Todo ano é a mesma coisa. Sai a pesquisa eleitoral e os jornalistas escolhem os pontos mais batutas para divulgar. Em geral são os pontos que eles mais gostam… Poucos levam a realidade em consideração… Vai daí que…
Você ouviu falar que:
- José Erra e Russomano estão empatados na 1ª posição com 28% {{Erra com 30% e Russomano com 26%, 2% de margem de erro}}
- Você ouviu bastante o fato de Haddad estar com apenas 7%.
Mas o quê, exatamente, isso significa? Pouco, muito pouco. Há diversos outros aspectos que é preciso considerar. Vamos ao início da pesquisa:
Na pesquisa de voto espontânea, em que os nomes dos candidatos na disputa não são apresentados aos eleitores, Serra tem 9%. É novamente seguido por Russomanno, que aparece com 7%, Haddad, que tem 3%, e Chalita e Soninha, com 1% cada.
Uma fatia de 3% menciona espontaneamente o candidato do PT, sem denominá-lo. Há ainda citações para Paulo Maluf (1%), Marta Suplicy (1%) e Kassab (1%), entre outros.
A maioria (61%) porém não soube citar espontaneamente nenhum candidato Os que dizem votar em branco nulo ou em nenhum candidato.A maioria (61%), porém, não soube citar espontaneamente nenhum candidato. Os que dizem votar em branco, nulo ou em nenhum candidato
somam 8%
{{não acredite em mim – PDF – grifos por conta do blog}}
Ou seja, na pesquisa espontânea o Erra tem 9%, Russomano tem 7% e Haddad tem 6% {{3% citaram o nome dele + 3% do PT}}. Parece assim, tão distante?! Claro, não é uma soma simples, mas já mostra bem a diferença entre saber ler uma pesquisa e simplesmente citá-la. Mas a pesquisa continua, e o mais grave parece ser ignorado pela grande ImprenÇa:
José Serra inicia sua quarta disputa pela Prefeitura de São Paulo como o mais rejeitado entre os candidatos: 37% dizem que não votariam no tucano de jeito nenhum. O segundo maior índice de rejeição foi obtido por Paulinho, em quem 21% não votariam de jeito nenhum. Em seguida aparecem Soninha (19%), Eymael (17%), Levy Fidelix (14%), Russomanno (12%), Haddad (12%), Miguel (9%), Ana Luiza (8%), Anaí Caproni (8%), Gabriel Chalita (8%) e Carlos Gianazzi (6%).
José Erra é o candidato com maior rejeição, 37%. Isso significa mais de 20% de rejeição do que aprovação. Russomano e Haddad, têm rejeição muito próxima e baixa. Excelente performance de Soninha Francine, com 19% de rejeição e 7% de aprovação. Deve ser um recorde {{ok, não sei se é, mas que precisa se esforçar, isso sim!}}. Considerando um total de 100% de eleitores, Erra pode chegar a 63%, Russomano e Haddad poderiam chegar a 88%. Ou seja, possuem um potencial de crescimento muito maior.
Agora a coisa que vai deixar seu cabelo em pé. Por que raios ninguém nunca divulgou isso decentemente?! Não sei, mas veja {{não a revista!}}:
O apoio do ex-presidente Lula a um candidato levaria 40% dos eleitores de São Paulo a votar neste candidato com certeza, o que o torna o cabo eleitoral mais influente entre aqueles listados pelo Datafolha. Há ainda 21% que dizem que poderiam votar em um candidato apoiado pelo petista. Outros 40%, porém, dizem que o apoio do ex-presidente a um candidato faria com que não escolhessem esse indicado.
Dois pontos importantes:
- Lula levaria 40% de votos a Haddad.
- Lula traria rejeição de 40% dos candidatos
É claro, óbvio, que não é uma soma simples, reta. Mas para análise é possível fazer a soma e verificar. Se José Erra tem 30% de eleitores {{e estes não votariam no Lula}} isso dá 10% a mais de eleitores “não-Haddad”. Partindo do mesmo princípio, ou seja que dos 40% 7 já disseram que votam em Haddad, isso traz mais 33% de votos para o petista. O que deixaria a eleição em 40% Haddad, 30% Erra e 30% a serem disputados.
Pois é, mudou. O Datafolha ainda concluiu que Dilma não levaria votos a 40% dos eleitores. Alckimin não levaria votos a 46% e Lula, como já foi dito, não levaria votos a 40% dos eleitores. Kassab {{o prefeito nota 10}} não levaria votos a incríveis 72% dos eleitores. Bela gestão, né?! Maluf, o demônio encarnado, não leva votos a 77% dos eleitores.
José Erra não assusta, essa é a conclusão da pesquisa. Também é verdade que os petistas esperavam Haddad com 15% neste ponto, o que pode significar alguma coisa de negativo {{ou puro desconhecimento, mesmo}}. Mas isso ninguém te fala, por quê?
Russomano é a nova boa notícia
As dificuldades da campanha de José Serra ficaram evidentes desde que o cenário eleitoral começou a definir-se. O histórico do candidato, os bastidores de sua “escolha” no PSDB, os índices de rejeição que o acompanham, as características dos públicos almejados pelos adversários e o anseio renovador do eleitorado anunciavam que o tucano teria uma tarefa quase impossível pela frente.
A surpresa vem da intensidade com que os possíveis eleitores de Serra migraram para Celso Russomano e Fernando Haddad. Reagindo à tendência, o ex-governador terá de assumir uma postura negativa, de ataques pulverizados e apelativos, opção que raramente logra sucesso. A lógica aponta para uma polarização cada vez maior entre os pleiteantes do PRB e do PT rumo ao segundo turno.
Nesse quadro, Haddad ganha uma vantagem que precisa ser habilmente explorada. A também previsível adesão de Marta Suplicy e os apoios de Lula e Dilma Rousseff dividirão os setores mais pobres e numerosos do eleitorado, que representam a grande força de Russomano. Nos outros recortes da pirâmide social, porém, o líder das pesquisas deve atrair antipatia ainda maior que a do petista. Os atuais esforços desmoralizadores da imprensa tucana e a futura exposição das propagandas obrigatórias ajudarão a afastar as classes médias e altas de Russomano, identificando-as ao perfil menos controverso de Haddad.
O voto útil desses segmentos terá, portanto, um papel decisivo na reta final da disputa. Para conquistá-lo, Haddad precisa antagonizar frontalmente com Russomano, buscando um discurso alinhado aos temas que sensibilizam o eleitorado serrista (religião, experiência, linhagem partidária, etc). Ao mesmo tempo, deve se esquivar da proverbial agressividade que norteará os últimos esforços de Serra, atingindo-o apenas indiretamente, através de suas ligações com a impopular administração Gilberto Kassab.
A estratégia demanda paciência e cautela, principalmente se os grandes institutos de pesquisa recorrerem às conhecidas manipulações para ocultar o verdadeiro grau da derrocada tucana. Soa temerário, mas não deixa de sinalizar perspectivas inesperadas para uma campanha que muitos já consideraram perdida.
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