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Descrição da imagem: vários corpos em chamas como em um balé macabro sob uma noite obscura.
Aí, galera do mal.
Tá liberado, quem quiser pode descer porrada, atropelar, botar fogo, barbarizar da forma que quiser os moradores de rua de todo o Brasil.  A Polícia Militar de São Paulo deu a nota, a de Sergipe afinou o tom, a população apoiou e agora vemos uma sucessão de pessoas sendo trituradas ou transformadas em tochas humanas na olimpíada do terror. Rio, Brasília, Sampa e, na manhã desta terça feira, Curitiba entrou no circuito dos imolados com um jovem que está internado com queimaduras no tórax e nos braços.
Galdino puxou o foguetório, anos atrás, gerando horror na sociedade pela covardia com que alguns jovens de classe média alta transformaram em cinzas os sonhos daquele índio que esperava seu transporte em um ponto de ônibus. Desde então, e mesmo antes, a escalada da violência tem crescido ao ponto de assustar até mesmo os profissionais que atuam na área de segurança. Assusta tanto que, por seu despreparo em lidar com grupos ou por uma orientação política excludente, a PM de SP endureceu e começou a descer a borracha em sindicalistas, professores, maconheiros e nem a polícia civil escapou.
‘Ou então cada paisano e cada capataz com sua burrice fará jorrar sangue demais…’
Aí aconteceu o episódio da cracolândia de Sampa, que todos lembram. Centenas de usuários de drogas foram publicamente pulverizados pela cidade através da aplicação de desproporcional força bruta e sem alternativas de tratamento a serem oferecidas. O resultado foi a continuidade do problema de dependência daquelas pessoas e a criação de dezenas de cracolândias pela cidade. E, súbito, no show de despedida dos palcos de Rita Lee em Aracaju, a PM de Sergipe achou interessante a solução final de SP para as drogas e sarrafou um grupo de jovens que fumava baseados à frente do palco. Claro, crack, maconha, travesti, frutinha é tudo a mesma coisa… Tem que ser na porrada.
‘Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos?’
Caetano estava certo. Os podres poderes emanam de nós mesmos. Ainda somos um povo que exalta a violência como solução para a violência e a exclusão para a diferença. Que acha bonito dar cabo de uma vida com a força do fogo simplesmente porque não lhe agrada aos olhos ou ao coração. Quantas tochas ainda veremos arder até que os crimes de ódio tenham a punição que merecem?
‘Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes. Somos uns boçais…’
Pais boçais e permissivos que fazem com que jet skis sejam transformados em armas por jovens acostumados aos deleites e privilégios do poder desde cedo. Deu problema? Sem problema, é só fugir do local do crime de helicóptero, como aconteceu em Bertioga. E se não der pra fugir do B.O., nada que bons advogados não consigam contornar pelas brechas do ECA, que muito faz pela infância e pela juventude, mas que também tem ajudado na impunidade em nosso país. Quem sabe os jovens pilotos de jet ski de hoje não serão os incendiários de amanhã?
‘Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais… ‘
Beto Volpe
Trechos com aspas: Podres Poderes, in Velô
(valeu, Caetano)
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