O preço das passagens de ônibus estão congelados desde 2011, quando o então prefeito Aquassab aumentou a tarifa para R$3,00 e diminuiu os subsídios, num contrato que forçava o próximo prefeito a aumentar as tarifas no 1º ano de mandato.
A história que vem a seguir todo mundo conhece, Haddad segurou o aumento até junho de 2013, quando subiu para R$3,20, aumentando a tarifa abaixo da inflação do período todo. Daí vieram as manifestações, o incrível erro político do prefeito e, por fim, a redução da tarifa para os atuais R$3,00.
Fato é que, como está hoje, não há almoço grátis.
Até a sola do meu tênis sabe que as empresas de ônibus são financiadoras das campanhas eleitorais para prefeitura de São Paulo. E não é porque elas são velhas {{as solas}} que possuem sabedoria ampla, é porque não é escondido, mesmo. A Marco Polo, por exemplo doou 100 mil reais à campanha do prefeito, o que, aliás, é absolutamente legítimo, posto que a legislação em vigor não prevê financiamento público. E vou falar só do que é público, porque fofoca não tem comprovação…
Hoje a prefeitura paga R$1,6 Bilhão para as empresas de ônibus. É o subsídio que completa o preço da tarifa que o usuário {{bom termo, certo ?}} paga ao sistema, no caso de 3 reais.
A prefeitura possui, portanto, duas opções: Ou aumenta o preço final do usuário, reduzindo o subsídio e gerando mais receita para investir, por exemplo, em reestruturação de pontos e faixas de ônibus; ou aumenta o subsídio, reduz a verba para investimentos mas aumenta {{ ou mantém}} a renda do trabalhador.
É muito fácil falar aos quatro ventos: A prefeitura não pode aumentar e ponto final. Esta é, aliás, a retórica costumeira daquele grupo MPL, que perdeu totalmente o respeito desse blog já há algum tempo {{mas, enfim, cada um respeita quem quiser, certo?}}.
Mas vamos aos fatos: Haddad conseguiu uma boa e grande vitória ao renegociar as dívidas dos municípios com a União. Baixaram os juros, o que coloca a prefeitura com um pouco mais de poder para investimentos. Também conseguiu, recentemente, aprovar o aumento progressivo do IPTU {{melhor seria redução progressiva, maior parte dos distritos terá redução do IPTU, não aumento}} o que também ajuda a dar fôlego para sua gestão.
Por outro lado é fato que falta dinheiro em caixa, mesmo com estas vitórias. A escolha de Sofia é: manter a renda do trabalhador e não investir no sistema como deveria ou diminuir a renda do trabalhador {{aumentando o preço do ônibus para o usuário final}} e fazer investimentos que mudam não só o conforto como a eficiência do transporte coletivo municipal ?
Difícil ver como sair ganhando da disputa. Ainda mais pressionado por quem financia sua campanha, este é um ponto que não pode sair da equação.
Também é preciso lembrar que Haddad corajosamente abriu auditoria para checar os contratos das empresas o que, muito provavelmente resultará na mudança na forma de pagamento do subsídio. Hoje paga-se por passageiro {{o que incentiva o empresário a manter menos ônibus, já que recebe por passageiro melhor ter 1 ônibus lotado do que ter 3 com conforto}}, a ideia é que isso mude para pagamento por quilômetro rodado. Isso faria com que o empresário recebesse mais caso coloque 2 ônibus com 25 passageiros cada do que 1 ônibus com 50 passageiros.
Outro ponto seria a criação de uma empresa municipal de ônibus. Não se trata de estatizar o transporte municipal, antes que algum apressadinho conclua, mas de criar uma empresa que possa servir de contraponto às privadas, deixando claro à prefeitura como funciona o sistema e facilitando a negociação de novos contratos.
{{não acredite em mim – Rede Brasil Atual}}
A situação não é simples, mas precisa ser discutida.
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