Escolha uma Página
Espalhe a notícia

Kassab realiza volta de shows gratuitos na cidade de São Paulo {{praticamente encerrados no pós-Marta}}, mas com algumas deficiências. Fica a pergunta: Incompetência ou plano a longo prazo?!

Quando Marta era a prefeita da cidade de São Paulo, além de construir corredores de ônibus e cobrar taxas aleatórias, existia uma política cultural que promovia, ao menos aos domingos, shows de graça no Ibirapuera e outros pontos  da cidade, como o Municipal.
Hoje o prefeito é o Kassab {{ Aquassab, ou o nome que você desejar}} e a política cultural da cidade é, basicamente, um dia no ano cheio de coisas ao mesmo tempo chamado de Virada Cultural {{e tem corruptelas, como a Virada Esportiva}}. Além deste dia maluco, especialmente maluco, há shows aleatórios em pontos aleatórios da cidade.
Antes de falar dos shows de graça, analisemos um pouco o que significa a virada cultural.
Política cultural
Os programas da secretaria –de manutenção de corpos artísticos a patrocínio– somam, em 2010, R$ 73 milhões. Produtores culturais ouvidos pela Folha estimam que, desse valor, no máximo R$ 10 milhões se destinem à programação.
Isso significa dizer que cerca de 10% do orçamento {{não sou tão ruim de matemática, apenas aproximei}} vai para 1 dia.
Um dia cheio de shows. Um dia onde você tem, ao mesmo tempo, Sidney Magal e o Grupo de Teatro do Zé da Esquina {{doravante GTZE}}. Não me entendam mal, muito provavelmente o GTZE tem muito mais qualidade cultural do que o Sidney {{foi mal Sid}}. O ponto é justamente este.
É uma #putafaltadesacanagem o sujeito fazer o público ter de escolher entre o senhor X, famoso, e o GTZE bom mas anônimo para o grande público.
É bem verdade que há um incentivo ao centro, afinal, somos todos obrigados a visitar aquela região mal cheirosa, mal iluminada e cheia de crack para assistir aos shows da virada. Ou seja, ele finge que incentiva o centro enquanto esquece desta região o ano inteiro.
Quando a criadora-mór de taxas e túneis terminados em faróis {{esse é o máximo que a oposição conseguiu criticar a Marta}} era prefeita, a cidade tinha uma política de cultura semanal. O sujeito da periferia sabia que todo domingo haveria show de graça nos lugares X.
Isso cria na população, especialmente a que não tem hábitos culturais, uma rotina de cultura. A rotina traz um ganho a longo prazo, culturalmente falando.
Mas, dirá a sábia leitora e o atento leitor: “você disse que o Kassab está fazendo shows de graça!” Sim, senhoras e senhores {{e animais que por ventura se dispuseram a visitar o blog}} eu disse e repito: o Kassab está fazendo shows de graça na periferia.
Kassab deste modo estaria incentivando a cultura na periferia, algo extremamente elogiável. De fato. Mas aí vejamos…

“Acho que os organizadores vacilaram nesse ponto. O povo ia lotar o parque mesmo, o show é gratuito. Eles deviam ter fechado as ruas e colocado telões do lado de fora”, opinou. – Sobre o show gratuito de Norah Jones {{não acredite em mim}}

Como o principal evento do ano cultural paulistano toma 10% do orçamento, o dinheiro para todos os outros projetos {{leis de incentivo inclusas, bem como a divulgação dos shows}} talvez não sobre dinheiro para o investimento cultural periférico.

Norah Jones é uma música de classe média alta, classe alta, falando de uma maneira geral. É extremamente positivo, portanto, conceder o acesso a este tipo de artista em local tão próximo à favela de Heliópolis.

Mas o show tinha caixas de som apenas nos palcos. Então as pessoas falavam e… você não escutava a Norah Jones. Então os carros passavam e… você não ouvia Norah Jones. Perseguição minha? Olha o título da matéria:



Apoie o Jornalismo Independente

Não lembro de ter ouvido reclamação semelhante quando fui ao show do Iron Maiden no autódromo de Interlagos. Havia bem mais pessoas e elas conversavam, ainda assim ouvia-se o show perfeitamente. A diferença, meus caros, é a quantidade de caixas de som no show.
No último domingo tive a oportunidade única de não assistir ao show do Manu Chao. É, mas não precisa acreditar em mim;
É, pois é. Se eu contar ninguém acredita. Mas basicamente é o seguinte: o show não é de graça você paga por ele o ano inteiro. Depois, ainda que fosse de graça, se a prefeitura vai fazer um show desse porte em uma região de periferia {{que, infelizmente, por definição não está preparada para receber um show}} é preciso investir em: transporte; estacionamento, caixas de som, banheiros químicos.
Isso não tem ocorrido. É sistemático, é óbvio, e está na cara de todos. Não foram poucos os comentários do tipo: “nunca mais volto em shows de graça”. Ou seja, o que era para ser um incentivo à cultura acaba por retalhar o interesse de uma população não acostumada a este tipo de ação.
Isso talvez explique o sem número de moradores próximos à rua do show que estavam com um pagode bem alto ligado {{sem julgamentos de melhor ou pior, falo apenas do interesse em algo novo}}, ignorando qualquer possibilidade nova de cultura.
A longo prazo o público para este tipo de show vai minguar e a prefeitura vai deixar de fazê-los. Resta somente a dúvida: é proposital ou é por incompetência?!
Espalhe a notícia