Alertado por um leitor atento fui ler o artigo “Pobre Campinas” {{não acredite em mim}}no jornal online “Barão em Foco” {{uma referência, talvez, a Barão Geraldo, região de Campinas, mas poderia muito bem ser referência a uma educação do século XIX, por exemplo…}}. Pois bem, para que não digam que não falei das flores, vamos a ele.
Não sem antes contextualizar. Este blog já tratou da tal xenofobia algumas vezes {{leia Xenofobia: Quando a poeira baixa, mostram-se as armas. e Xenofobia não. Nazismo mesmo.}} mas não custa lembrar, para quem não é lá muito frequentador, do significado {{significante?}} da palavra:
(xe.no.fo. bi.a)
sf.
1 Aversão a pessoas e coisas estrangeiras; XENOFOBISMO.
2 Antipatia, desconfiança, temor ou rejeição por pessoas estranhas a seu meio ou pelo que é incomum.
A definição é dada pelo dicionário Aulete {{não acredite em mim}}. Dito isso, vamos ao artigo:
Desde há muito tempo Campinas foi considerada uma cidade privilegiada. Com duas Universidades, um sistema médico-hospitalar avançado, dezenas de espaços culturais e teatros, atraia pessoas que vinham de longe para estudos, tratamentos médicos e desfrutar dos espetáculos, inclusive da gloriosa Orquestra Sinfônica de Campinas, regida durante 25 anos pelo maestro Benito Juarez. Os artistas brasileiros, apresentavam os novos espetáculos primeiro em Campinas e, dependendo da reação, depois os levavam para São Paulo e Rio de Janeiro.
Foram anos dourados que justificavam os dizeres do Brasão da Cidade.{{não acredite em mim}}
Os grifos são meus e são para demonstrar o tipo de pensamento do infeliz que redigiu o tal texto. Os dizeres do Barão da cidade são: Labore Virtute Civitas Floret {{algo como No labor e na virtude a cidade floresce}}. Ok até aqui nada de muito grave, senão pelo fato de considerar Campinas uma cidade privilegiada.
Mas o lixo artigo continua:
De 1960 até 1996, o Brasil cresceu de 70,9 milhões para 157,0 milhões de hab. = 121%.De 1960 até 1996, Campinas cresceu de 219,3 mil para 908.9 mil hab. = 314%.
Ou seja, quase o triplo da média nacional.Este desproporcional aumento populacional, fruto de migração constituída principalmente por pessoas carentes, teve conseqüências para a cidade. As mais evidentes foram o declínio do padrão cultural e o aumento de políticos forasteiros na cidade.
Ou seja, o declínio está diretamente relacionado à migração. Declínio da cidade veio através da #gentediferenciada que por ali chegou. Uma lástima. Campinas, a bela cidade cultural, caiu na desgraça pela migração. Certo?!
Pois gostaria mesmo que o sujeito Alfredo Moro Morelli {{cujo e-mail é morelli@djweb.com.br }} me explicasse um fato, digamos, incomum segundo o artigo dele. Chama-se Hilda Hilst. Uma das principais escritoras que este país já teve e com toda certeza a mais importante escritora da região de Campinas {{foi, já que já morreu}}. Segunda a biografia oficial:
Paulistana de Jaú, nascida no dia 21 de abril de 1930 e falecida a 4 de fevereiro de 2004, Hilda Hilst é reconhecida, quase pela unanimidade da crítica brasileira, como uma das nossas principais autoras, sendo consideradas uma das mais importantes vozes da Língua Portuguesa do século XX. Segundo o crítico Anatol Rosenfeld, “Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional em todos os gêneros literários que se propôs – poesia, teatro e ficção”. {{não acredite em mim}}
Nascida em Jaú!! Que coisa não?! A Hilda Hilst teria sido uma dessas pessoas que fizeram, nas palavras do Barão em Foco o declínio do padrão cultural da tão aclamada cidade. Ou será apenas mais uma manifestação ridícula de xenofobia?!
Ouso dizer que que o declínio do padrão cultural de Campinas está muito mais ligado ao pensamento pequeno de pessoas cuja principal preocupação é explicar porque raios não alcançou o tal american dream ridiculamente importado. É bem mais fácil explicar o seu fracasso pessoal quando colocamos a culpa em alguém pobre, certo?
O resultado da crença na filosofia do é só se esforçar que todo mundo consegue é a xenofobia. É preciso colocar a culpa da não-ascensão econômica em outras pessoas do que admitir que a filosofia está errada ou simplesmente admitir que não se esforçou {{essa última para os mais crentes…}}. E o resultado dessa frustração são coisas como:
{{Crédito da foto: Tobias Feijoo – não acredite em mim}} |
Em tempo: Agradeço a dica do leitor Bruno Ribeiro {{@Brsamba}}.
Moço, quando mudei pra Campinas, nos idos de 80, senti a xenofobia desse povo. Sou de Americana, que hoje faz parte da RMC (região metropolitana de campinas, grande merda). Até perdemos a identidade com essa sigla. Como se as cidades do entorno não tivessem história, etc e tal.
Só um desabafo. Obrigado.
Sou de Goiânia, sei muito bem que aqui não é tão bom.. mas não é também uma ROÇA, é grande o preconceito com quem é do centro-oeste brasileiro.. vejo isso na televisão, eu vibro quando algum jornal televisivo menciona meu estado, na hora de apresentar as previsões metereológicas… só falam o de DF e nem tocam no meu estado. E vejo que aqui mesmo na minha cidade que existe xenofobismo da classe média way of life (não é minha essa expressão).
Vou mudar minha certidão de nascimento, mudar o local aqui, só para me precaver quando precisar ir para Campinas hehehe… brincadeira.
Seu menino! Conheci esta tal de Hilda Hilst. Era famosa nos anos 60.
Foi uma das maiores patricinhas do Brasil. Só podia mesmo ser de Campinas.
Era filha única de fazendeiro, estudou num Colégio Interno em São Paulo – só para a nata, depois estudou em colégio particular e morava sozinha num apartamento na Alameda Santos – A L A M E D A S A N T O S, com direito a uma vassala chamada Marta. Depois se formou em direito no Largo de São Francisco, depois foi pras Europas onde “namorou” o ator americano Dean Martin e assediou, sem sucesso, Marlon Brando, segundo li em vários sites na Internet.
Dinheiro e farras pra ninguém botar defeito e os mais pobres que se danem, como sempre. Tem gente que chama isto de cultura. É história da xenofobia típica da podre sociedade campineira e seus artistas snobes.
Giovanni,
O resto do mundo discorda de você. Academia Paulista e Brasileira de Literatura, Drummond, toda a Unicamp, João Cabral de Melo Neto, entre tantos outros. Sério mesmo, se você estudar um pouco literatura vai ver que o que acabou de dizer não faz o menor sentido (e pega um pouco mal…).
Desculpe se pareceu rude, não foi a intenção.
Abs
É a cidade mais medíocre em que já morei. Medíocre em TODOS os aspectos. Povinho com uma tara doentia por sons de alarmes, som automotivo, música ruim e carros e motos “quanto mais barulhentos melhor”. Matutos deslumbrados. É um lugar que não oferece NADA, nem lazer, nem cultura ou calor humano. Às 20:00 a cidade já está morta e, nas ruas, só travestis (por incrível que pareça, todas as noites forma-se uma fila de carros dos que querem desfrutar dessa única opção de “lazer”). E o que dá mais raiva é quando dizem: “aqui é assim mesmo…”. Poderia escrever 1000 linhas sobre campinas, mas prefiro resumir a uma palavra, de novo: medíocre. Enfim, campinas, campineiros e a tal RMC não passam de uma grande perda de tempo.