MPL realiza ato contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô em SP
Ato reuniu cerca de 5000 pessoas e passou pelo centro de São Paulo sem maiores incidentes. Depois de terminada a manifestação, alguns adolescentes quebraram a fachada de duas agências bancárias na avenida da Consolação em São Paulo
A primeira manifestação do MPL em 2019 foi marcada pela tranquilidade e ausência de bombas de gás e balas de borracha, que caracterizam a PM paulistana.
Segundo o Movimento Passe Livre, organizador da manifestação, 15 mil pessoas participaram. A PM não quis dar nenhuma estimativa e este ImprenÇa estima que cerca de 5000 pessoas estiveram presentes.
A concentração contou com batuques, bandeiras e gritos de ordem contra o aumento das tarifas, que em 28 de dezembro de 2018 passaram de R$4,00 para R$4,30.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo fez o acompanhamento do ato de perto. Alguns pequenos incidentes ocorreram, mas nada que causasse maiores transtornos aos manifestantes.
PM estreia “mediadores”
A novidade ficou por conta da PM que estreou nesta manifestação uma função nova há alguns de seus homens: a função de mediadores.
A ideia não é exatamente inédita no mundo, alguns países europeus contam com força semelhante, a diferença é que quem faz a mediação não costuma ser da própria polícia.
A ideia parece boa em princípio, alguém mediando a conversa entre a Polícia Militar e os Organizadores da Manifestação, no entanto uma situação óbvia chama a atenção para a mediação feita no ato desta quinta-feira: os mediadores tinham um lado no conflito.
O dicionário Michaelis define mediação como:
2 Ato de servir como intermediário entre pessoas, grupos, partidos, noções etc., com o objetivo de eliminar divergências ou disputas.
No caso de um conflito entre a PM e os manifestantes, portanto, não deveria ser a própria PM quem se coloca como intermediário. Uma ideia melhor seria o governo do Estado colocar como mediadores alguns funcionários da Assistência Social, por exemplo.
{{Foto: Victor Amatucci / ImprenÇa}}
PM: Máscaras proibidas e trajeto ‘censurado’
Um bom exemplo da incapacidade dos mediadores de realizarem seu papel – posto que têm lado no conflito estabelecido – ficou por conta de uma moça que foi brevemente detida por estar com máscara e mochila.
A Força Tática da PM a deteve por cerca de 20 minutos, causando um breve tumulto antes de liberar a moça.
Os mediadores foram então cumprir seu papel e conversar com os manifestantes. Informaram a eles que ninguém poderia permanecer no ato de máscaras e ponto final. Este ImprenÇa questionou a presença de policiais mascarados na própria Força Tática, e como era esperado, ficamos sem respostas.
Mais adiante o mesmo mediador afirmou que o comando da PM definiu o trajeto que os manifestantes deveriam fazer, diante da resposta da manifestante de que esse trajeto deveria ser colocado em votação com todos os participantes, o mediador tentou impedir que a manifestação seguisse. Não há mediação de conflito quando quem deveria mediar é também quem estipula o resultado da mediação sem permitir que se argumente de forma contrária, como se pode ver no vídeo abaixo:
O ato seguiu sem maiores problemas nem restrições, apesar do que disse o mediador. Foi permitido aos manifestantes seguirem até a metade da avenida da Consolação, meio termo portanto, entre a Praça Franklin Roosevelt e a Praça dos Ciclistas. O ato se encerrou sem conflitos.
Depois de dispersado o ato, alguns adolescentes cobriram os rostos com suas camisetas e quebraram duas agências bancárias, sendo dispersados pela PM logo em seguida.
Confira algumas fotos do ato e o vídeo completo a respeito do “1 Grande Ato Contra o Aumento das Tarifas”