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   Eu achei que a segunda-feira começaria com a renúncia, que não houve, embora pareça mais próxima…


      Sindicatos egípcios convocaram para esta segunda-feira umagreve geral para pressionar pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, em meioaos mais intensos protestos no país em três décadas. A greve foi convocada nasprincipais cidades egípcias: Cairo, Alexandria, Suez e Port Said. O governo,por sua vez, anunciou a ampliação do toque de recolher até às 8h (4h emBrasília) desta terça-feira.
      Segundo representantes da oposição, os protestos, queentraram no sétimo dia e já deixaram mais de cem mortos, continuarão até quehaja uma ampla reforma política e econômica no Egito.
      Manifestantes dizem aceitar um governo de transição e querema convocação de eleições diretas e transparentes. Na área econômica, queremmedidas para combater o desemprego e incentivar a economia. Cerca de 50 milmanifestantes continuavam reunidos na praça Tahrir, no centro do Cairo, namanhã desta segunda-feira, cercados por tanques do Exército e desafiando otoque de recolher imposto pelo governo.
      As forças militares, no entanto, tem evitado atacarmanifestantes e foram registradas cenas de confraternização entre militares e apopulação. Há informações de que a polícia, instituição vista por muitos comouma ferramenta de repressão do governo, voltou às ruas nesta segunda-feira,após autoridades terem determinado a retirada de parte das forças nasexta-feira.
      Segundo analistas, essa ausência contribuiu para o aumentode saques e vandalismo. Opositores vêm nessa ausência temporária dos policiaisnas ruas uma estratégia do governo para criar um clima de caos. Em algunsbairros do Cairo e de outras cidades, moradores montaram barricadas, armadoscom bastões e facões para proteger suas residências e lojas contra saques evandalismo. 
Novo começo
      De acordo com a mídia árabe, a crise política no país não dásinais de que terá solução rápida, apesar das medidas adotadas por Mubarak, quenomeou um vice-presidente e um novo primeiro-ministro para tentar acalmar oímpeto de seus opositores. Em discurso feito na praça Tahrir, localizada nocentro do Cairo, o líder da oposição e prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradeipediu no domingo que Mubarak deixe o poder imediatamente.
      ElBaradei foi ao local participar do sexto dia demanifestações contrárias ao governo egípcio. Portando um megafone, ele sedirigiu à multidão afirmando que “o que foi obtido (com os protestos) nãopode ser revertido”. O líder opositor disse esperar que a saída do atualpresidente represente um “novo começo” para o Egito. “Eu mecurvo ao povo do Egito em respeito. Eu peço a vocês paciência, a mudança estáchegando nos próximos dias”, disse.
      O clima de tensão no Egito aumentou no fim de semana, tantono Cairo quanto em outras cidades, como Alexandria. Jatos da Força Aéreasobrevoaram a praça Tahrir, principal ponto de concentração dos manifestantes.A multidão reunida na praça chegou a bloquear a passagem de uma coluna detanques do Exército enviada ao local para conter as manifestações. Já o toquede recolher voltou a ser desafiado pelos integrantes dos protestos. Cerca de 2mil pessoas ficaram feridas nos choques ocorridos no Cairo, Suez e Alexandria.
Possível sucessor
      Ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica(AIEA), ElBaradei é visto como um postulante natural à sucessão de Mubarak, queestá no poder há 31 anos. Neste domingo, porta-vozes da Irmandade Muçulmana,maior movimento de oposição egípcio, formado por fundamentalistas islâmicos,indicaram que o grupo deverá apoiar ElBaradei como líder de um eventual governode transição. Também no domingo, vários movimentos políticos do país divulgaramuma declaração conjunta pedindo que ElBaradei forme um governo de coalizãodepois da eventual saída de Mubarak do poder.
      Em Alexandria, milhares de manifestantes fizeram umapasseata perto de uma mesquita, durante o funeral de dois manifestantes queforam mortos em confrontos com a polícia no sábado. Segundo o correspondente daBBC em Alexandria John Simpson, há uma forte presença militar na cidadecosteira e a situação é tensa. O domingo é o início da semana de trabalho noEgito, mas a capital não parecia estar em um dia normal, com menos pessoas nasruas e muitas lojas, bancos e empresas fechadas.
      Grupos de vigilantes foram formados nos bairros, após aretirada de parte das forças policiais das ruas. Os vigilantes se armaram combastões e algumas armas, além de montar barricadas durante a noite para seproteger de saqueadores. Jatos da Força Aérea egípcia sobrevoaram amanifestação no centro do Cairo Apesar dos grupos de vigilantes voluntários,ocorreram saques em várias partes da cidade, incluindo o Museu Nacional.
Reunião
      O presidente egípcio, Hosni Mubarak, se reuniu no domingocom seus comandantes militares. Segundo o canal de televisão estatal do Egito,Mubarak e os militares revisaram as operações de segurança para conter osprotestos, que são os mais intensos das últimas décadas no país.
      Mubarak empossou o chefe de Inteligência egípcio, OmarSuleiman, como vice-presidente – cargo que nunca havia sido ocupado nos 31 anosde seu governo. Já o novo primeiro-ministro será Ahmed Shafiq, que antesocupava o Ministério da Aviação. Ele ficará responsável por formar o novogabinete. As transmissões da TV árabe Al-Jazeera realizadas através de umsatélite egípcio foram suspensas.
      Mais cedo, as autoridades do país tinham ordenado que a TVárabe encerrasse suas operações no país e suspendeu o credenciamento dejornalistas e funcionários do canal. O canal de televisão árabe tem feito umacobertura detalhada dos protestos. O governo chegou a bloquear os serviços detelefonia celular e internet. Mas, no sábado, a telefonia celular foi parcialmenteretomada.
Estados Unidos
      Os Estados Unidos pediram novamente que o Egito realize umatransferência de poder pacífica. A secretária de Estado americana, HillaryClinton, disse em Washington neste domingo que quer ver uma tra
nsição para umgoverno democrático. “Queremos ver moderação, não queremos ver violênciade nenhuma das forças de segurança”, disse Clinton ao canal de televisãoamericano ABC News. Vários países, entre eles os Estados Unidos, a China e oJapão, estão organizando operações para a retirada de seus cidadãos no país.
      O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmouque Israel está acompanhando atentamente os eventos no Egito e que esperamanter relações pacíficas com o vizinho árabe.   De acordo com autoridadespalestinas, a passagem de Rafah, entre o Egito e o sul da Faixa de Gaza, estáfechada. Estados Unidos, Grã-Bretanha e vários países europeus divulgaramalertas para que seus cidadãos cancelem viagens que não sejam essenciais para oEgito, principalmente as cidades do Cairo, Alexandria, Luxor e Suez.
      O turismo, uma das principais atividades econômicas doEgito, já foi afetado pelos protestos realizados no país. Militares fecharam oacesso às pirâmides de Gizé, um dos principais destinos turísticos egípcios. Noaeroporto do Cairo, muitos voos estão atrasados ou foram cancelados devido aotoque de recolher.

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