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Chegamos ao final do 1º mês de mandato de João Dória Jr e, claro, nosso Semanal do Retrocesso chega à sua 4ª edição. Perdeu alguma? Não se preocupe, clique aqui e confira todas as edições.

Hoje: SUS, Grafitti e Pichação, velocidade das marginais, entre outras.

SUS e a distribuição de remédios

João Dória Jr resolveu fechar unidades de saúde, com a desculpa de que a distribuição de remédios passará às farmácias particulares:

{{não acredite em mim – Rede Brasil Atual}}



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{{não acredite em mim – Caros Amigos}}

 

Atualmente a rede de distribuição dos remédios pagos {{integralmente ou parcialmente}} pelo SUS – e não pelo usuário – é feita entre as farmácias do Sistema Único de Saúde e as farmácias particulares. Isso ocorre para facilitar o acesso da população aos remédios.

Acontece que o gestor da StartUp paulistana resolveu que não precisa mais de farmácias nas unidades do SUS. O programa, criado em 2004 pelo Lula, chama-se Farmácia Popular.

O fato de encerrar a distribuição de remédios em unidades próprias implicam em dois retrocessos, prioritariamente. O primeiro e mais óbvio, o acesso da periferia aos medicamentos. Uma vez que a rede particular não chega de forma satisfatória em territórios periféricos {{que muitas vezes contam com farmácias particulares de pequeno porte e, portanto, sem a parceria com o governo federal para a distribuição mais barata}}, a população que mais precisa dos remédios subsidiados provavelmente gastará mais para chegar até o seu ponto de venda – ou distribuição – fazendo com que um dos principais benefícios do programa se perca.

O outro é o fato de que os atendentes de farmácias particulares, sobretudo das maiores redes, também trabalham como vendedores. Muitos deles possuem metas de venda, o que implicará, em muitos casos, no cidadão comprando remédios e periféricos que não são necessários. Considerando que é um profissional lidando com a saúde e o comprador normalmente encontra-se mais vulnerável que numa loja de roupas, os prejuízos aos cidadãos podem ser muitos.

Além disso tudo, as farmácias particulares também fazem negócios com as grandes indústrias farmacêuticas, que pode fazer lobbie para que se vendam mais remédios de seus fabricantes parceiros do que os distribuídos pelo SUS.

Marginais e maquiagem de dados

Reparem na sequência das manchetes:

{{não acredite em mim – Estadão}}

{{Misteriosamente a manchete muda, ao clicar na notícia. Veja na URL a manchete original – não acredite em mim – G1}}

 

Não pegou bem, né? Daí o que fez o mágico prefeito? Oras bolas, fez mágica.

 

É o que eu sempre digo: se os números oficiais não são bacanudos, mudam-se os números. O importante, como apontou Eliane Brum num artigo que já virou um clássico doriano, é ser como Dória Gray.

Então são mais dois retrocessos na conta do Cosplay de Prefeito: o aumento no número de mortes com o ‘plus a mais’ da maquiagem nos dados. Afinal, besta é tu.

Remanejamento de dinheiro de habitação popular para pagamento de salários de professores

 

{{não acredite em mim – Estadão}}

 

Ao final de 2016, depois de uma greve dos professores municipais do município de São Paulo, o então prefeito Haddad, concedeu um “aumento” – sem entrar nos pormenores, a gestão alegava ser aumento e os professores alegavam ser reposição salarial de inflação e inclusão dos bônus nos salários.

Acontece que que a Câmara Municipal de São Paulo não incluiu, no orçamento municipal da cidade, o dinheiro para que se pagasse o acordo feito pela gestão Haddad.

Ei, mas é positivo pagar os professores, eles devem ser prioridade absoluta! Aí é que entra o probleminha de gestão, pequeno gafanhoto e pequena joaninha.

Primeiro:

{{não acredite em mim – Estadão}}

 

Depois que, ainda que todo professore mereça, de fato, “os aumentos”, tirar de habitação popular é um erro criminoso. Quando a Câmara aprovou o orçamento deste ano, ainda na gestão Haddad, Dória já dispunha de maioria e foi capaz de incluir seus desejos nas emendas dos vereadores.

Por exemplo:

{{não acredite em mim – Estadão}}

 

São 438 milhões remanejados. Só o aumento nas subs, feito a pedido de Dória, foram 177 milhões. Teve outros 65 milhões para obras e serviços feitos pelos vereadores, de novo, feito pela base de Dória no legislativo. Só nestas duas emendas temos 242 milhões de reais, que poderiam ser usados para o pagamento dos professores, ou seja, quase metade do que foi tirado dos corredores de ônibus e moradias populares.

E você pode seguir a conta, caso queira um resultado mais apurado…

O vereador Anibal de Freitas Filho {{PSDB}} teve 2,8 milhões em emendas aprovadas, entre elas a construção de um muro no Tremembé, que custará 600 mil reais. O vereador Adolfo Quintas, também do PSDB, teve cerca de 2,9 milhões de reais em emendas, referentes a “melhorias no bairro” {{isso sem considerar o aumento de 177 milhões para as subprefeituras, responsáveis diretas pelas melhorias dos bairros}} e reforma de vestiário no Clube da Comunidade no Jardim São Carlos, cujo custo passou de 200 mil reais. Já o vereador Andrea Matarazzo teve outros 2,9 milhões de reais em emendas. Enfim, é possível seguir, mas já está claro como não seria necessário cortar verbas de moradias populares, não fosse a falta de planejamento da gestão.

Guerra contra o pixo e o grafitti

 

Nós vimos no último semanal, como o prefeito-travestido-de-alguma-coisa mandou pintar simplesmente o maior mural de grafitti da América Latina. E você achou pouco? Pois bem.

{{não acredite em mim – Rede Brasil Atual}}

 

Não foi só este blog que considerou um retrocesso, a pintura da 23 de maio. O próprio secretário de cultura considerou que a avenida 23 de maio “ficou muito cinza” {{não acredite em mim – Estadão}}.

Mas isso ainda foi pouco. O gestor privatista, João Dória, ainda resolveu gastar mais dinheiro público.

{{não acredite em mim – catraca livre}}

{{Doria quis preservar a obra de Kobra. Os pichadores, até então longe desse mural, discordaram – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil}}

 

Ainda na mesma seara, o prefeito que afirma não ter nada contra o grafitti e considerá-lo arte, faz uma distinção bastante singular entre o Grafitti e o Pixo. Ambos são manifestações populares, mas como um parece mais agradável que o outro, parte da população faz um diferenciação entre as duas coisas. Não é o caso deste blog. Mas, como o assunto aqui é o retrocesso paulistano, seguimos com uma outra notícia no mesmo tema:

{{não acredite em mim – Estadão}}

 

Note que o projeto diz “vandalizando”. Ou seja, a distinção do que é grafitti e o que é pixo é basicamente nula, o que significa que grafiteiros e pixadores serão punidos da mesma forma. Para se ter uma ideia, uma das duplas mais famosas desta cena, “Os gêmeos” fizeram críticas ao ‘gestor’:

A notícia do estadão não chama a dupla de grafiteiros, eles são “artistas plásticos”, uma diferenciação tão higienista quanto a gestão Dória Jr.

Pelo novo projeto, a dupla poderia ser presa e ter que pagar multas de 5 mil reais, além de responderem criminalmente pelo atos. Isso apesar do que afirma o prefeito: “Gosto muito do (Eduardo) Kobra. Acho brilhante, competente, justifica o fato de ele ter internacionalizado suas obras. E os Gêmeos, que estão a maior parte do tempo nos Estados Unidos”. Gosta, mas vai mandar prender.

A outra parte da notícia é ainda mais absurda. Colocar os taxistas para denunciar os atos de pixo e / ou grafitti não apenas geram uma animosidade entre a cidade e os taxistas {{coisa que parece pouco mas não deve ser menosprezada considerando os ataques de taxistas aos motoristas do Uber}}, mas coloca em risco a vida dos passageiros que estiverem dentro do táxi.

Ou alguém acha que o taxista irá parar o veículo para ligar para a Guarda Civil Metropolitana e fazer a denúncia, enquanto o passageiro espera? Resta torcer para que ninguém tenha a ideia de pixar a marginal; um motorista a 90 km/h pegando o celular e olhando no retrovisor para dedurar um cidadão, pode acarretar em acidentes mais graves.

Nada que não possa ser maquiado pela equipe do prefeito.

 

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