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Bombeiros e voluntários podem sofrer com contaminação em Brumadinho

Efeitos da contaminação em vítimas da barragem que desabou em 2015, em Mariana, só foram constatados em 2018. Voluntários em Brumadinho já apresentaram dermatite, vômitos e náuseas. Qual a situação dos bombeiros que trabalham de forma incessante nas buscas por vítimas?

Em Barra Longa (MG). município vizinho de Mariana, onde em 2015 uma barragem de rejeitos se rompeu deixando 19 mortos e afetando todo biosistema local, onze pessoas foram diagnosticadas com intoxicação por níquel, segundo o relatório do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Em metade dos moradores testados, os níveis de arsênio estavam alterados – as informações são da BBC {{não acredite em mim – BBC}}.

Segundo reportagem da Brasil de Fato, moradores expostos à lama da barragem em Brumadinho tiveram problemas de saúde relacionados a contaminação. A própria Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais informa que o rio Paraopeba oferece risco à população, conforme é possível ver na imagem abaixo.



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Bombeiros fazem buscas na região do Parque das Cachoeiras, em Brumadinho

Bombeiros na busca por vítimas na região de Parque das Cachoeiras, Brumadinho (MG). 
Foto: Gustavo Oliveira / ImprenÇa

Voluntários tornam a vida dos bombeiros menos complicada

Na beira do Córrego do Feijão encontramos, de capacete e óculos, Renato Silveira Reis, 46 anos. Ele é voluntário da Cruz Vermelha Brasileira e é empresário. Renato estava desde o dia seguinte à tragédia e permaneceu até domingo (3 de fevereiro, 9 dias depois).

“Chega uma hora que nosso campo de trabalho fica muito estreito, nós não podemos entrar no que eles chamam de zona quente, que é a lama em si, né? Então nós começamos a levar água, maçã, biscoito… que é uma forma de ajudar também, né?”

Segundo Renato, na área onde ele estava (Córrego do Feijão), a Cruz Vermelha Brasileira havia mandado “10 equipes de 10 pessoas”. Ele precisava voltar já que a “a vida precisa seguir, né?”. Segundo ele, as equipes vieram principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

No centro de Brumadinho, cerca de 7 quilômetros dali, um outro trabalho é feito sem parar. Fiéis e pastores da Igreja Batista de Brumadinho conseguiram voluntários da igreja em outras cidades e fazem um mutirão constante de lavagem das roupas dos bombeiros.

Kit entregue pelos voluntários aos bombeiros
Foto: Gustavo Oliveira / ImprenÇa

Quem coordena o trabalho da lavanderia é o pastor João Luis da Conceição Filho, que conta que a Convenção Batista Mineira reúne 1200 igrejas em todo o Estado.

Nós pensamos em ajudar as pessoas. E como? Lavando a roupa dos militares, porque nós estamos na comunidade, nós fazemos parte disso.

Em situações normais, os bombeiros são os próprios responsáveis pela limpeza de suas roupas. No caso de Brumadinho, os voluntários permitem que os bombeiros possam focar apenas no resgate das vítimas e corpos em meio ao lamaçal.

Além de lavar as roupas, os voluntários colocam bilhetes com mensagens positivas, barra de cereal e um “Novo Testamento”. O dinheiro vem de um fundo organizado por essa convenção das igrejas batistas.

A saúde mental dos bombeiros

Além do serviço de lavanderia, a igreja está oferecendo também apoio psicológico dos bombeiros e vítimas.

A saúde mental em momentos de urgência e emergência é sempre uma grande preocupação. No caso dos bombeiros, o atendimento oficial é feito pelos profissionais da própria corporação. O mesmo ocorre com os policiais. No caso dos voluntários e vítimas, a Vale contratou uma empresa para realizar este tipo de atendimento.

ImprenÇa procurou a assessoria de imprensa da Vale, que informou que o contrato da empresa contratada para dar atendimento psicológico impede que seus profissionais falem publicamente.

Risco de contaminação

Sargento Cassiano é de Belo Horizonte, conversa como se pedisse desculpa: “não quero passar por cima da hierarquia e da pessoa do aspirante”.

O aspirante, é o jovem Tonani, de 22 anos. Formado no ano passado hoje ele tem a sua primeira missão em desastres como o de Brumadinho. Ele é o responsável pela equipe de 7 pessoas que atuam de quinta a domingo. Ele tem 3 anos de corporação e não chegou a trabalhar em Mariana.

“Bombeiro atende de tudo, né? Mas desse jeito aqui é minha primeira vez”. Tonani e Cassiano são apenas dois dos bombeiros que atuam de forma incessante a arriscando a própria vida. Os bombeiros tomam remédios para prevenir a intoxicação, mas não existe nenhum tipo de garantia de que será eficaz.

Um vídeo conseguido com exclusividade pelo ImprenÇa mostra a preocupação com a contaminação:

O vídeo mostra que a preocupação com a contaminação de metais pesados existe na corporação. Os profissionais responsáveis pela limpeza utilizam roupas especiais, enquanto os profissionais que entram na lama passam por um jato de água, depois limpeza feita com vassouras para, posteriormente, se banharem. 

Os profissionais acabam ficando entre 7 e 15 dias trabalhando em contato direto com a lama e, a seguir o exemplo dos sobreviventes e avisos feitos pela secretaria de saúde do estado de Minas Gerais, provavelmente teremos um exército de bombeiros contaminados por metais pesados. 

Quem deveria salvar vidas acaba tornando-se também vítima do rompimento da barragem.

 

Em tempo: a foto de capa deste artigo é de Gustavo Oliveira / ImprenÇa

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