Por volta das 21h30min da última sexta-feira (4), cerca de 1500 trabalhadores e trabalhadoras se reuniram em pontos diferentes da cidade de São Paulo para ocupar terrenos na Zona Sul e Leste da capital, além de outro em Embu das Artes, cujo terreno fica ao lado do Cemitério da Paz.
As ocupações que são ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) entraram madrugada adentro e fazem parte de uma série de outras ações que ocorrerão em todo o país nos próximos dias/meses, como forma de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras que precisam de um teto.
O MTST tem propagandeado a necessidade de manutenção dos – poucos – direitos assegurados no últimos anos, como a CLT, que já corre riscos {{não acredite em mim – O Globo}}; as verbas de educação e saúde {{não acredite em mim – folha}}, etc.
As ocupações do fim de semana aconteceram no mesmo dia em que a polícia invadiu a Escola Florestan Fernandes (ligada ao MST), no interior de São Paulo, com uma desculpa mais descolada da realidade que os óculos escuros em memes da esquerda. Já o slogan – MTST, a luta é pra valer! – do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto não poderia ser mais real.
Enquanto se vê pela internet memes de óculos escuros, vomitaços e outras manifestações virtuais, Guilherme Boulos e outras lideranças do MTST tem ido às ruas, marcar posição e território.
Foram quase 12 horas de reportagem, nas quais foi possível conviver um pouco com os ocupantes. Alguns vindos de outras ocupações, como é o caso de Hélio Sobral, 43 anos (há dois no MTST). Ele trabalha de autoelétrico e tem muito orgulho de fazer parte do movimento sem teto. “Meus colegas de trabalho respeitam o movimento, aliás trouxe alguns deles para ocupar”.
O terreno, em Embu das Artes, tem com dívidas enormes de IPTU, além de estar em uma ZEIS – Zona Especial de Interesse Social -, pelo plano diretor da cidade de Embu. É, portanto, uma área já destinada a moradia popular.
Mas a surpresa da noite ficou por conta da Polícia Militar, que não só chegou muito depois da ocupação estar consolidada, como também afirmou entender a luta dos trabalhadores. “Falta reforma agrária, falta tanta coisa nesse país. Eu estou aqui investido do papel do Estado, por isso cumpro ordens, mas eu entendo o lado de vocês. Tanta gente com áreas enormes de terra e vocês sem ter um teto…”, comentou um dos policiais, surpreendendo a reportagem.
Para o MTST, a luta certamente continuará, fica claro que ela é real. A dúvida, desta vez, é se haverá memes com óculos escuros para este policial.