Morreu nesta quarta-feira (14) o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina em decorrência de uma broncopneumonia. D. Paulo tinha 95 anos.
O religioso foi internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o passar do dia o estado de saúde piorou, e ele teve de ir para a UTI por causa de dificuldades na função renal. Segundo o hospital, Arns morreu às 11h45 por falência múltipla dos órgãos.
Infelizmente poucas pessoas conhecem a importância de Dom Paulo para a democracia brasileira.
Vladimir Herzog morreu no dia 25 de outubro de 1975, durante uma sessão de tortura, na rua Tomás Carvalhal, 1030, no bairro do Paraíso, em São Paulo, num prédio utilizado pelo Destacamento de Operações Internas – Comando Operacional de Informações do II Exército.
A morte de Herzog, como se sabe, foi anunciada como suicídio. O caso foi um dos primeiros a gerarem reações populares contra a ditadura militar.
Dom Paulo, contrário à ditadura militar {{como qualquer ser humano decente}}, resolveu tomar uma atitude. Ele então marcou uma missa de 7º dia para que o Brasil pudesse se despedir de Vlado.
Como se sabe, a igreja católica não fazia missas para quem tivesse se suicidado {{hoje em dia essa posição é mais flexível e acaba ficando mais a critério de cada padre / bispo a decisão de celebrar ou não uma missa}}. Ou seja, Dom Paulo encontrou uma maneira de protestar contra a ditadura sem que a censura pudesse fazer qualquer tipo de ação contrária. Como a ditadura iria proibir uma missa, se a marcha da “Família com Deus pela Liberdade” havia ajudado a por a ditadura no poder?
O resultado foi que a missa acabou sendo um dos primeiros e mais chamativos atos contra a ditadura militar, ainda que de forma velada. É esta também, a razão pela qual muitos atos da esquerda se concentram na Praça da Sé, em São Paulo.
Dom Paulo Evaristo Arns, presente!