15 de junho de 2011. Pode não ter acontecido absolutamente nada de incrível no mundo. Pode até ser que digam que o STF aprovou o óbvio {{e quem aí dirá que não?!}}, mas o STF mostrou mais uma vez que o país está evoluindo.
Não é raro olharmos para o país com um olhar de decepção. Motivos, certamente, não faltam para isso. Temos um país com recorde mundial de assassinato {{extermínio?!}} gay. Temos vereadores e deputados do nível da família Bolsonaro e o voto de protesto por aqui é o Tiririca.
Temos a mesma diferença proporcional de estudos entre brancos e negros desde a época da escravatura e ainda há quem queira utilizar camisetas escritas: “100% branco” achando que isso é defender uma minoria.
Há quem fale em Ditadura Gay e há quem ache que mulher de mini saia está pedindo para ser estuprada.
Tudo isso é verdade e não se pode negar. Não se pode ignorar.
Mas estamos em um país em franca ascendência, tamanha que o risco de se investir por aqui é menor do que em uma das maiores potências que este planeta já observou {{sem dúvida a maior potência militar que já existiu por aqui…}}.
Ontem de noite tivemos duas coisas que provam que o
político é tudo corrupto está redondamente enganado. Redondo como os políticos citados por Eduardo Galeano {{
não acredite em mim}}, redondos por darem voltas de 360º.
Ontem de noite o STF provou que vivemos, de fato, em um estado democrático de direito.
Busca-se, na presente causa, proteção a duas liberdades individuais, de caráter fundamental: de um lado, a liberdade de reunião e, de outro, o direito à livre manifestação do pensamento, em cujo núcleo acham-se compreendidos os direitos de petição, de crítica, de protesto, de discordância e de livre circulação de idéias.
Foi aprovado, pela maior instância jurídica deste país, que fazer uma manifestação contra qualquer lei ou ainda contra a própria constituição não é e não será nunca anti-democrático, pelo contrário. Disse o Ministro Marco Aurélio:
A possibilidade de questionar políticas públicas ou leis consideradas
injustas é essencial à sobrevivência e ao aperfeiçoamento da democracia.
Não é um passo pequeno, é a afirmação de um aparato democrático. Como se isso fosse pouco menos de um mês atrás o mesmo STF declarou que duas pessoas do mesmo sexo, vivendo juntas, constituem uma família.
O grande “problema” da democracia é que esperamos sempre {{e corretamente}} o ideal. Mas raramente paramos para pensar que, sendo a democracia uma união de vozes e opiniões plurais, o ideal não será nunca alcançado.
O ideal de José Serra não é o meu, o de Dilma não é o dele nem o meu e, ainda assim, estamos todos contemplados num país democrático. É bem verdade que avanços e ajustes precisam ser feitos e conquistados, mas não se pode negar que o país está se movendo.
Apesar de tudo.