Enquanto a grande imprenÇa ressalta a volta do impeachment da Dilma como tema prioritário, o governo {{e o PT}} precisam entender que a oposição já não é mais a mesma. E agir para pautar o congresso e não para frear a pauta conservadora.
Não é novidade para quem acompanha política ou mesmo para quem lê este blog. Desde 2013 que já falávamos de uma nova oposição {{não acredite em mim – ImprenÇa}} nascendo justamente no berço da política de alianças inaugurada – no PT – por Lula.
O PSDB deixou de ser protagonista político desde o meio do primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff. Sim, é verdade que ele foi o segundo colocado nas eleições, mas lembrem-se de que foi apenas pela total ausência de competidores do que por mérito próprio.
Os governos petistas, desde o 1º mandato Lula, optaram pela não ruptura com as classes conservadoras. Uma política de ‘todos ganham‘ que só foi possível devido ao enorme buraco na distribuição de renda do país. Com tamanho buraco é possível fazer os miseráveis saírem desta linha social e ascenderem sem que os mais ricos precisem deixar de ganhar. Mas há um custo nisso.
E o custo vem sendo cobrado. As taxas de otimismo provocadas pelos mandatos do Presidente Lula obviamente não seriam sustentadas pela eternidade, mas a crise de 2008 / 2011 vieram para acabar de vez com o clima. No auge do mau humor social, em 2013, o preço ficou bem claro: a classe média se viu pressionada pela chegada dos miseráveis ao seu lado e, por outro lado, pela ausência de ascensão social dela mesma.
A falta de manejo político do governo Dilma, aliado aos erros econômicos, acabam adiantando a agenda do surgimento de uma nova oposição. Dilma conseguiu unir o que parecia impossível, o PMDB.
Dilma acertou ao tentar combater o mercado econômico forçando a baixa de juros. Mas errou ao não ter o traquejo político para enfrentar a chantagem que viria adiante. O resultado é que os juros voltaram a subir, deixando claro quem é que venceu a queda de braço. Alie isso ao preço baixo das commodities {{não faz ideia do que seja esse nome complexo ? Não se preocupe, está explicado aqui, nesse texto sobre as ações da Petrobras.}} e do petróleo, e temos uma crise.
Os analistas do governo Dilma acertaram ao prever que a nova oposição viria justamente de seu aliado de maior peso, o PMDB. Mas erraram feio ao tentar enfraquecer, logo após uma eleição apertada, este aliado. Quem é que não se lembra da ideia de criar dois partidos de centro para tirar a força do PMDB ? E no que resultou isso ?
Numa fala de Eduardo Cunha num Roda Viva, em uma segunda-feira, e na queda do ministro que estava articulando um desses partidos, Cid Gomes, numa quarta-feira.
E agora?
O PT e o governo precisam tomar uma decisão: ou encara o PMDB como adversário ou como aliado. Achar que o Temer é aliado mas o Cunha é adversário é um erro que pode acabar com um deles {{deles, do PMDB, não necessariamente com estes nomes}} como presidente em 2018.
É preciso encarar o PSDB como mero coadjuvante de uma oposição cada vez mais histérica e menos propositiva. O Brasil não é afeito às histerias, mas é muito afeito a ser centro. Encarar o PMDB como adversário deve, necessariamente, romper a atual aliança {{coisa que este blog vê como suicídio nesse momento}}.
Se é para encarar o PMDB como aliado é preciso descer do pedestal e conversar. Utilizar a velha e funcional política Getuliana de distribuição de cargos e poderes e deixar a poeira baixar. Repensar a estratégia eleitoral para 2018 com sobriedade.
O cenário atual não permite erros grosseiros como o da eleição de Cunha no Congresso, onde o governo errou as contas por 200 votos. O momento é de pragmatismo e de colocar a agenda, ainda que seja com a intenção de vê-la ser negada. O país perderia menos se Cunha vencesse derrotando uma proposta de PEC para a segurança que veio da Dilma do que vê-lo vencendo na questão da redução da maioridade penal, por exemplo.
Nem toda derrota significa perder, Dilma e o governo precisam entender isso, ou seguirão perdendo mais do que o necessário.
Colocar uma pauta que unifique as bases populares, readequar os espaços dos aliados políticos e deixar a gana de Cunha ser arrefecida pela Lava Jato, é o que o governo mais precisa nesse momento. Ainda que ter um ministro da Justiça que fizesse seu trabalho {{ou seja, que estancasse o vazamento seletivo ao invés de ir chorar na imprenÇa como sua vida é complicada…}} e um articulador com o Congresso que tivesse interesses reais no governo também seria de grande auxílio.
O que não dá é ficar parado olhando o golpe se armar…
Boa análise e boas propostas – exceto por um pequeno ‘escorregão’:
” ausência de ascensão social dela mesma” (ela mesma, classe média) >>> houve ascensão entre todas as classes, na realidade. Tanto da E para a D e C quanto destas para a B, e da B para A. Sim, o grande movimento ascendente se deu da E para a D e da D para a C, mas também houve mobilidade nas classe superiores e todas lucraram.
As revoltas de junho de 2013 foram induzidas. Parte por uma esquerda que não tem outros caminhos para se afirmar, parte pela direita que aproveitou a oportunidade e conseguiu sair da toca finalmente.