A questão das cotas raciais para as universidades sempre causa uma certa polêmica. E ainda que tentemos explicar as razões para que ela exista, há sempre quem diz que é incompatível com o termo igualdade. Que não é justo. Então que tal olhar a questão de frente e encarar os números?!
{{Crédito da foto: cfarivar}}
Para quem mora em Marte e não sabe bem o que são as tais cotas raciais eu explico bem direitinho antes de entrar no mérito da necessidade delas. Sim, este blog e post é a favor das cotas {{se você quiser saber porque, leia até o final. Senão, corra para os comentários e seja feliz…}}.
As cotas raciais são reservas de vagas em universidades públicas para estudantes de cor negra. Na prática significa que os cotistas disputam uma vaga entre si enquanto os demais disputam a maior parte das vagas.
Mas por que raios o governo resolveu ajudar os negros?! Isso é preconceito, não é?! Antes que algum vereador paulistano proponha a criação do dia da consciência branca, vamos aos dados de nosso justo país.
Quantidade de negros que possuem computador:
Enquanto apenas 7% dos homens negros possuem um computador em casa {{estamos falando de educação, correto?}} nos homens brancos esse índice vai a 25%. Ou seja, mais de três vezes.
Isso reflete apenas parte do problema econômico que afeta negros e não afeta brancos. Mas vamos aos números da educação:
Os dados da PNAD 2008 revelam que o analfabetismo entre jovens negros é duas vezes maior que entre
brancos.
(…)
No que diz respeito ao ensino superior, a frequência líquida é cerca de três vezes maior entre os brancos
{{não acredite em mim – Ipea, PDF}}
Claro, haverá sempre quem diga que pobre é tudo igual, que a cota deveria ser pela escola pública. Eu mesmo pensava assim, até ser devidamente esclarecido pelo post da autora convidada aqui mesmo nesse blog: De quem é o racismo?{da autora convidada Renata Winning}}. Mas como alguns podem ainda não ter entendido, demonstro com os números do Ipea:
O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Ipea apresentou dados estatísticos do instituto que apontam que há hoje no Brasil 571 mil crianças entre 7 a 14 anos fora da escola. Dessas, 62% são negras.
Isso significa dizer que entre pobres brancos e pobres negros {{que, afinal, não são uma massa uniforme}} há maior evasão escolar dos negros {{evasão escolar é o mesmo que dizer “fugiu da escola” ou “abandonou os estudos”}}. E isso ocorre por qual motivo? O pessoal da foto ali em cima dirá que é porque os negros tem menor capacidade intelectual {{mas até esse pessoal tem vergonha de dizer isso, pode ver que estão todos encapuzados…}}.
Os números, como sempre, mostram outro caminho:
Outro dado mostra que um trabalhador negro ganha em média metade do que um trabalhador branco ganha; que o percentual de negros abaixo da linha de indigência é duas vezes e meia maior do que o percentual de branco (71% dos indigentes do país são negros) e que 70% dos pobres são negros.
Ganhando menos que os brancos a chance do filho de um negro {{que por definição tende a ser negro, certo?!}} precisar trabalhar é de, no mínimo, 50% a mais que o filho do trabalhador branco. E o desempenho escolar de uma criança que trabalha tende a ser pior que o de uma criança que só estuda, ou não?!
Concluímos daí que cotas para escolas públicas seriam pelo menos 50% mais injustas que as cotas raciais.
Ok, dirá o mais perspicaz dos leitores. E a conformada leitora.
Mas o sistema de cotas fere o princípio de igualdade que está na constituição!!! Calma, vejamos o que diz um especialista:
Como afirmou Rui Barbosa (6): “A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade”. Ao pretender, o Estado, realizar seu fim de reduzir as desigualdades sociais, somente o fará
com a adoção de políticas afirmativas que encontrem eco nas camadas mais oprimidas da população.
{{não acredite em mim – Procurador da República, PDF}}
E o que pensam os professores?
Mais de 50% dos professores de quatro universidades públicas aprovam o sistema de cotas raciais e sociais para ingresso de alunos nas instituições.
{{não acredite em mim – MEC}}
Mas um aluno que ingressou pelo sistema de cotas estará sempre abaixo de um aluno que passou no vestibular comum. Será?
Ipea: cotistas têm melhores notas em universidades
Fica claro, portanto, que os negros tem menor escolaridade, menor salário. Ainda assim, quando lhes é dada a oportunidade, demonstram ser tão capazes quanto os demais alunos {{na verdade mais capazes…}} para seguir o curso universitário.
Quem aí topa ser operado por um aluno que não é cotista?! Eu não, quero sempre os melhores.
Eu tive uma infância tão pobre quanto todos os negros que moravam no mesmo bairro afastado da periferia de Ferraz de Vasconcelos que eu.
Se eu mudei minha vida, foi porque continuei trabalhando e estudando, pois meu primeiro emprego, foi na mesma fabriquinha que empregou os negros do meu bairro, e ganhando a mesma micharia. A cota me exclui, porque não sou negro!
Vamos pensar nos numeros acima citados.
Como a evasão escolar é maior entre os negros, os seus salários são obviamente menores.
Eu tive que dormir de 4 a 5 horas por noite pra trabalhar e pagar meus estudos, e garanto que os negros que assim o fizeram estão tão bem ou melhores do que eu.
A cota por raça é o fim da picada. É a desigualdade de oportunidades inclusive entre os pobres.
Se for pobre, que seja negro! Pois se for pobre branco como eu, não tem cota filhão, é na raça!
Ótimo texto (o do site, não a resposta)… Mas esqueceu o ponto central das cotas…
O mais importante (em minha humilde e caucasiana opinião) das cotas é que elas são estratégicas ao país do ponto de vista da criação de elites. Explico para quem não leu Pareto (um conservador, é bom que se diga)…
A sociedade é mutável na medida em que existe circulação de elites… Elites não é o tiozinho que compra na Daslu (que faliu por fazer contrabando), Elite é o ente social que coordena/lidera um determinado grupo social… Ou seja, podemos falar de diferentes elites, cada uma com seus significantes e significados… Pode ser elite do capital financeiro, elite sindical rural, elite sindical urbana, elite empresarial, elite eclesiástica, elite militar etc etc etc… Essas elites estão na sociedade em disputa aberta (sangrenta e suja) por hegemonia (ai já troquei de autor)… Quem detém essa hegemonia, de certa forma, dita os rumos …inclusive morais e ideológicos da sociedade em questão… Ou seja, na circulação de elites (umas saem do poder e outras entram, sendo simples) o status quo tb muda, a ideologia dominante muda, os valores econômicos e morais tb mudam e assim por diante….
Pq falei isso? Pq o grande X do Brasil, após 400 anos de escravidão e mais 100 anos de racismo velado, não formou elites negras…. ou sejas, não existem (ou são infinitamente poucos) os negros que ocupam espaço nas elites… Pense nas altas cupulas da igreja, dos militares, do judiciário, do empresariado… e tb do sindicalismo (rural e urbano), das ongs, bla bla bla…
São muito poucos os negros…
O instrumento (sim, pq educação superior é um instrumento do Estado) que a sociedade contemporânea inventou para formar elites é exatamente a Universidade…. Ou seja, a mesagem acima, do Patrick, é completamente irrelevante e pode ser respondida com um “Sim sim, a vida é uma merda mesmo….”… Pq a função da cota é criar elites negras e ponto.
Mas podemos pensar tb que em cursos de medicina de primeira linha, ou no ITA, ou na POLI, ou no Largo São Francisco, 0,5% dos alunos (sendo otimista) são negros… Ai tb tem uma cota, não tem? Mas realmente acho isso bem menos importante… a questão é estratégica, não social… Nos interessa, como país, incluir negros nas elites… Isso não é favor, é interesse… mesmo sendo eu um branco de classe média que não me fudi tanto como o pobre Patrick….
patrick querido,
vc não sofreu um dia sequer o racismo q seus colegas negros sofreram desde q nasceram. Eles ñ tiveram a mesma pobreza q vc teve porque a deles ainda tinha o acréscimo de sentir a cada momento q os outros – professores, dono da padaria, policial, chefe, padre, etc – olhavam para eles e viam um negro…aquela “raça” q até outro dia era considerada um animal para trabalho.
outra diferença fundamental é a origem da sua pobreza e a origem da pobreza dos seus colegas negros. Se vc for estudar a ascendência deles e a sua, na deles você vai encontrar um ou vários escravos. Ou seja, pessoas q trabalhavam sem ganhar, sem poder sair do ambiente de trabalho e temendo todo o tempo serem castigadas. Na sua não.
São duas diferenças básica q passam batidas para nós q não temos a pele da “cor errada”. Pense nisso.
Eu sou a favor de cotas para negros afinal não se pode dar direitos iguais para os desiguais. Só achei desnecessário a capciosa passagem “Antes que algum vereador paulistano crie o dia da consciência branca”.
Essa coisa de rotular injustamente os paulistanos de reacionários ou conservadores não funciona. Fica a dica.
Sou paulistano, fica a dica.
Gostei do argumento, mas tenho dúvidas Zé. Qual a porcentagem racial da população? Sempre tive em mente que a população negra fosse muito maior, e por isso seria normal a desigualdade, já que a população pobre em nosso país é maioria também. Acho importante saber também se tais dados populacionais são baseados na opinião dos entrevistados, porque a sociedade é preconceituosa, e eles mesmos muitas vezes negam sua cor ou origem.
Pelo amor de deus, Adriano… Você acha que isso influi mais que os anos de escravidão?!
Eu acho importantíssimo! Porque se eles usam de argumento o fato da escravidão, então não podem analisar um aluno pela cor da pele dele, ou pelo que consta na sua certidão de nascimento. Eu, por exemplo, sou moreno, não considerado negro pela sociedade. Mas sei que meu bisavô era negro, sendo assim meu tataravô também, o que me leva a crer que minha família e consequentemente sofreu os mesmos problemas relacionados a escravidão do que um sujeito considerado negro pela sociedade de hoje em dia. O que justificaria cota pra ele e pra mim não nesse caso, seria o preconceito que ele sofre pela sociedade de hoje em dia, e eu não. Porém, sou filho de nordestinos, e sei muito bem que eles também sofrem preconceito aqui, e ocupam trabalhos tão mal remunerados quanto os negros. Por isso acho que se destinar cota a trabalhadores avaliando sua cor, a um determinado grupo não é válido, pois se levassem realmente a questão da escravidão para se adotar esse critério, eu faria parte dessa cota, sem falar nos filhos dos índios, mesmo sendo uma pequena parte da população.
Bom a questão não é essa, mas de qualquer forma é praticamente meio a meio, olhe as pesquisas do IBGE você vai ver que é 48,8% de brancos e pardos e negros somam 50,3%…
http://noticias.uol.com.br/especiais/pnad/ultnot/2009/09/18/ult6843u18.jhtm
Cara não estamos esquecendo também do critério para a seleção das cotas? Disputa a vaga, qualquer um que se julgar negro! Sinceramente, acho que o negro tem salário menor em relação ao branco, pelo mesmo motivo que o nordestino também tem, o preconceito na nossa sociedade. Sou a favor das cotas, mas a toda essa população desprivilegiada, não a uma “raça” prejudicada quando não havia nem democracia (se é que ela existe hoje)! Seguem opiniões as quais sou de acordo:
“Políticas dirigidas a grupos ‘raciais’ estanques em nome da justiça social não eliminam o racismo e podem até mesmo produzir o efeito contrário, dando respaldo legal ao conceito de raça e possibilitando o acirramento do conflito e da intolerância.
[…] O principal caminho para o combate à exclusão social é a construção de serviços públicos universais de qualidade nos setores de educação, saúde e Previdência, em especial a criação de empregos”.
Manifesto “Todos têm direitos iguais na República”,
assinado por 114 intelectuais e artistas contrários à
aprovação da Lei de Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial
“O abismo mais gritante na sociedade brasileira é o que afasta os abastados dos miseráveis, separação esta que exige dos poderes públicos uma resposta não meramente compensatória, mas sim estrutural e voltada para o futuro da nação”.
Pierre Souto Maior C. de Amorim
“Expandir o emprego, garantir o direito à saúde, educação, segurança, etc., são as únicas conquistas capazes de promover, geral e substancialmente, os imensos setores reduzidos à mais dura exploração, sejam afro-descendentes ou não”.
Mário Maestri, A racialização do Brasil
O estudo dos antropólogos Yvonne Maggie e Peter Fry, denominado “A Reserva de Vagas para Negros nas Universidades Brasileiras”, traz inúmeras cartas de leitores (Jornal O Globo). Amostras:
“Sou negra. (…) Irão preencher as cotas os negros mais bem preparados e de melhor nível econômico, e que não precisam das cotas. O projeto é demagógico, sem finalidade social”.
Maria E. de L. Paes Leme
“A cota para negros discrimina o branco mais pobre. Querer superar uma injustiça produzindo outra não parece ser o melhor caminho”.
Hélio de A. Evangelista
“Qual a diferença entre um negro pobre e um nordestino igualmente desprovido? (…) Por que não reconhecer que a causa real do problema é a má distribuição de renda? Por que não reforçar o Ensino Fundamental e Médio de forma democrática? Essa é a solução real, ainda que mais difícil”
Helena Rumanjek
Vereador paulistano uma vírgula. Sou paulistana e não sou idiota!!! Sou a favor das cotas porque acredito em um Brasil para 190 milhões, o que inclui a população negra do estado de São Paulo que não é pouca.
Cordialmente,
M.Z
Estudo em colégio público mas é conveniado com a polícia militar, e também lá todos os professores preferem as cotas. Tem gente que não pensa, se a pessoa estuda em colégio público, será mesmo que tem tantas oportunidades, lazer, conforto na casa e outros… se estuda em colégio particular, a maioria tem condição de pagar aulas particulares, fazer 3000 cursinhos, comprar livros, computador e o conforto. Eu mesmo ficaria tão feliz, mas tão feliz só de podesse ir pra escola, trabalho e depois voltar de carro, pelo menos 1 vez na semana.
Pode crer, mas vc falou de algo pra alunos de escola pública, não pra uma raça específica! Na minha opinião, algo que é pra ser social, acaba sendo segregador, separa a ajuda ao pobre negro do pobre branco, quando deveria ser geral os beneficiados! E beneficiados com ensino fundamental de qualidade, pra competir de igual no ensino específico que é a faculdade.
Ótimo texto, ótimo argumento. Mas, continuo achando errado abrir cotas por cor. Afinal, mesmo havendo mais negros pobres e sem escolaridade do que brancos, existem brancos pobres e sem escolaridade e excluindo-os das cotas esses passam a ser as minorias que um dia terão de ser defendidas de um sistema arcaico e preconceituoso em todas as estâncias.
Preconceito não se resolve com mais preconceito, mas com educação. E para todos.
E quem definirá minha cor? Um tribunal racial?
Desde pequena me reconheço negra (pretos +pardos). Minha família materna é negra, já a paterna é branca, sou a dita “parda”. Entretanto, quando foi indagado aos que estavam ao meu lado se me consideravam preta ou branca, todos disseram que me viam como branca, logo, imagino que um tribunal racial entenderia da mesma forma.
Agora eu pergunto, quem são eles para afirmar se sou ou não negra?
Raça é um requisito tão insignificante que só poderia ter sido criado por Hitler!
Falar em escravidão é fácil, mas o que esquecem que é que escravidão está relacionada a questão de poder econômico. Antes de portugal escravizar a África os próprios povos negros se escravizavam (a tribo vencedora escravizava os vencidos), nas tribos européias também era assim (brancos escravizavam brancos). Com a expansão econômica para o novo mundo tornou-se economicamente favorável a portugal escravizar africanos. Acredito que a cota deveria ser social, assim, de uma maneira ou outra, acabaria favorecendo os negros. Vejo que é realmente uma lei simbólica que visa criar uma nova classe dominante e, quanto a isso, não vejo problemas. nada mais normal em uma sociedade completamente misturada que todas as cores ocupem os mais altos cargos e possuam a mais profunda influência. O problema é estatizar uma segregação racial (entre brancos e pretos) para se atingir esse objetivo, já que existem maneiras menos lesivas para se enfrentar o tema – cotas sociais. Se nas cotas os negros concorrem entre si, coitado do negro pobre, pq apenas negros ricos que tiveram a mesma condição de estudo que qualquer “branco” passarão nas cotas. TODOS os meu amigos cotistas estudaram em escolas particulares a vida inteira, isso não é desleal à própria ideia da medida afirmativa? pois estes negros já pertencem a elite social, conforme definida pelo colega acima. Penso que se a ideia de se formar uma nova elite social os negros estarão muito mal representados, já que faltou a esses negros ricos o bom senso de deixar as vagas de cotas para os negros pobres que, de fato, não teriam condições de concorrer com os “brancos” (coloco branco entre aspas, porque, na verdade, me refiro a rico, independente de cor – a classe média é parda, meus amigos, e pardo está incluído na categoria “negros”!).
Credo… cada gente maluca… Quanta msg nonsense!
Eu entendi seu ponto, mas acho que a análise estatística está completamente equivocada. Foram apresentados os seguintes dados:
• Analfabetismo é mais frequente em jovens negros.
• 62% das crianças fora da escola, na faixa de 7 a 14 são negras (±350,000 contra 220,000 brancas)
O que sugere que temos menos alunos negros preparados para entrar em cursos de superior do que alunos brancos e, portanto, não é correto confrontar a participação negra na população universitária com participação da população negra na sociedade. Não seria mais honesto comparar a razão entre alunos negros e brancos que completam o ensino médio com a razão entre o número de alunos negros e brancos que tem acesso a alguma modalidade de ensino superior (Universidade pública, particular e ensino técnico)?
Do ponto de vista puramente matemático está minha crítica.
Agora me elucide por que em um país no qual o ensino fundamental e médio são indigentes há tamanha preocupação com ensino superior? Por que não lutar por melhor qualidade de ensino? Um programa de ensino mais completo.
Havendo uma proposta educacional, e visando a igualdade racial, mais ampla do que simplesmente uma reserva de vagas acho que um sistema de cotas por um período determinado possa ser benéfico, mas de forma alguma cotas são a solução para qualquer problema diferente de “estatística feia”.
A meu ver o problema racial é o preconceito, esse é o problema que deve ser resolvido.
As sociedades capitalistas funcionam somente com pouca gente rica e muita gente pobre, e a diferença entre distribuição de renda entre brancos e negros não faz diferença real na qualidade de vida de quem é pobre.
Além disso, acredito que a manutenção dessa distribuição desigual de pobreza seja tão por conta da dificuldade de ascensão social inerente à sociedade capitalista quanto ao dito preconceito racial.
Dito isso, não entendo como cotas raciais resolvem o problema do preconceito, mas se alguém me der um bom motivo pra dizer que resolve, daí sou totalmente a favor das cotas raciais.
Simplesmente não resolve.
Caras, a maior parte de vocês opina tendo uma visão de fora. Eu cresci num bairro muito pobre, em uma casa muito pobre, cercado de gente pobre. Eu vi minha família esperar na fila do leite. Eu via propagandas na rede bobo e sabia que até as bolachas anunciadas eram fora da minha alçada.
Tive um ensino público terrível, de péssima qualidade. Não teria nenhuma chance de ingressar em uma escola que exigisse qualquer concurso para ingressar. Queria entrar num colégio de ensino médio concorrido, nem tentei. A prova exigia conhecimentos que nem de longe a escola me passou, e eu mal tinha dinheiro pro ônibus, quanto mais pra um cursinho.
Mas não sou negro. A maior parte dos que me rodeavam também não é.
Então o correto seria uma cota social, e não racial. O problema é o mesmo. As origens são diferentes, claro. Negros tem seus problemas originados dos anos de escravidão. Os meus dos anos de militarismo que afundaram o país e quebraram minha família anos atrás. Pode ser que para os negros tenha sido um acúmulo de problemas, mas no fim, estávamos no mesmo lugar.
A sociedade tem sim que arcar com esses problemas. Mas o problema é meu, do negro, do amarelo, enfim. É um problema social. Não só racial. Cota por raça é burrice. Cota social seria a melhor solução.
Se formos tentar corrigir todas as dívidas históricas da humanidade por meio de cotas, vai faltar vaga… Sou contra cotas raciais por todos os motivos citados pelos que comentaram antes de mim. Se houver um tipo de cota, que seja social.
concordo plenamente com voce!
Para os desavisados, as cotas SÃO SOCIAIS mas tem um recorte racial dentro das mesmas, cota racial é apenas um subrecorte das cotas sociais, então não adianta vir com essa conversa de que as cotas não contemplam os estudantes pobres independente da cor de pele.
“Na prática significa que os cotistas disputam uma vaga entre si enquanto os demais disputam a maior parte das vagas.” MENTIRA!!!!!!!!! Negros concorrem ao total de vagas mais às vagas reservadas por critério racial. Hoje, graças ao “Estatudo da Igualdade Racial”, teremos brevemente cotas em todos os concursos públicos, na iniciativa privada, no atendimento médico, SUS, etc. Conclusão: para tudo no Brasil teremos cotas por critério racial. Em breve, talvez, em filas de banco também. Ademais, por que o senhor não falou nada acerca dos índios, igualmente contemplados pelas cotas? Particularmente, nem sei quem é índio ou não é! Vais me falar do “índio urbano”, aquele termo absurdamente contraditório? Talvez o termo “índio”, nesse contexto, refira-se, nas entrelinhas, a nordestinos. Aí talvez faça algum sentido.
http://www.youtube.com/watch?v=y_dbLLBPXLo&feature=related
O problema é a má distribuição da renda…não a raça. Não se pode saldar as dívidas sociais gerando mais desigualdade..
Porque os manifestantes negros e alunos de escolas publicas não fazem movimentos pelas ruas para reivindicar melhorias no ensino medio e basico? Isso a gente não vê né, mas na hora de lutar pela vaga na universidade eles tem ousadia..
e quando se pensa que educação no Brasil não pode piorar, ela ainda consegue ser ainda pior…
Wyara, olhe a distribuição de renda e compare com a questão racial. É bastante óbvia a similaridade…
oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. isso mesmo
Devo lembra que isso acontece pelo fato de que há muito anos atras ” NÓS NEGROS ” fomos obrigados a trabalhar para os ” senhores” da epoca, pois estes nao tinham capacidade de trabalhar . Enquanto trabalhavamos , voces brancos cresciam socialmente e nós fomos atrasados em tudo …
Lei Áurea ? depois dela , o rascismo continuou e atualmente queridos isso ainda existe , e doi ser negro !
Digo Nós pois eu realmente me sinto parte disso, parece que sinto na alma quando um olhar preconceituoso me acompanha.