Agora que a eleição acabou surgem manifestações já antigas de xenofobia e preconceito com o intuito de explicar a nova derrocada da direita no país. A mídia, agora, finge perplexidade.
Antes que os nobres senhores se emocionem com a empreitada da ImprenÇa contra o xenofobismo, é bom lembrar alguns fatos:
“As pesquisas de opinião revelam que os votos de Dilma e Serra têm diferentes bases sociais. Quando analisadas por escolaridade e renda o padrão de Dilma é uma pirâmide; seus votos são proporcionalmente mais altos nos estratos de mais baixa renda e escolaridade, e caem na medida em que sobem a renda e a escolaridade”
(…)“Termino com mais uma pergunta: por que morar em certos Estados e regiões do País está fazendo tanta diferença na hora de votar?”
Ora, o que é isso senão dizer: Dilma foi eleita pelo NE {{e assumir que o NE tem menor escolaridade}}?
Acontece que Dilma foi eleita pela região Sudeste e Sul também. Ou seja, partindo da argumentação xenófoba de que S e SE deveriam se separar do resto do país, ainda assim teríamos Dilma presidenta.
Como alguns de nós sabemos, o Brasil é uma república federativa {{por isso, talvez, leve o sugestivo nome de República Federativa do Brasil, mas é só uma tese…}} democrática, um Estado de Direito {{outrora Estado de Direita…}}.
Para que fique claro o significado, vamos ao Caldas Aulete:
“Estado assistencial
1 O Estado (organismo político e administrativo) visto como provedor do mínimo necessário ao bem-estar do cidadão (alimentação, saúde, habitação, transporte, habitação etc.), de modo a compensar lacunas e carências geradas por desigualdade social. Com inicial maiúsc.]
(…)Estado de bem-estar (social)
1 Econ. Pol. Ver Estado assistencial. ”
Seria injusto, como gosta de dizer a clientela mais fanática, se essa história de igualdade social fosse gerada por preguiça ou por burrice {{São Paulo elegeu o Tiririca, Maluf, Pitta, Clodovil, entre tantos outros, só para deixar claro essa questão da inteligência}}.
Como não sou daqueles que gostam de dizer que a história de nada serve, relembro aos leitores menos sagazes que a região NE é defasada economicamente por questões que convém perguntar aos professores de cursinho {{sim, até estes são capazes de explicar}} e não ao blogueiro, que já tem perguntas em demasia.
Voltando a análise séria, o que poderíamos esperar de uma turma cuja informação chega através dos dois principais jornais do estado {{São Paulo}} ? Ora, não foram justamente estes dois, mais a turminha do Reinaldo Azevedo {{não acredite em mim}} quem adorou ficar divulgando dados sobre a escolaridade do voto petista?
Não são poucos os casos de demissão por contas no Twitter pela ilusão de anonimato que ele causa. E é como diz um grande amigo meu “na bebedeira, na brincadeira e no anonimato é que se diz o que pensa”.
Pois sim, senhoras e senhores, aí está o resultado de uma mídia tão bem informada e informativa.
É claro que não sou daqueles que considera a mídia a grande culpada por tudo. Houvesse educação formal neste país e nenhum ser humano chamaria Dilma de terrorista ou Erra de covarde. Houvesse educação formal neste país e nenhum ser humano chamaria o Bolsa Família de ‘bolsa-esmola’. Houvesse educação formal neste país e nem se precisaria de tanta “Bolsa-Família.
Mas não há. E aí é que entra a responsabilidade da imprenÇa. Porque o poder de quem é provedor de informações {{ainda que deturpadas}} aumenta na proporção inversa a tal escolaridade. E vejam, não estou falando do nível de escolaridade, mas da qualidade da escola, em todos os níveis. Estou incluindo escolas e universidades públicas e particulares. Com alguma nuance, é claro.
Não adianta vídeos e mais vídeos demonstrando o quão injusto é a tal ‘culpa nordestina’ pela eleição de um ou de outro.
E não isento blogueiro e twitteiro que compara Bolsa-Família com cesta básica e depois escreve post indignado com o xenofobismo {{falo de um blogueiro específico mas não cito nem os tweets nem o post por considerar injusto a publicação sem prévia autorização do autor, autor quê, querendo, terá espaço neste blog para se defender, desde autorizada a publicação das conversas}}.
Quando você diz que Bolsa-Família é o mesmo que dar uma cesta básica no mês da eleição; quando você compara o Bolsa-Família com compra de votos; você está isentando aqueles que dizem que o NE não tem consciência. E por consequência está dizendo que o NE é burro {{a região NE, esclareço, é a região onde mais famílias estão cadastradas no Bolsa Família}}. Simples assim.
E ignora um fator extremamente importante da democracia. Cada um defende aquilo que lhe interessa. Ou seja, à elite faz-se necessária a defesa de seu status quo enquanto às classes mais pobres {{e aqui não falo da região NE mas dos votos com menor escolaridade}}, cabe a defesa do projeto que lhe deu poder de compra. E com ele independência, inclusive, de pensamento.
O resto, minha gente, é demagogia barata.
Anaálise simplesmente perfeita.
Eu também tenho percebido que, depois dos resultados finais das eleições, vários setores da sociedade estão querendo dividir o país com todo tipo de preconceito. Inclusive a mídia. Ou melhor, a imprenÇa. 🙂
Primeiro foi essa história dos nordestinos. Vários jornais e vários colunistas diziam isso. Depois que foi mostrado que, mesmo sem os votos dos “nordestinos-cabeças-chatas-pobres-que-votaram-na-Dilma-para-não-perder-o-bolsa-família”, a Dilma ganharia, pararam com essa história.
Agora o que tem é uma imagem em que, de um lado, aparece o mapa do Brasil feito pelo Estadão (aquele dos pontos azuis e vermelhos); e do outro lado mostra o mapa do Brasil pelo índice de analfabetismo, querendo provar que quem votou na Dilma foram os “ignorantes” e os “analfabetos”. E no rodapé dessa imagem aparece aquela célebre frase “uma imagem fala mais do que mil palavras”. Procura no Google que você encontra essa imagem. 😉
Bem que se poderia mostrar ao pessoal que criou essa imagem a quantidade de artistas, intelectuais, professores, cientistas, pesquisadores, filósofos e demais pessoas inteligentes (dentre elas, eu e você) que votaram na filha do búlgaro.
É o que eu digo, a direita que tem medo de água não se conforma, até agora, do Zé Pedágio ter perdido a eleição e quer dividir o Brasil, colocar brasileiro contra brasileiro, com todo tipo de preconceito.
O Nordeste e Norte são regiões atrasadas e beneficiadas em grau maior com os programas assistenciais, é óbvio que o povão iria votar para garantir o mínimo. É como você disse, cada um tem direito de defender seus interesses….
O PT foi extremamente inteligente ao estabelecer essa relação tipicamente maquiavélica com eleitor, alguns amavam o governo outros temiam, votam pelo amor ou pelo temor… perfeito!
Os outros partidos e mídia tem que se conformar, pois tiveram a oportunidade de fazer a mesma coisa na década passada e não fizeram….
Quanto a questão de citar, não precisa de autorizacao para linkar e se você citar um pequeno trecho da obra do autor também não necessita de autorizacao. Se der problema faço sua defesa gratuitamente =DDDDDDD
Hugo, apenas 11 milhões recebem o Bolsa Família em todo Brasil. O NE é composto por 34 milhões de eleitores (em 2008, dados não muito confiáveis, da Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Nordeste… )
Não foram, portanto, os que receberam Bolsa Família, responsáveis pela vitória de Dilma no NE.
Quanto a citação, vou manter teu contato rsrs. Mas não citei por uma questão ética, não jurídica… 😉
Considero todos os programas sociais assitencialistas e todos os beneficiários, que são infinitamente maiores que o número de 11 milhoes. Quando cortava o cabelo dias antes da eleição ouvi a conversa alheia e era no sentido que uma familia inteira votaria na Dilma para preservar o benefício de um parente. O impacto é infinitamente superior a 11 milhoes…
Sim, mas aí eu pergunto: esses programas sociais serem eleitoreiros ou não, não é irrelevante? Quer dizer, a questão não é ajudar os mais miseráveis a tirarem o pé da lama?
Até hoje as pessoas persistem em dizer que toda ação política em prol do bem-estar social é apenas para proteger o eleitorado e que por isso devem ser repudiadas… a que isso né, se for assim toda boa obra, lei deve ser vetada porque é apenas um meio de ganhar mais votos nas futuras eleições. Sobre o bolsa-família, é verdade que é um plano que não tem saida, ou seja, não dá muitas oportunidades para sair daquele estado, mas, este plano pelo menos tem entrada e ele tem salvado muitas vidas e garantido o pão de cada dia a milhões de brasileiros que estão sendo hostilizados por pessoas que só pensam em si mesmas.