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Diferentemente do que houve com a tragédia em Notre Dame, no Brasil as empresas não se empenharam em auxiliar na recuperação de um marco nacional. Enquanto na França as doações já ultrapassam os 900 milhões de Euros, no Brasil as empresas doaram 157 mil reais.

Quando o Museu Nacional foi destruído em setembro do ano passado, uma onda de comoção nas redes se iniciou. No entanto, no Brasil a comoção não sai das hashtags. Enquanto as empresas brasileiras doaram cerca de 157 mil reais, empresas britânicas e alemãs doaram R$950 mil.

A situação em Notre Dame é mais recente. Mesmo assim, apenas alguns dias após a tragédia as doações já ultrapassam a casa dos 2 bilhões de reais.

Museu Nacional e Notre Dame

Museu Nacional em chamas | Foto: Marcelo Sayão (EFE)



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O Museu Nacional, embora muito menos glamouroso que Notre Dame, guardava cerca de 20 milhões de itens, entre eles o mais antigo fóssil já encontrado nas Américas, a “Luzia”.  O prédio foi residência de D. João VI e só o fato deste artigo precisar explicar a importância dele aos brasileiros já demonstra alguma das razões pelas quais nossos empresários não se comoveram tanto assim com as perdas.

Há quem argumente que a falta de incentivo fiscal para este tipo de doação desestimula as doações e que esta seria uma das razões para a diferença de dinheiro enviado aos franceses. Será?

Doações em campanhas eleitorais

Em 2014, as empresas doaram juntas mais de R$ 3 bilhões para as campanhas, o que representou cerca de 80% do total das doações. Obviamente nunca existiu lei de incentivo fiscal às doações eleitorais.

Ao contrário, em 2014 já se tinha a Lava Jato e já havia passado todo o processo do chamado “mensalão”, que deveria ter sido um grande problema para este tipo de doação e não foi.

Os dados mostram que as elites financeira e política no Brasil não demonstram interesse pela Cultura e Ciência. O fim de novas bolsas para pesquisas nas universidades e a completa ausência de manchetes / manifestações, também indicam que o resto da população não pensa muito diferente disso.

Patrimônio da Humanidade

Há diferenças entre a importância do Museu Nacional ou do Museu da Independência e a Catedral de Notre Dame. Mas isso não explica a falta de atenção dada pelo povo brasileiro ao seu próprio patrimônio.

Enquanto alemães e britânicos doam mais que os empresários nacionais, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, pegou fogo em dezembro de 2015 e, até hoje, não se tem claras as razões pelas quais o incêndio se deu. O Museu do Ipiranga segue fechado há anos sem que isso seja motivo de qualquer tipo de transtorno eleitoral aos culpados. Basta ver que o mesmo partido que o fechou segue no governo do Estado de São Paulo.

A Lei Rouanet, praticamente a única lei de incentivo à cultura – ou, no mínimo, a mais importante – é tratada por governantes como “mamata”. E é nesse ritmo que, se o próprio povo brasileiro não se der conta da importância de sua cultura e história, o resto do mundo saberá tirar vantagem disso.

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