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William Waack foi flagrado fazendo comentários racistas em uma transmissão da rede Globo. Ao se preparar para entrar em cena ao vivo, William Waack fica bravo com um barulho de buzina ao fundo e comenta: “tá buzinando por que, seu merda do cacete?” E segue: não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto”. O comentarista escalado para a entrada não escuta e pergunta o que foi dito, então o jornalista da rede Globo, William Waack repete: É preto. É coisa de preto. Enquanto ri.

Diante da repercussão do vídeo não sobrou outra alternativa à Rede Globo senão afastar William Waack do Jornal da Globo. Confira o vídeo:

https://youtu.be/0RkdSWEUaLo

Agora confira a nota da Rede Globo sobre o caso:



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A Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida.

Nele, minutos antes de ir ao ar num vivo durante a cobertura das eleições americanas do ano passado, alguém na rua dispara a buzina e, Waack, contrariado, faz comentários, ao que tudo indica, de cunho racista. Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação.

William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos.

William Waack ao que tudo indica fez comentários de cunho racista. Como assim, ao que tudo indica? Há algum espaço para dúvidas? A Globo é visceralmente contra o racismo, diz a nota. Será? Começa que a globo chamou isso de esclarecimento e pretendia deixar claro que não é racista. Entende?

Em julho de 2015 houve uma polêmica a respeito de uma foto “pela diversidade” feita no “Programa do Faustão”. À época a rede Globo negou qualquer tipo de tentativa de embranquecimento ou racismo:

A foto:

 

Antes disso, em janeiro de 2015, o canal Al Jazeera já havia feito um documentário a respeito da mídia brasileira e de como ela prega um embranquecimento de sua população.

A emissora questiona produções jornalísticas da principal emissora brasileira. E é bom lembrar, no Brasil 54% da população tem descendência africana. E é nesse país onde a principal emissora não têm nenhum apresentador ou apresentadora negra em seus principais jornais. Ao contrário, a escolha é sempre pelos brancos.

Al Jazeera questiona também produções artísticas. Novelas como “Chiquinha Gonzaga”, produzida em 1999, onde a protagonista, cuja personagem é real e negra, foi protagonizada por Regina Duarte, uma branca.  Ao longo dos anos e, com a pressão do público, os negros ganharam algum espaço nas novelas globais.

Você pode ver o documentário aqui {{caso não fale inglês pode por as legendas do Youtube com a tradução para português}}:

Um caso que ficou famoso foi a da Globeleza Nayara Justina, que foi considerada muito negra para ser a mulata símbolo do carnaval. Mulata, é bom lembrar, é uma palavra que deriva de mula. A própria existência de um símbolo sexual negro para o carnaval já diz muito a respeito do pensamento a respeito dos negros por parte da rede Globo. A miss Brasil será sempre branca, a miss carnaval, negra.

Mas voltando ao caso de Nayara Justina e William Waack, ela foi eleita publicamente para ser a Globeleza e posteriormente retirada do cargo. A Rede Globo, é claro, afirmou que a retirada não se deu pela cor da pele, mas pela incompetência em ser a musa.

A nota a respeito de William Waack, sobretudo o ao que tudo indica, mostra qual foi o real problema de Nayara.

Para lembrar, Maju, a jornalista negra que apresentava o tempo no Jornal Nacional, ao ser alvo de críticas racistas por internautas, ganhou uma promoção. Virou apresentadora eventual do Jornal Hoje aos sábados e feriados. Sua substituta no Jornal Nacional: Jacqueline Brazil, uma jornalista branca e loira.

William Waack é apenas um símbolo de um racismo estrutural da Rede Globo e do embranquecimento proposto pela emissora. Isso não muda com seu afastamento.

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