Polvilhos e Polvilhas, venho hoje apresentar uma discussão que aparenta ser simples, mas não é. O tal do limite do humor. Tem limite?! Vejamos:
“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho.” O humorista Rafinha Bastos está no palco de seu clube de comédia, na região central de São Paulo(…)”Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade.” Até ali, o público já tinha gargalhado e aplaudido trechos que falavam sobre como cumprimentar gente que não tem os braços, o que dizer para uma mulher virgem com câncer, e por que, depois que teve um filho, Rafinha passou a defender o aborto. (…)”Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço.” Em vez de rir, uma mulher cochicha para alguém ao lado: “Que horror”.
{{Crédito da foto: Luiz Felipe “L8” Leite – não acredite em mim}}
Tem muito racismo rolando no mundo…Quem é mais racista: brancos ou negros? Negros! Sabem por quê? Porque nós odiamos pretos também!(…) Há uma guerra civil rolando hoje em dia: nós temos de um lado os negros e do outro os pretos. (…) Eu adoro negros mas odeio pretos… Eu queria que me deixassem entrar na Ku Klux Klan…
As nuvens podem ser consideradas não só do mundo “primeiras idéias existentes” comédia de MAS TAMBÉM um brilhante e exemplo de sucesso desse gênero. O jogo ganhou notoriedade por sua caricatura do filósofo Sócrates , desde a sua menção em Platão é Apologia como um fator contribuinte para o velho homem de teste e execução.
“Eu tenho uma grande arte. Eu firo duramente aqueles que me ferem.”
A comédia é, como já dissemos, imitação de maus costumes, mas não de todos os vícios; ela só imita aquela parte do ignominioso que é o ridículo.2. O ridículo reside num defeito ou numa tara que não apresenta caráter doloroso ou corruptor. Tal é, por exemplo, o caso da máscara cômica feia e disforme, que não é causa de sofrimento.
{{não acredite em mim – Poética, Aristóteles}}
Só é engraçado quando está todo mundo rindo. Quando um está chorando e os outros rindo não é brincadeira, é humilhação.
Taí porque eu nunca gostei do Chris Rock. Se outros acham graça nas piadinhas dele, po, vai lá. EU não acho graça. Acho ofensivo, extremamente ofensivo. Cara, o Rafinha é um moleque perto desse imbecil. Chris Rock realmente acredita que só por ser preto dá-lhe o direito a arrotar esse monte de besteiras. Porra, entrar pra KKK??? Que tipo de piada é essa?! Mas isso é MINHA opinião. Por isso não vou num show dum babaca desses, não mesmo. Acho que o Rafinha exagerou nessa, mas ele não é de todo ruim. Não sou contra o politicamente INcorreto, sou contra o Chris Rock. Acho que o exemplo foi infeliz.
{{Bill, eu acho que as piadas do Chris Rock fazem uma crítica exatamente àqueles que são preconceituosos e usam os argumentos que ele está usando no vídeo… acho uma crítica boa… o Rafinha, por outro lado, acho que quer aparecer, não tem crítica nenhuma no que ele diz…}}
“Acho que podemos partir daí. Não precisa ser chato, nem politicamente correto. Basta não fazer ninguém sofrer.”
Melhor contarmos apenas piadas de português, então…
OH, WAIT…
Concordo com o que você escreveu. Só faço uma observação: cadê os créditos?
Por exemplo, o primeiro “balão”, antes da foto do Rafinha Bastos, é cópia de um trecho do perfil do humorista, feito pela Rolling Stone deste mês.
{{experimenta clicar onde está escrito “não acredite em mim” pra ver no que dá…}}
Excelente! Enquanto eu acompanhava a linha de raciocínio traçada, pensava: “onde será que ele vai chegar?”. Porque eu, conhecida na adolescência como “Madre Ana – defensora dos pobres e oprimidos” (rs), adoro fazer graça e rir com humor inteligente, mas me incomodo profundamente quando as pessoas se divertem às custas do sofrimento alheio. Você foi sagaz nessa definição do limite entre brincadeira e humilhação (ou melhor, sua mãe foi).
No meu caso, por exemplo, que sofro com uma doença grave, consigo me divertir com muitas brincadeiras a respeito dela. Mas quando vejo piadas como a do filme A Feiticeira (falo sobre isso aqui), que buscam fazer rir reforçando preconceitos, não consigo classificar como humor.
Até concordo que os negros tenham mais legitimidade para fazer piadas sobre negros, o que não quer dizer que devam fazê-lo. Uma pessoa muito querida me dizia que o importante não é o que se fala, mas o que se sente quando se fala. Discordo disso totalmente. Porque se você faz uma piada racista ou homofóbica, por exemplo, mesmo sem sentir realmente em seu íntimo o que dizem aquelas palavras, você reforça um preconceito real existente. Aquilo pode não ser verdadeiro para você, mas cairá no ouvido de quem respalda a ideia. E a reforçará. Preconceito leva a sofrimento e deve ser combatido mesmo em suas manifestações mais “inocentes”.
Parabéns pelo texto!
Um abraço,
Ana Flor
Ps: Faço muita piada com loiras.
Ps2: Por trabalhar com wiki, toda vez que leio o seu {{não acredite em mim}}, enxergo uma pré-definição ainda não criada, ou seja, como se houvesse um erro no texto (vários, na verdade, já que você referencia muito bem o que escreve). Acho que aos poucos me acostumo com isso, mas, por enquanto, meus olhos ainda estranham. Não é uma crítica; só uma curiosidade.
{{Hehehe eu nunca trabalhei com a Wiki… o máximo que faço é ler em inglês e mandar o Chrome traduzir, aí copio e colo e o resultado sai essas citações mal feitas, já que nunca confiro… rsrs…
Obrigado pelo comentário…
Quanto ao Chris Rock, acho que ele faz uma crítica ao racismo velado, já que muitas vezes o branco justifica o racismo dizendo ‘tem negro quê’… mas eu vi o show todo no youtube, talvez a separação do vídeo deixe uma versão errada…}}
Me diga uma só piada que não faça alguém ou algum grupo sofrer, que concordarei inteiramente com o texto.
{{Uai, posso citar alguns… Andy Kauffman é um deles, o Chris Rock é outro… Tem tanto humor que não faz ninguém sofrer…
Quando você faz uma piada com um presidente da república, por exemplo, por mais agressiva que seja, ela será sempre uma crítica a uma figura pública, “ao sistema”, dê o nome que quiser…
Agora quando você agride alguém que foi estuprada, qual a lógica? Qual a serventia? Fazer rir?! }}
Adorei o texto. Na verdade, eu não acho que esse limite seja tão difícil de encontrar, se você sabe se colocar no lugar dos outros tudo fica mais fácil.
O Chris Rock faz piadas de negros para uma platéia cheia de negros, na verdade, ele tabém está usando o humor para contestar o preconceito. Agora imaginem o Rafinha Bastos fazendo a piada do estupro para um monte de mulheres estupradas. Não é só o fato de a piada ofender um monte de gente, é uma realidade que não tem graça nenhuma, ele está simplesmente reproduzindo um pensamento machista que é real. Cadê a piada? Tanto no caso do estupro como da “Casa dos Autistas” faltou piada e faltou humor.
E os humoristas deviam sair da defensiva e reconhecer que às vezes extrapolam os limites. Nós não estamos em guerra, nós também queremos rir!
No meu ponto de vista esse texto está PERFEITO.
Eu acho o Rafinha Bastos uma pessoa Ímpar,
muito esperto, e inteligente, mas não tem cautela
ou cuidado com o que fala…
E assisti um DVD do rafinha ri de mais, mas depois
na reflexão (antes de dormir) me coloquei na pele das
pessoas que poderiam se doer com as piadas esse dia
muidei completamente minha concepção na arte de ser POLITICAMENTE INCORRETO
parabéns pelo texo… parabéns!