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A direita já se organiza com seus principais candidatos. Doria, Alckmin e até Bolsonaro já estão em campanha pelo país. Na esquerda Lula e Ciro {{se é que se pode considerá-lo de esquerda}} se colocam como candidatos também. Mas é pouco, muito pouco para mudar a conjuntura política nacional.

 

Ainda que lidere em todos os cenários, é preciso considerar que Lula já é conhecido por todo país. O mesmo se aplica à Marina Silva, Alckmin e Ciro. Bolsonaro, embora conhecido nacionalmente, ainda não foi testado em uma eleição nacional, o que indica que pode tanto crescer quando cair {{este blog aposta na queda}} com o início das campanhas oficiais.



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O mais provável é que Lula esteja já no teto das intenções de votos ou próximo disso. Ainda que um segundo turno com figuras como Bolsonaro ou Aécio {{colocado aqui apenas com fins teóricos}} possa alavancar ainda mais seus votos.

O que é improvável, quase impossível, no entanto é o fator mais preocupante e pouco olhado pelas esquerdas nacionais. O legislativo não deve sofrer mudanças significativas no que tange às forças conservadoras no Congresso. É provável que a renovação de nomes ocorra, mas nada indica que a direita conservadora perderá força em 2018. Ao contrário.

A pulverização de votos para a presidência deve favorecer os partidos de centro-direita, alavancados pela mídia conservadora e um ministério público disposto a tudo para fazer sua campanha midiática.

O fato relevante, desde antes da queda de Dilma é o Congresso Nacional. Para lembrar:

{{não acredite em mim – Rede Brasil Atual}}

 

São inúmeros os casos onde um interesse social é derrotado pelos partidos “aliados” aos governos petistas. A outra opção, como se sabe, é fazer um acordo e passar um remendo qualquer entre os interesses populares e os interesses do Kapital. Sim, isso é óbvio.

O que também deveria ser óbvio é que o poder de negociar não está nas mãos do povo. O poder de negociação está no chamado centrão. Popularmente conhecido como bancada da bala, bancada evangélica, bancada ruralista ou simplesmente: bancada do Cunha. Esta deveria ser a primeira preocupação da esquerda.

Quanto menos você depender do tal centrão menos terá de ceder. Zé Dirceu, em recente artigo para a folha de São Paulo, afirmou: Essa tarefa é histórica e pressupõe superar os limites comprovados dos governos petistas -apesar dos avanços reformistas, ainda não transformamos as estruturas de nossa sociedade e do poder político. Não há espaço para conciliação. É necessário, para o bem-estar social do país, dar fim à armadilha de uma falsa harmonia nacional e um ludibrioso salvacionismo contra a corrupção.

A afirmação pode nos levar a dois caminhos: o caminho de uma revolução popular que simplesmente ignore a necessidade de eleições, com todas as críticas marxistas ao processo eleitoral inclusas; ou uma vitória acachapante nas urnas.

O grande problema é que nenhuma das opções parecem poder ser vislumbradas no horizonte brasileiro, ao contrário. O espaço que grupos e semi-grupos políticos ganharam nos últimos anos são decorrentes justamente da falência da esquerda em disputar o parlamento. Manifestações brancas como as propostas por MBL e Vem pra Rua, a ascenção de semi-políticos  como Doria Jr são as resultantes de uma equação onde a esquerda é incapaz de aglutinar 172 dos 513 possíveis.

Nem Lula nem Ciro e muito menos Haddad ou Luciana Genro seriam capazes de alterar essa equação. Este é o problema.

Ainda que fosse possível eleger Lula {{seria preciso antes da vitória eleitoral, uma vitória contra um judiciário engajado politicamente, o que hoje parece improvável}}, como manter Lula e o PT no poder? Ou, ainda que mantenha o governo em seu devido lugar, como alterar leis e estruturas cujos votos necessários vão de encontro aos interesses nacionais?

A única solução possível é a solução de longo prazo. É o crescimento parlamentar da bancada de esquerda – no caso a esquerda de verdade, não a esquerda que faz acordos e nem a esquerda que faz discurso fácil. Uma bancada que não conta com 2/5 dos votos congressuais é uma esquerda pronta para a manutenção do status quo.

É óbvio que isso não é dizer que Lula eleito faria o mesmo governo de Temer, isso é óbvio para qualquer um que pense política com a cabeça e não com o fígado. O grande problema de um novo governo Lula é que ele faria um governo Lula igual aos anteriores. Com ganhos sociais, está claro, mas com a necessidade de um aprofundamento das reformas que não virá.

Ou as esquerdas nacionais lutam pela maioria no parlamento, independente do cargo presidencial, ou estarão fadadas ao insucesso. Na melhor das hipóteses, um sucesso muito pequeno {{ainda que a classe trabalhadora ganhe muito no curto prazo com esse sucesso ínfimo}}.

Já passou da hora de PT, PSOL, PCdoB, PCO, PSTU, PCB e afins pensarem em longo prazo e deixarem as picuinhas de lado. Infelizmente nada indica que isso acontecerá.

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