Primeiro é preciso esclarecer que não sou dos mais chatos com a televisão. Não acho que a Globo seja o demônio em forma de empresa, nem considero que o Big Brother Brasil é das coisas mais asquerosas da televisão. Nem poderia.
Quem já viu o programa do Ratinho chamando casais para discutirem DNA ao vivo não pode dizer que o BBB é o pior da TV. Quem já viu o Super Pop discutindo se é certo ou não ser gay, não pode dizer isso. Quem já viu o Caldeirão, não pode dizer isso {{ok, essa foi só pelo jabá}}. Quem já viu o Datena dizendo que bandido tem de morrer, simplesmente não pode dizer que o BBB é o pior da televisão. Alguém aí se lembra de “Aqui e Agora”?!
Estive lendo um artigo no Observatório da Imprensa {{não acredite em mim}} do qual destaco:
fazer a crítica a esse perverso programa não é coisa de pseudo-esquerda. Deve ser obrigação de qualquer um que pensa o país.
De fato. Deveria ser a obrigação de qualquer um que pensa o país. Isso não é fator que impede alguém de ver o tal programa {{embora eu mesmo ache que não tem graça, mas é outra questão, se eu gostasse assistiria…}}. Apenas é preciso fazer como fazemos ao ler a Veja ou a folha: usar o cérebro.
É possível que algum leitor pense como eu e diga: Ora, se é para pensar eu desligo a TV. De fato, é isso mesmo. Mas também não é preciso muito raciocínio, apenas ligar o censo crítico bastaria. E por favor, não tenha a ilusão de que você assistindo estará ajudando o programa a se manter no ar, porque a questão é mais embaixo…
A questão, senhoras e senhores, é que a população menos crítica, menos culta, menos estudada, menos ____ {{coloque ali um adjetivo qualquer}} vê o que a televisão passar. Não importa. É divertido? A galera vê. Simples assim.
E não acho que seja função da rede Globo educar. Mas deveria ser função do governo proibir que a Globo incentivasse práticas, digamos, contraditórias, tal como o da foto acima.
Fosse a Globo dotada de bom senso e teria dito para a participante sair do programa ou exigido que ela fizesse uma pesquisa e demonstrasse publicamente os males que o uso de anabolizantes podem fazer {{ia ser divertido ver a tal “Maria” tendo que ler um livro e resmungando pelos cantos, como não?!}} ou qualquer coisa do tipo ‘vamos salvar a imagem do programa e, de quebra, sair como bonzinhos’.
Mas ela não é dotada de bom senso. Nem eu sou ingênuo a ponto de achar que ela deveria ser. Não. O governo {{
sim, porque a televisão é concessão pública, pesquise o termo concessão no dicionário}} deveria estipular alguma regra deste tipo.
Lembram da tal censura petista?! Então…
Mas não posso concordar com a impressão geral que tive do texto do Observatório, a de que são todos coitadinhos: telespectadores, participantes, apresentador. A única culpada parece ser a rede Bobo Globo de televisão. Aí não, que não nasci ontem.
Fato é que em algum nível os participantes fazem mesmo qualquer coisa pelo milhão. Mas poderiam fazer ‘qualquer coisa’ diferente. Por exemplo: numa prova qualquer de líder onde todos tem de ficar em pé horas e horas os caras poderiam fazer um sorteio qualquer {{dois ou um}} e o vencedor seria o líder, todos os outros desistiriam e pronto. 5 minutos de prova e um Boninho irado. Subverter a lógica vigente.
Não creio e digo sinceramente, que o Boninho poderia eliminar todos os participantes de uma só vez. Mas para pensar em subverter a lógica é preciso um mínimo de educação política, de senso crítico.
Mas os participantes são regidos por outra lógica: dinheiro e bunda. Ou variantes do mesmo tema. Em geral é disso que é composto o pensamento da classe média alta, que é de onde chegam a maior parte dos tiozinhos enjaulados…
São seres que leem a Veja, assistem o BBB e querem ser iguais. Vítimas? Pode ser, mas não do BBB. O BBB apenas dá seguimento a esta lógica. A Globo não é a única nem a maior culpada. A culpa é sua. é minha. A culpa é da sociedade pensante que não exige regras claras para as concessões públicas. A culpa é dos políticos {{clichê?!}} que nós colocamos lá.
O Big Brother não é mais estúpido do que uma propaganda de cerveja. Não é mais emburrecedor do que um jornal que dá mais importância ao SPFW do que ao aumento nas passagens de ônibus, simplesmente porque quem aumentou paga em publicidade.
Eu não assisto o BBB, mas não acho que ele seja o demônio. Só acho chato mesmo.
Li e re-li o texto mas não entendi duas coisas: você é a favor do controle do estado sobre a programação de TV e, sendo a favor, acha que o BBB deveria passar pelo crivo desse controle?
Pessoalmente acho que o Estado não deveria proibir as pessoas de se comportarem de forma estúpida ou burra desde que tais comportamentos não prejudiquem a sociedade.
Teilor,
Controle não. Regulamentação sim. Sou a favor do Estado proibir programas que chutem Santa porque ela é negra e bizarrices como estas… leia a matéria “A Censura Petista” {{ https://imprenca.com/2010/10/censura-petista-o… }} que eu explico melhor o assunto…
Abração
Olha, pedir p os participantes boicotarem o próprio programa, acho impossível, utópico. Mas uma coisa é certa: várias provas de resistência podem ser encaixadas como abuso físico e psicológico. Embora tenham o direito de escolher ser o primeiro a sair p não ficar com o corpo dolorido ou passar mais tempo humilhado vestido de galinha dentro de um forno quente, acho tenebroso incentivar qlqr prática desse tipo. O mesmo digo para programas que fazem as pessoas comer baratas limpinhas de laboratório por dinheiro. Nesse sentido, acho que esse tipo de prova deveria não ser permitida.
Em relação aos participantes, acho péssimo a irresponsabilidade de uma “musa do BBB” dizer que tem aquele corpitcho moldado por anabolizantes. Incentiva, fato. Mas pior do que isso, é uma pessoa homofóbica vencer o BBB. Há algo de muito errado com os brasileiros.
Não adianta pedir para a TV educar, mas é possível pedir para a TV não incentivar o que há de pior.