O projeto Nova Luz pretende dar parte da cidade de São Paulo para a iniciativa privada. Para resolver a situação do paisagismo e urbanismo na região onde estão localizadas aS cracolândiaS {{ressalto o plural porque a imprenÇa não o faz}} a prefeitura pretende pagar a iniciativa privada para que ela resolva a questão.
O projeto, segundo a prefeitura, prevê:
O projeto consolidado de requalificação urbana da Nova Luz prevê ampliar em 94% o potencial construtivo da região, agregando cerca de 1 milhão de metros quadrados de novas construções e viabilizando o aumento do potencial comercial e de serviços da região em cerca de 370 mil metros quadrados.
{{não acredite em mim – Prefeitura de São Paulo}}
Como a prefeitura fará isso? Pagando! Sim, senhoras e senhores, a prefeitura de São Paulo, através de seu prefeito, o sempre nota 10 Aquassab, pretende pagar R$355 MILHÕES à iniciativa privada.
É claro que é apenas uma previsão. O estudo de viabilidade feito {{sim, eu disse feito, não disse encomendado}} pela faculdade FGV, coisa que, em tese, não quer dizer nada. A FGV tem uma belíssima reputação nesse tipo de estudo. O único senão deste caso específico fica por conta do seu vice diretor, que acumula o cargo de…secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho!
Ou seja, ele encomendou um estudo que ele mesmo fez, sem qualquer interesse nisso, é claro. As informações estão em matéria da folha de São Paulo, que você pôde ler aqui mesmo nesse blog {{não acredite em mim}}.
Miguel Bucalem, secretário de Desenvolvimento Urbano, disse que esse é ainda um cálculo preliminar. De acordo com ele, somente no edital da concessão, que deve ser lançado em aproximadamente dois meses, será definido o valor máximo de gasto de dinheiro público.
Ou seja, esse valor pode subir ainda mais. Segundo o estudo de viabilidade financeira {{e vou partir do princípio de que ele é isento, posto que confio na FGV}} R$355 milhões seria o valor que a iniciativa privada gastaria com reformas, desapropriações, etc.
Outra belíssima surpresa {{agora sim, ironia mode on}} é que a região que concentra diversas cracolândias não prevê a construção de nenhum CAPs AD {{para entender a sigla leia esse post, é um local de aconselhamento e e tratamento para adictos}}, como podemos comprovar através do próprio site da prefeitura:
Serão ainda implantados uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um Centro de Atenção ao Idoso, um posto de assistência social e o Centro Integrado de Promoção Humana, com biblioteca e áreas para capacitação.
A solução dos usuários de crack, segundo a prefeitura, parece ser a internação compulsória, a iniciativa privada e a total ausência de senso de realidade. Na prática o que ocorrerá é a fuga dos usuários do bairro {{que pretende ser nobre}} para as regiões mais próximas.
Além disso a responsabilidade do planejamento está por conta da iniciativa privada.
O consórcio Concremat Engenharia, Cia.City, AECOM Technology Corporation e Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi escolhido em maio de 2010 como vencedor da licitação para o Programa de Requalificação Urbana Nova Luz da Prefeitura de São Paulo.
{{não acredite em mim – Prefeitura de São Paulo}}
Momento tutorial para o prefeito de São Paulo
A iniciativa privada é formada por empresários. Empresários são pessoas super bacanas e bonitas, limpinhas, bem cuidadas. Esses cidadãos do bem passam a vida numa busca incessante pelo lucro. Em geral têm certo sucesso, especialmente porque os governos tencionam a ajudá-los, sempre que possível.
É também aquele grupo de pessoas que pedem empréstimos altíssimos quando alguma crise acontece. Em geral essas crises ocorrem porque esse grupo de pessoas não pensou no amanhã, apenas no lucro. Os governos dão os empréstimos, porque se tratam de cidadãos de bem.
A prefeitura, no entanto, é aquele órgão onde vossa excelência trabalha. Em tese ela não busca lucro, mas proporcionar um ambiente decente para os cidadãos. Os cidadãos, por sua vez, pagam taxas para que a prefeitura possa proporcionar o tal do ambiente.
Final do tutorial para o prefeito de São Paulo
E qual seria o lucro dos tais empresários? A prefeitura pagará R$355 milhões para que eles façam as reformas, planejamento, etc. E o lucro previsto para os mesmos empresários está calculado em 5 BILHÕES de reais.
A prefeitura poderia fazer ela mesma o projeto? Sim!
E gastaria quanto, seu Caipira?
Gastaria 135 milhões de reais a mais, para isso. Puxa vida, seu Caipira, mas isso é muito! Bem, o PIB da cidade de São Paulo está calculado em 320 bilhões de reais.
E o projeto está sendo preparado a cerca de 6 anos.
Em 6 anos seria perfeitamente possível economizar essa quantia, caso houvesse planejamento.
Mas, seu Caipira, quem era o prefeito em 2005? Era um senhor chamado José Erra. E o vice, seu Caipira? O vice era um senhor chamado Gilberto Aquassab.
Como é bom ser empresário em São Paulo!
a prefeitura pagar 355mi para ter uma area do centro de sao paulo novamente produtiva (no sentido de arrecadação de impostos) não é gasto e sim investimento. Um concessionario privado administrará a area de acordo com um plano que segue todas as leis da prefeitura de sao paulo, inclusive as de patrimônio histórico.
a cidade de sao paulo “paga” por uma area central, com a melhor infraestrutura do brasil, com 40% de sua superficie (privada) como estacionamento. esta situação é inaceitavel. é preciso aumentar a arrecadacao desta area – que possui portencial para isso – para investir em outras areas carentes da cidade.
sinto muito, toda a argumentação acima é de alguem que desconhece por completo todo o processo ou não quer conhecer.
Rodrigo,
Ninguém disse que é ruim investir na área. O que foi dito, e repito, é que é horrível que quem faça o planejamento sejam os empresários, especialmente sabendo que a prefeitura poderia arcar com todos os custos e ter o controle da situação, sem precisar fazer da coisa uma privataria sem sentido.
Além disso a ideia higienista de empurrar os usuários de crack para longe dali para transformar a área em ‘comercialmente produtiva’ não me parece muito humana.
Releia, por gentileza, e veja como eu não critico o investimento, mas a forma como ele é feito.
Abraço
rodrigo, não seja ingênuo. O que a prefeitura quer é expulsar a população pobre do lugar para beneficiar meia dúzia de empresários. Isto nada tem a ver com investimentos para a população da cidade: é a cidade que é tratada como mercadoria.
Caro Sr. caipira,
Eu, como fã compulsivo de vosso blog, sinto-me livre para meter o pau em vc (com camisinha, claro).
Vc erra na dose qndo fala mal da iniciativa privada… O erro aqui – e nisso concordo – é a visão higienista de que se pode varrer a merda (ñ estou politicamente correto hj) pra baixo do tapete e que ela para de feder… Uma vergonha a cidade de São paulo (ainda) pensar assim e permitir que governantes assim o façam…
Agora, a iniciativa privada ñ tem nada com isso…
E se quer saber, acho 350 milhões mto pouco para uma área tão grande… Alias, acho que ñ faria sentido algum não ser um projeto junto com a iniciativa privada! Imagina, um bairro só de repartições públicas?! Parece um inferno, não?! hahahaha…
O problema é o modelo de se relacionar com o que lá está, existe e continuará existindo… e envergonhando uma cidade rica como SP que não consegue cuidar daquelas pessoas e, há tantos anos, não consegue levar a sério a situação… e quando se mete a resolver, usa a tática de “varrer pra baixo do tapete…
Agora, as tintas q vc usa nos números e na tal privatização são dignas de jornal do PCO… q ta no mesmo nível da Veja, só que elevado a -1…hahaha…
O X é que a iniciativa privada ñ tem instrumentos (mto menos interesse) em resolver a situação caótica q ta lá… o máximo que ela enxerga é o que sempre nós paulistas fizemos…mandamos a polícia dar umas porradas de vez em quando e fechamos os olhos…
É isso… mas no fundo vc tem razão…errou nas tintas e pesos, apenas…. na minha humilde e fã opinião…
Oq pouca gente sabe, que antigamente essa area era bem movimentada. A reforma da estação luz MATOU aquela região. Lembro das lojas fechando 1 por 1.
Pra quem acompanha, sabe que isso dai é mudança de donos.
CANALHAS, CANALHAS, CANALHAS!
Gostaria aqui de deixar o meu parecer como estudante de arquitetura e alguém que seguiu de perto todo o processo de estudo sobre o Projeto Nova Luz.
Seria importante você saber que a verba que se pede de instituições privadas vêm pelo fato de que a prefeitura não libera tanta verba assim para obras de restauro e preservação da cidade.
É preferível, para o atual governo, construir algo novo no lugar ao invés de melhorar o que já existe. É uma característica do brasileiro.
Muitos dos monumentos e locais tombados vivem de patrocínios, para que não haja necessidade de depender da verba pública, afinal o espaço da cidade é de todos.
Outro fator é você dar crédito os departamentos do Patrimônio Histórico de São Paulo, pois foi lá onde boa parte da pesquisa e projeto foi desenvolvido.
E pra quem eu pergunto sobre a cracolândia?
Oi Lia… só um detalhe de quem tb tá na área… Patrocínio via Rouanetñ deixa de ser (aliás, realmente é) parte de uma política pública… Pro bem ou pro mal… mas abandonado ñ é o termo…
abs
boa tarde aõs amigos de plantão sobre esta situação que nos assombra ,que é tomar de assalto a santa ifigenia ,opsss.
assalto naõ é coisa de bandido????
estava pensando em comprar uma casa no bairro que eu moro ( tatuapé ) mas fico pensando porque eu vou comprar ( voces ) iriam compar uma casa ,e depois de algun tempo ,por causa da lei 14917 a prefeiura poderia ( pode ) tirar de voce e dar para uma empreiteira ,ou para quem quiser ,( nos sabemos quem vai receber da prefeitura ) para montar um projeto ,restaurar o bairro , fazer do bairro um boulevard ,,deixar a area tomada ,muito mais movimentada etc ,etc e tal,e entregar para as grande empreiteiras que são os grandes patricionadres das campanhas de varios deputados ,vereadores e até de prefeitos,,,aliás varios destes foram cassados e continuam a meter a mão no jarro.
eu não sei se é vergonha na cara destes nossos governantes
ou se é vergonha na nossa cara ,porque se não lutarmos contra isso e mais alguma situação que esta aparecendo contra nós da santa ifigenia ,estamos frito )
realmente ( moço ) é muito difici
antes eu sonhava ,,hoje eu nem durmo mais
as: domiciano ( alemaõ )
DÍVIDA MUNICIPAL INCALCULÁVEL: A Prefeitura atual deixará uma dívida de mais de R$ 3 bilhões na Nova Luz para os munícipes e para os futuros Prefeitos em lugar dos R$ 355 milhões citados; essa avaliação inclui somente os imóveis. O lucro de R$ 96 milhões, agora garantidos pela Prefeitura ao Concessionário, implicará em nova dívida ainda não incluída no orçamento do município, a qual será decorrente das avaliações judiciais dos imóveis a serem desapropriados e que continuam subavaliados no estudo equivocado da Prefeitura por cerca de só 10% de seu valor de mercado real; ainda mais, falta avaliar todos os demais direitos dos moradores e trabalhadores na região e incluí-los na previsão da dívida. A avaliação da dívida ainda não inclui os imóveis “a manter” e os imóveis “tombados” cuja propriedade ainda não foi garantida aos atuais proprietários; de fato, a dívida municipal poderá chegar ao infinito caso o concessionário se valer de seus direitos de Grão-Senhor Feudal da Nova Luz e desapropriar toda a região – o que a nefasta legislação permite. Sairia muito mais barato a Prefeitura pagar os R$ 255 milhões em infraestrutura no bairro da Santa Ifigênia e permitir que a área fosse desenvolvida pelos proprietários, bastando disponibilizar-lhes financiamento adequado. Mas a necessidade da Prefeitura em assegurar terrenos baratos para os especuladores imobiliários revender imóveis com lucro altíssimo, em detrimento tanto das finanças municipais quanto dos direitos humanos da população do bairro Santa Ifigênia, faz com que Kassab insista nessa nefasta concessão urbanística da Nova Luz. O lançamento do projeto consolidado 6 dias antes do julgamento da legislação pelo Tribunal de Justiça é poeira nos olhos de quem? Esperamos que os Desembargadores paulistas, no julgamento de 17/08/2011, resistam à pressão do Executivo e do Legislativo paulistano e protejam tanto à população paulistana quanto ao futuro e à solvência financeira da cidade declarando a nefasta Lei 14.917/2009 ilegal, inconstitucional e imoral – que é o que ela é.
Suely Mandelbaum arquiteta urbanista
DÍVIDA MUNICIPAL INCALCULÁVEL: A Prefeitura atual deixará uma dívida de mais de R$ 3 bilhões na Nova Luz para os munícipes e para os futuros Prefeitos em lugar dos R$ 355 milhões citados; essa avaliação inclui somente os imóveis. O lucro de R$ 96 milhões, agora garantidos pela Prefeitura ao Concessionário, implicará em nova dívida ainda não incluída no orçamento do município, a qual será decorrente das avaliações judiciais dos imóveis a serem desapropriados e que continuam subavaliados no estudo equivocado da Prefeitura por cerca de só 10% de seu valor de mercado real; ainda mais, falta avaliar todos os demais direitos dos moradores e trabalhadores na região e incluí-los na previsão da dívida. A avaliação da dívida ainda não inclui os imóveis “a manter” e os imóveis “tombados” cuja propriedade ainda não foi garantida aos atuais proprietários; de fato, a dívida municipal poderá chegar ao infinito caso o concessionário se valer de seus direitos de Grão-Senhor Feudal da Nova Luz e desapropriar toda a região – o que a nefasta legislação permite. Sairia muito mais barato a Prefeitura pagar os R$ 255 milhões em infraestrutura no bairro da Santa Ifigênia e permitir que a área fosse desenvolvida pelos proprietários, bastando disponibilizar-lhes financiamento adequado. Mas a necessidade da Prefeitura em assegurar terrenos baratos para os especuladores imobiliários revender imóveis com lucro altíssimo, em detrimento tanto das finanças municipais quanto dos direitos humanos da população do bairro Santa Ifigênia, faz com que Kassab insista nessa nefasta concessão urbanística da Nova Luz. O lançamento do projeto consolidado 6 dias antes do julgamento da legislação pelo Tribunal de Justiça é poeira nos olhos de quem? Esperamos que os Desembargadores paulistas, no julgamento de 17/08/2011, resistam à pressão do Executivo e do Legislativo paulistano e protejam tanto à população paulistana quanto ao futuro e à solvência financeira da cidade declarando a nefasta Lei 14.917/2009 ilegal, inconstitucional e imoral – que é o que ela é.
Suely Mandelbaum arquiteta urbanista