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Voto obrigatório x Voto Facultativo

Quantos e-mails, discussões, perguntas você já ouviu sobre este tema? “Ah, que democracia é essa que te obriga a votar?” Hoje uma breve explicação a respeito…

Aí o ser humano se irrita com Tiriricas e afins e resolve por a boca no mundo:

Que raios de democracia é essa que nos obriga a votar?
Prezado ser humano {{ou quase isso, se for você um troll}}, a questão é mais ou menos assim: A democracia é mantida por aparatos anti-democráticos não vou citar autores famosos aqui para poder responder aos comentários com maior “panca”.
Ah, o blogueiro pirou de vez o cabeção, esqueceu de fazer a pesquisa diária, bebeu, sei lá! Calma queridona, vamos a alguns exemplos:
pmjuiz
Nem o mais ingênuo dos leitores vai dizer para a minha pessoa que a PM é democrática. A sentença do juiz é irrevogável {{claro, existem as instâncias, mas, ao final, é irrevogável}}. Entre outras coisas. O voto é mais um destes aparatos, apenas.
É, com toda certeza o mais simbólico deles, mas tem sua importância. Podemos pegar um exemplo de democracia {{vamos concluir que o Brasil é melhor exemplo, mas é bom quebrar paradigmas}}, que tal… Os Estados Unidos ?
Por lá o voto não é obrigatório, vejam só, que ótimo exemplo. Na última eleição a expectativa era que cerca de 136 milhões dos americanos votassem, um recorde. A realidade não ficou, de fato, muito longe {{125 milhões, se arredondarmos}}:
Isso significa que 44,6% dos americanos votaram ou ainda, que 64,1% dos aptos a votar como você poderia ler, se quisesse em matéria do New York Times {{não acredite em mim}}.
Em 2004, outro recorde, Bush foi eleito em uma eleição que levou às urnas cerca de 116 milhões de eleitores:
Ou seja, cerca de 41,6% dos americanos e um pouco menos do que os 64,1% de 2004. Mas não me importa aqui dizer quem votou, me importa saber quem não votou, para termos aí uma análise mais ampla…
Mas EPA! Calma lá! Não se perca nos números.
As eleições por lá são proporcionais {{e o KIKO?!}}, vou tentar fazer uma analogia livre, para facilitar a compreensão…
Se o Brasil fosse os EUA {{teríamos Iphone 4 baratinho}} cada estado valeria um número específico de votos, segundo sua densidade demográfica {{se quiser ser chato pode me corrigir e dizer eleitores cadastrados, mas é quase a mesma coisa}}:
Cada estado da região Norte soma 1 voto –> N = 7 votos
Cada estado da região Nordeste soma 2 votos –> NE = 18 votos
Cada estado da região Centro-Oeste soma 2 votos –> CO= 6 votos
Cada estado da região Sudeste soma 4 votos –> SE = 16 votos
Cada estado da região Sul soma 3 votos –> S = 9 votos

{{Nem preciso dizer que é uma adaptação livre apenas para facilitar o entendimento, né?! Em todo caso, dito está}}

Isso significaria dizer que um candidato poderia ter mais votos e ainda assim perder as eleições, num exemplo extremo. Como?! Uai, o sujeito vence na região Sudeste {{16 votos}} e vence na região Sul {{9 votos}} somando seus {{25 votos}} e perde nas demais regiões por uma diferença de 1 voto, apenas. Seu adversário teria 31 votos contra os 25.

Incrível!
Mas até aí, queridão, você não provou nada, só que o voto proporcional é injusto. Pode ser, mas considere que os o voto optativo, nos EUA, ocorrem durante a semana, e calcule a quantidade de trabalhadores informais ou mesmo formais que não são liberados para votar, porque o patrão simplesmente não concorda com a sua posição política…
As últimas eleições americanas aconteceram durante uma belíssima terça-feira, dia, portanto, de trabalho, correto? Ah, é só mudar o dia das eleições. Ok, é só mudar mas isso facilita para quem está no poder manipular os resultados, ou não?!
Mas não vamos ficar no superficial, vamos ao cerne {{dados, dados, quero dados!}}:
dados{{não acredite em mim clica que aumenta em outra aba/página}}
O vencedor da eleição, como se sabe, foi Obama. Seus principais eleitores?Negros e hispânicos {{alguma dúvida de que são os mais pobres nos EUA?}} e com baixa escolaridade {{ele também vence com escolaridade maior, mas a vantagem é ínfima em comparação aos demais}}.
Justamente os eleitores mais fáceis de se manipular a não votarem, simplesmente por dependerem demais dos salários e, consequentemente, dos patrões em questão liberarem do serviço em uma terça-feira.
Só por curiosidade, movi a barrinha que indicava a vitória de Bush em 2004, para ver se ele venceu com os votos das minorias e… que surpresa, não! Perdeu feio… veja você mesma (o):
dados2{{não acredite em mim é o mesmo site que o link anterior, mude a barra na esquerda para 04…}}
Note que Kerry ganhava com maior e menor graduação {{não alcoólica, mas escolar}} e entre os negros. O diferencial foi, exatamente, a proporcionalidade aliada à não obrigatoriedade dos votos.
Há ainda outro fator bem esclarecedor para nós, a média salarial e a quantidade de votos, repare, no gráfico abaixo, que as menores rendas votam menos e as maiores rendas votam mais:
voto_salario2voto_salario1
{{no gráfico à esquerda a quantidade de votos para faixa salarial anual entre 16 mil e 25 mil dólares, no gráfico à direita os mesmos dados para faixa salarial entre 25 mil e 33 mil dólares}}{{não acredite em mim, clique no “Median Income” para ver os dados}}
Agora, leitores, pensem no Acre ou outro estado pequeno, sem proporcionalidade, exatamente como hoje, no Brasil.
Por lá alguns políticos somem com barcos {{Xapuri é um exemplo}} para a população não ir votar, mesmo com o voto sendo obrigatório, a prova é a preocupação que o governo sempre tem em mandar tropas do exército para garantir os votos:

Quando o voto não é obrigatório é dado ao patrão a chance de não liberar o empregado a ir votar. O patrão poderia não permitir que seu assalariado {{papo de comunista? Mais ou menos…}} participasse das eleições.

O voto é obrigatório, portanto ocorre aos domingos, e, mesmo as que trabalham aos domingos tem o direito assegurado de irem votar, sem desculpas do patrão ou medo de perder o emprego…


Minha conclusão? O voto ser obrigatório é uma garantia de democracia, e não o contrário…
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