Afinal, o que está acontecendo no Rio de Janeiro?! Os traficantes estão com o controle ou estão mesmo fugindo?! É o mesmo que aconteceu em São Paulo em 2006?! Qual a origem do conflito? Há soluções?!
Polvilhos e Polvilhas o momento é tenso e exige explicações. Eu tentei evitar, tentei fingir que não estava acontecendo mas o momento exige que se esclareçam algumas coisas.
Para tentar clarear a minha mente de tanta morte e assassinato eu acabei pensando em como essa história toda se deu, qual foi a origem disso tudo e onde vamos parar…
A questão não é de hoje, a questão está ligada ao início daquilo que um dia se chamou “Progresso”, bem ali, ao final do século XIX e início do século XX.
“Esse Caipira enlouqueceu de vez” dirá a sagaz leitora e o desconfiado leitor. E, de fato, esse Caipira aqui nunca foi muito normal, mas peço que continue a leitura para, quem sabe, entender meu ponto de vista.
O Rio de Janeiro no início do século XX passava por uma série de reformas urbanas, que procuravam aproximar a então capital federal à Europa e, mais especificamente, tinha como inspiração as profundas mudanças que ocorreram em Paris no início do século XIX, cujo crítico principal foi Baudelaire.
{{Cerimônia de Inauguração das obras para abrir a Avenida Central. Foto do livro “Rio de Janeiro – Uma viagem no Tempo” de Fernando da França Leite}}
É público e notório que as reformas na cidade levaram a população de renda mais baixa à periferia da cidade do Rio de Janeiro, que, como se sabe, não é das cidades mais extensas. Sobrou, a esta população, o morro.
http://www.youtube.com/watch?v=FbxZUTCZ-Ds?hl=en
Tenho certeza absoluta de que não foi isso que Tom Jobim quis dizer com “quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar”, mas, de fato, foi o que ocorreu.
Não, o morro não é só traficante. O morro não é só drogas. Claro que não. Mas é inegável o poderio do poder paralelo.
Em São Paulo, cidade com extensão territorial bem maior que o Rio de Janeiro, a população de baixa renda é escondida na periferia. O contato com a violência é mais raro o que acaba causando uma sensação de segurança maior. O Rio de Janeiro é limitado pelo morro. Junte isso com o ‘bota abaixo’ e você sabe quem foi morar ali no morro…
Chegamos então ao cerne da questão, o poder paralelo e aquilo que o mantém. Deixemos a questão no ar e vamos de volta a São Paulo.
Em 2006, como se sabe, houve uma série de ataques a policiais civis, militares e até mesmo os que estavam servindo ao corpo de bombeiros. Á época houve um total de 437 mortes civis entre bandidos e inocentes e um total de 45 policiais e agentes de segurança. As informações constam de um documentário {{não acredite em mim}} e referem-se aos ataques do PCC não apenas em São Paulo {{Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia}}.
ATUALIZAÇÃO: {{Obrigado @Maria_Fro}} Foram mais mortes:
Em todo o ano de 2006 foram mortos 495 civis no Estado de São Paulo. E isso dá conta da carnificina que foi. Os policiais mataram mais inocentes do que o próprio PCC.
Não quero, com isso, dizer que a polícia, numa situação como esta, deva entrar com uma bandeira branca em punho dizendo: “gente, make love not war”. Não sou tão maluco assim.
Em São Paulo os ataques foram planejados com antecedência e foram fruto de revolta por transferência de presos, numa tentativa de desarticular o crime organizado. Em São Paulo, segundo “Nagashi Furukawa, ex-secretário da Administração Penitenciária” do governo Alckmin / Lembo, não houve acordo, o que houve foi o governo ceder à pressão do PCC {{maior facção criminosa dentro de presídios do mundo}}:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=a9-jbzY2fXs?fs=1]
“Não vejo como acordo nenhum (…) e se nós negássemos e as mortes continuassem, aí sim nós poderíamos ser responsabilizados”
A situação foi, portanto, bem diferente da descrita por Rodrigo Pimentel em entrevista ao site Terra:
Mas voltemos à questão deixada no ar logo no início do texto. Quem é o poder paralelo e o que é que o mantém… É mais do que claro que a grande questão do PCC, Comando Vermelho e do poder paralelo das milícias é uma questão de saúde pública.
O problema é bem conhecido da nação e atende pelo nome genérico de tóxico ou droga use você o eufemismo ou não, todo usuário de droga ilegal é também um mantenedor desse sistema.
O que não implica em dizer que A CULPA seja do usuário. Não, é preciso relativizar essa questão. A culpa é do usuário mas é minha e sua. E de quem achou bonita a tal reforma {{Alô, Olavo Bilac, você também tem culpa no cartório}} do século XIX. Tem culpa o governo também.
Mas a principal razão é a criminalização das drogas. É preciso descriminalizar. É preciso legalizar, arrecadar impostos e, principalmente, controlar a produção, ganhos que vem com a legalização.
E o nobre leitor sabe que não estou dizendo simplesmente para que amanhã ou depois simplesmente se libere e taxe o plantio ou produção de outras drogas. É preciso antes uma política de saúde pública, com redução de danos e conscientização da população.
Um trabalho a longo prazo, para 5 ou 10 anos. Você que é contra apenas lembre-se de que desde antes de Jesus Cristo já havia uso de tóxicos / drogas. No Egito antigo já havia este tipo de substância.
É razoável supor que o ser humano sempre usou drogas. E, muito provavelmente, sempre usará. A partir daí a questão passa a ser, simplesmente, de que forma vamos controlar isso.
Está claro para mim que a atual forma de controle não funciona. Você tem dúvidas? {{não deixe de ler a parte 2}}
Moro no Rio há 13anos. E o ES, estado de onde eu vim, parece que aprendeu direitinho a lição ensinada pelos vizinhos cariocas uma vez que a violência lá só faz aumentar. Violência essa alimentada pelas mãos de governantes que até parecem parentes dos menores que agrediram homossexuais na paulista (“Meu filho não agrediu”. É o que a mãe de um deles disse. Essa frase foi pra compartilharmos a lâmpada recebida na cara pelo jovem agredido!). Preocupados de mais com o próprio umbigo, esqueceram de fazer o seu papel principal: governar. Essa guerra urbana acontecendo aqui não é de hoje, como você bem frisou. O problema é que a UPP funciona como uma toalha branca em cima de uma mesa cheia de restos podres deixados por aqueles mesmo governantes que se lambuzaram na máquina pública. E o tráfico é alimentado sim por usuários de drogas ilícitas, mas também por quem compra roupa , tênis e cd piratas na Uruguaiana, faz a sorte jogando no jogo-do-bicho e assiste à tropa de elite 2 pirateado (ou porque o preço do cinema é caro de mais ou não tem a carteirinha de estudante falsa pra pagar meia entrada) tomando a mesma cerva no final de semana que já foi proibida um dia em algum lugar (lei seca nos EUA. Alcapone que o diga!) mas que hoje paga impostos e tem uma das indústrias mais fortes nessa área do mundo. E essas mesmas pessoas batem no peito apontando e achando que não é com elas. Mas aí vem os problemas (mais, pra ser redundante). Por que não comprar esses produtos piratas se o próprio governo, encarregado de punir os vendedores ambulantes, tem como aliado o maior contrabandista do país (Romeu Tuma Jr está aí pra não me deixar mentir. Coitado! A informação vazou. Acho que alguém estava querendo o cargo dele). Então como é isso? O próprio governo que limpa, suja! A legalização do uso de drogas já acontece no Brasil. Psicotrópicos e entorpecentes são vendidos em drogaria. Há regras pra se comprar. Há legislação a servir como guia (Portaria 344/98). E dentre esses medicamento há aqueles que são, inclusive, mais potentes que a cocaína (ex: anfetamina e derivados). Deveria ser assim com todas as ditas drogas ilícitas (só uma observação: o ectasy foi inventado por uma indústria farmacêutica). Mas…há sempre um mas na frase quando se trata de um país que prefere jogar inseticida na sala a ir direto na fossa. Sabe aqueles governantes glutões que me referi no início? Pois bem. Foram eleitos por esse povo.
Mas o povo quer isso, o maior exemplo é em São Paulo, todos reclamam da Projeção Automática (INVENSÃO A MAIS DE 20 ANOS DO PSDB), as crianças vão passando de ano em ano sem apreender escrever e muito menos lêr, pois ai que está o legal da coisa, não havendo reprova sempre haverá vaga, então não precisamos construir escola, e sim PRISÃO, agora volto ao inicio, quando disse que o povo quer isso, o que esta ocorrendo, pois o PSDB (Geraldo Alkimim) venceu novamente no 1º turno, agora pergunto fazer o que?, pois o povão quer ele mais 4 anos, e o povão não irá se preocupar com seu filhos, pois mais 4 anos de aprovação estará garantido, ou eu estou errado.
A policia tem que matar os bandidos! Vamos em frente BOPE!!!
Eu acredito que legalizar melhoria bem as coisas, porémo porém brasileiro ainda não tem discernimento para lidar com a legalização das drogas!
Enquanto as televisões transmitem cenas de guerra no Rio de Janeiro, a população de São Paulo permanece anestesiada apesar do controle total e absoluto do PCC nas penitenciárias e periferias paulistas; digo isso como POLICIAL. O Estado de São Paulo optou por uma estratégia diferente contra o crime organizado:
As cenas de guerra vistas no rio foram vistas como uma ameaça a perpetuação política-eleitoral do grupo que permanece no controle do estado desde… desde sempre (Fleury, Quercia, Covas, Alckmin, Serra, …). Assim, durante a demonstração de força do PCC no ano de 2006, o governo paulista operou um acordo: o crime não promove a barbárie nas ruas, afetando as eleições; e o estado, em contrapartida, não interfere nos “negócios” do crime.
No dia em que houver o enfrentamento em SP, cenas piores serão vistas.