Em meio às discussões sobre a Redução da Maioridade Penal, surge a pergunta: Quem lucra com as prisões ? Para entender a resposta é preciso analisar uma série de fatores…
Primeiro falemos das prisões e cadeias hoje em dia. Em boa parte do país elas são estatais, ou seja, a exploração do “negócio presídio” é, em tese, sem geração de lucro. Em tese, claro, porque há diversos serviços envolvidos, todos, claro, com o lucro como objetivo. Senão vejamos.
Laranja com Pequi
Esse nome bizarro é uma das manobras utilizadas pela Polícia Federal e Ministério Público quando faltam melancias para por sobre os pescoços fazem operações conjuntas que pretendem chamar a atenção do público. Você certamente já ouviu “Lava Jato”, “Castelo de Areia”. Mas há outros mais esdrúxulos, “Operação Gasparzinho” e até um pesudo-culto “Alegoria da Caverna”. A Polícia Federal e o Ministério Público são sempre muito sérios, todos sabemos {{não acredite em mim – Terra}}.
Mas, maldita cachaça, me perdi.
Dizia eu que houve uma operação chamada “Laranja com Pequi” {{foco, foco, foco}} que foi investigar as refeições nos presídios:
A operação foi deflagrada no dia 26 de junho de 2012 pela Polícia Federal. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão na prefeitura de Montes Claros.
Segundo o Ministério Público, os envolvidos combinavam, previamente, os preços e condições para o fornecimento de alimentos para escolas e presídios da cidade. Em Montes Claros, as suspeitas começaram quando o valor gasto anualmente com a merenda escolar passou de R$ 2 milhões para R$ 12 milhões.
{{não acredite em mim – G1}}
Em reportagem, a Carta Capital cita diversos casos semelhantes, como um ocorrido em Goiás:
O nome da Cial Indústria e Comércio de Alimentos, responsável pela alimentação de detentos em Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Pará, chegou a aparecer durante as investigações da Operação Monte Carlo, vinculado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo a PF, Cachoeira teria usado de sua influência no poder público para a empresa vencer uma concorrência de fornecimento de marmitas no maior presídio de Goiás, estado administrado pelo tucano Marconi Perillo.
{{não acredite em mim – Carta Capital}}
E não nos precipitemos, caros petistas, nosso PT tem bastante envolvimento em casos semelhantes. Este blog já afirmou e reafirma: O sistema prisional é a grande falha dos governos do PT. Não se move uma palha, não se grita, não se fala e não se cochicha sobre o tema. Mas seguimos.
Cada vez que se constrói um presídio, alguém lucra. Cada vez que se prende mais e mais pessoas, muita gente lucra e lucra muito.
Ok, já entendemos, pô. E a redução com isso??
Calma, crianças, chegamos lá. Mas, primeiro, tergiversemos.
Falemos de um assunto que nada tem a ver com isso {{exceto que tem tudo a ver}}. Falemos da Reforma Política. Falemos de financiamento de campanha.
Hoje as campanhas são financiadas por empresas privadas {{e pode ler esse privada como trocadilho que não tem problema nenhum, não}}. Algumas dessas empresas, não por acaso, são construtoras. Que como tais, fazem, olha só, presídios.
Quem doa 1 milhão não doa de graça, cobra seu preço. Obviamente elas não lucram só com a construção de presídios. Lucram bem mais quando o governo deixa de escolher uma área como ZEIS {{Zona Especial de Interesse Social}} e permite que não se construa uma habitação popular, mas um prédio de alto padrão.
Agora imagine, por um instante só {{mais que isso dá vontade de vomitar, é perigoso}}, que uma empresa que administre presídios faça doações aos deputados e senadores.
Qual o tamanho da pressão que essa empresa faria para que o legislativo crie leis que prendam cada vez mais pessoas?
Voltemos, pois então, à discussão presente: redução da maioridade penal. Quem é que lucra com as prisões?
Não é difícil imaginar, vendo as prisões como fonte de lucro {{ou simplesmente como empresas}}, que a redução seja pura e simplesmente uma reserva de mercado. Uma forma de potencializar seu lucro.
Você reduz a maioridade, leva mais gente para as cadeias. Mais cadeias serão necessárias. Se você administra uma prisão e cobra por preso, mais lucro. É lucro de empreiteira, de empresa de marmita, de empresa que administre os presídios. UAU!! Avisem o ministro Levi! Imagine o dinheiro que rodará ?
E quem vai preso? Isso não interessa, ou melhor, não interessa aos brancos ricos donos dessas empresas todas.
Mas e a você? Interessa?
Em tempo: A foto de capa deste artigo é de Cauê Novais, do Coletivo Transverso
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