenhar: “as mulheres fazem aborto porque precisam e não porque acham bacana ou porque encaram como método anticoncepcional”.
Isso quer dizer que, na prática, as mulheres ricas {{classe média, etc.}} fazem aborto com o dinheiro do papai ou do trabalho em clínicas particulares, limpinhas e “mais ou menos seguras”. As mulheres pobres, por sua vez, fazem em casa, com agulhas, remédios inapropriados e outros métodos que você não quer saber.
Porque eu estou dizendo isso? Para deixar claro para meus leitores {{vulgo você}} que considero uma questão de saúde pública o Estado permitir que se faça aborto. Coisa bem diferente de incentivar que se faça. Como eu trabalhei anos e anos na área de saúde preventiva, posso dar outro dado a você, coisa bem simples, mas que dificilmente pensamos: a única estatística a respeito de aborto no Brasil falam dos casos em que houve complicações para a gestante.
Muita gente morre porque não tinha dinheiro para realizar o procedimento. Este é o fato. Mas a questão simplesmente não é essa.
A questão é que o tema “aborto” não deveria ser discutido em campanha presidencial. Por quê? Ora, cambada, porque não é o presidente quem decide se o aborto será legalizado ou não. É o poder Legislativo. Sacou?
Enquanto a discussão se pautar no nível TFP de campanha {{não acredite em mim}}
Perdemos todos. Não adianta criar fatos, rebater boatos, vamos aprender com a lição do padre do vídeo. Vamos em frente que atrás tem muita gente.
Vamos discutir como José Erra vai viabilizar salário mínimo de R$600,00. Vamos nos perguntar porque é que há tanta coisa inacabada no PAC e a Dilma está apresentando o PAC 2. Vamos nos perguntar se o modelo educacional correto é a aprovação automática {{tanto exaltada pelo Geraldo Alckmin}} ou se é o modelo tradicional. Vamos nos perguntar se há um terceiro modelo entre o tradicional e o vigente em São Paulo.
Não dá para ir atrás dos votos a qualquer custo. Não dá para entrar em picuinhas, não dá para aceitar “voto na Dilma porque o Lula mandou”, “voto no Erra porque o PT não é ético”. Simplesmente não dá. Eu não vou rebaixar o nível do blog e da discussão em quem é incapaz de defender seu próprio candidato.
Ou candidata. Descobri ontem, durante uma aula de literatura brasileira {{cujo assunto era o Emilie Zola}} que tenho o mesmo defeito que o Zola tinha {{pelo menos foi o que a ImprenÇa disse a ele}}:
“Você tem um grave defeito, Zola. Um defeito que vai lhe fechar muitas portas: Você é incapaz de conversar 2 minutos com um imbecil sem mostrar a ele que, de fato, ele é um imbecil.”
Seja virtualmente, seja ao vivo. Converse, discuta, reaja! Seja a favor do Erra com veemência ou a favor da Dilma com fervor. Mas acredite em mim quando eu falo:
ARGUMENTOS, POR FAVOR