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Quem já passou pela USP sabe, ano ímpar é ano de greve. Os motivos nem sempre são banais, ao contrário. Na maior parte das vezes são mais do que justos.  Mas greve ano sim, ano não, tem efeito?

Eleições Diretas na USP?

{{Crédito da foto: marcosfoto8}}

A greve, como se sabe, é um artifício político. Utilizado como tática para barganhar algo. Quando feita em uma fábrica, no exemplo mais besta da história, o empregado barganha salários melhores em troca de alguns dias / semanas / meses de prejuízo do empregador.

Ou seja, pressupõe uma tentativa de diálogo anterior que falhou. Nem sempre é o caso da USP, em geral não é, diga-se.



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No caso específico de 2013 eu, sinceramente, desconheço se houve uma tentativa anterior ou não. Um funcionário me disse que não {{o que, convenhamos, não significa absolutamente nada, posto que 1 funcionário não representa ninguém}},  mas tanto faz.

Há casos, diga-se, onde a greve é justa e necessária. O blog mesmo já relatou uma vez.

O grande problema é justamente que tanto faz se houve uma tentativa de diálogo anterior neste caso. Porque as tantas greves {{sempre em ano ímpar, juro a você, tem greve na USP}} anteriores fizeram o ‘favor’ de desmerecer qualquer greve futura, diante da opinião pública {{que, no caso da USP, é o lucro do patrão daquele exemplo besta}}. O mesmo ocorre com as invasões de reitoria.

Isto posto, a discussão sobre eleições diretas para reitor na USP não são de hoje. São antigas, justas e válidas.

Para quem desconhece, hoje a USP ‘elege’ seu reitor / reitora da seguinte forma: Menos de 2 mil pessoas votam {{a maioria professores }} e elegem uma lista com 3 nomes que é encaminhada ao governador de São Paulo, que finalmente elege o reitor.

Depois de Maluff, na época da ditadura, quase todos os governadores respeitaram a decisão dos votos e elegeram o mais votado como reitor da universidade. Exceção feita, claro, a José Erra, que resolveu eleger não o mais votado, mas Gerondino Rodas.

Grande erro.

A ideia de José Erra era, claro, obter maior controle da universidade, especialmente próximo que estava das eleições presidenciais. O tiro saiu pela culatra. Ao eleger não o mais votado, o então governador colocou pólvora na antiga discussão sobre eleições diretas. Enquanto rolava a hipocrisia do governador elegendo o mais votado, a argumentação de autonomia universitária se tornava mais complexa, tratando de hipóteses e não realidade.

Rodas foi o responsável pela guerra que houve na faculdade de Letras em razão de três estudantes serem ‘presos’ em flagrante fumando maconha. Os estudantes revoltados {{e com razão}} reagiram, a PM utilizou do que faz normalmente, da força.

{{Que se registre que o ‘com razão’ acima refere-se à revolta dos estudantes, não ao ato de fumar maconha na universidade. É um erro político dar razão a um ser como o Rodas ou à PM, ainda que o uso da maconha na universidade mereça, de fato, uma discussão mais profunda. A título de curiosidade, em algumas universidades é possível fumar maconha. Em tantas outras universidades do mundo, não. Mas nenhuma faz uso da polícia para a retirada de quem faz o uso, este é o ponto}}

O uso da PM na universidade, defendido por Rodas já antes da eleição, coloca mais lenha na fogueira da autonomia universitária.

PM na USP

Pois que o movimento ganhou ainda mais força e no ano ímpar de 2013, adivinha… GREVE! Pois bem, daí que os alunos pedem algo essencial para a autonomia universitária, eleições diretas. Ou, como eu gosto de chamar, eleições semi-independentes de conchavos políticos do partido do governador de São Paulo {{seja qual for}}. Não parece assim, tão absurdo, querer que a faculdade siga um rumo acadêmico ao invés de um rumo político quando o assunto é a cadeira de reitor, parece?

Pra folha, parece.

Fetiche democrático

Processo de escolha do reitor da USP precisa ser aprimorado, mas eleições diretas não são solução para universidades pública

{{não acredite em mim – folha, Editorial. Clique em abrir na aba ‘anônima’ para ler sem pagar}}

O interessante título traz a palavra ‘fetiche’ que no português moderno significa {{EPA!}}:

fetiche

 

Curioso notar que para a folha a democracia seja um fetiche. Explica porque ela apoiou abertamente a ditadura {{não adianta negar, O Globo, naquele editorial, já dedou}}, inclusive emprestando automóveis para a polícia.

Mas, como os tempos são outros, cabe a discussão:

Não há dúvidas de que a eleição para reitor da USP é pouco representativa. São mais de 90 mil alunos matriculados, 17 mil funcionários e 6.000 docentes, mas menos de 2.000 pessoas, a maioria professores, participam da definição da lista tríplice a ser encaminhada para o governador do Estado.

{{não acredite em mim – folha, Editorial. Clique em abrir na aba ‘anônima’ para ler sem pagar}}

 

Até aí, de acordo.

Embora mais numerosos, alunos e servidores não constituem o núcleo produtivo da universidade. É de perguntar, portanto, se a academia teria a ganhar com a paridade entre os eleitores, ou se, como soa mais provável, sairiam vencedores os pleitos estudantis e funcionais –decerto legítimos, mas menos afeitos à finalidade da instituição.

{{não acredite em mim – folha, Editorial. Clique em abrir na aba ‘anônima’ para ler sem pagar}}

A folha, larápia que só ela, finge não saber a diferença entre eleições diretasparidade dos votos. Ela finge não saber, você que me lê, sabe. São coisas diferentes.

Antes de raciocinar em cima do que foi dito, tente esquecer o ranço ditatorial que cobre a frase “pleitos estudantis e funcionais”. O editor escreveu, na verdade: ‘pleitos comunistas comedores de criancinhas’. Mas o corretor automático deu aquela corrigida…

Eleições diretas é todo mundo votando para o reitor. E o reitor mais votado ganha a eleição. Isso não implica que os votos de alunos e professores tenham o mesmo peso.

Por exemplo, vamos supor que exista um modo de votos diretos terem pesos diferentes… Como já ocorre nas assembleias! Os votos dos alunos têm peso 25%, funcionários 25% e professores 50%.

Há outras fórmulas {{e não cabe aqui a discussão de qual é mais eficaz}}, pode-se considerar todos os estudantes como 1 voto, os funcionários 2 e o dos professores 3. Enfim, cada um que ache uma fórmula.

Mas que, por obséquio, não faça como a folha. Quando falar abobrinha, argumente sobre abobrinha.

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