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É mais ou menos isso que eu disse no artigo de fevereiro de 2011, intitulado, vejam só, de “O Sonho de Bornhausen” {{não acredite em mim}}

 

 

Enquanto isso, José Erra observa atentamente…

 



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FERNANDO DE BARROS E SILVA Bornhausen de pijama SÃO PAULO – Jorge Bornhausen não é mais um demista (democrata seria demais). Até ontem presidente de honra do DEM, anunciou sua desfiliação do partido. É uma notícia sem nenhum efeito prático, mas com grande significado simbólico. Se o DEM ainda precisava de um funeral, ei-lo. Aquele que em 2005, na crise do mensalão, pretendeu “acabar com aquela raça”, referindo-se aos petistas, vê agora sua profecia se realizar diante do espelho. Governador pela Arena, senador pelo PDS, ministro da Educação de Sarney pelo PFL (que fundou em 1985), ministro-chefe da Casa Civil de Fernando Collor -a sua é uma biografia e tanto. Ao se associar a FHC em 1994, Bornhausen e o PFL, herdeiros e sobreviventes da ditadura, procuravam pegar carona na modernização democrática do país. Veio o lulismo, associado a outros setores do atraso, e praticamente varreu a oposição do mapa. Derrotado e oficialmente sem partido, Bornhausen agora busca abrigo na Arca de Noé de Kassab, o PSD, cuja aspiração é ser uma espécie de “PMDB do B” e usufruir do poder. A situação de Bornhausen é um retrato do que se passa com a direita no país. Parte expressiva dela está amarrada ao bonde Lula-Dilma, com gente saindo pelo ladrão. E o que resta não consegue se organizar como alternativa de poder. Há, porém -dos novos consumidores nas cidades à pujança do agronegócio no Centro-Oeste-, uma nova base social em gestação no país que tende a ser sensível ao canto da sereia conservador. Cedo ou tarde, ela vai exigir mais seriamente uma opção política à direita. FHC percebeu isso com clareza quando pediu, no seu famoso artigo, que o PSDB fale à imaginação das classes médias emergentes. Os tucanos, vivendo hoje sua pior crise, ainda teriam a chance de ser “o” partido da centro-direita pós-lulista. Mas precisam abandonar a ilusão do que um dia quiseram ser (isso é o PT). Para não acabar como Bornhausen, na calçada da história, jogando dominó de pijama.
 

 

{{não acredite em mim – folha de São Paulo}}

 

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