Se o senhor não está lembrado, dá licença deu contar…
A palavra Anauê vem do Tupi e tem significado original de “Você é meu irmão“.
Mas ficou conhecida no Brasil por conta do movimento integralista, fundado por Plínio Salgado, em 1932 {{é, o gigante sofre de sonambulismo, de tempos em tempos acorda. E faz merda.}}, cumprimentavam-se utilizando a palavra “Anauê”, com o braço esticado e mão espalmada, como outros grupos fascistas europeus. Este cumprimento é feito pelos integralistas até hoje, e o seu significado, cristalizado nesse que os camisas-verdes atribuíram a ele.
Plínio Salgado exaltava o Nacionalismo como forma de se fazer a verdadeira revolução brasileira.
O Gigante Acordou.
A população, junto dos partidos políticos de esquerda, foram às ruas durante o mandato de Aquassab, com os mesmos objetivos que foram às ruas contra as decisões de Haddad e Alckmin.
A diferença é que Haddad é também do PT. E se oficialmente o partido demorou a se posicionar, sua juventude esteve em todos os protestos, desde o Aquassab até Haddad. Bem como PSOL, PCO, PSTU e as classes políticas agredidas ontem, na avenida Paulista.
Grupos neo nazistas, skinheads, vindos do ABC, da periferia da cidade de São Paulo e, principalmente, vindos de uma profunda ignorância política a respeito da história do próprio nazismo, quanto do nosso país. Vindos, é preciso dizer, de uma exclusão social que os colocou nessa situação.
Esse grupo sempre esteve aí, nunca com tanta força. Por quê? Porque os recém despertos, aqueles a quem exaltei no editorial “O que penso disso tudo…” ainda não entenderam o que significa uma vida política sem partidos.
Só há duas opções em uma vida política ausente de partidos políticos: Ditadura ou Anarquia. É bastante claro que muito pouca gente tem noção do que é o Anarquismo e, portanto, seria razoável supor que não estejam, de fato, lutando por isso. O que preocupa, no entanto, são os rumos tomados pelas últimas manifestações.
Invadir o Itamaraty ? Não é possível dar outro nome para isso. Invadir o local onde está a presidenta só tem um nome. GOLPE.
Collor, é preciso lembrar, saiu pela vontade do povo. NINGUÉM INVADIU O ITAMARATY. O único presidente expulso por invasão do Itamaraty foi João Goulart {{ok, não invadiram, ele saiu antes, mas você entendeu, né?!}}. E quem assumiu o poder depois disso foi a ditadura. Único caminho de quem não deseja nenhum partido político.
O conhecimento histórico é a única salvação possível. É só através dele que é possível lembrar que a passeata do Fora Collor estava cheia de bandeira de partidos. Só o conhecimento histórico nos mostra que os partidos sempre estiveram à frente das mudanças sociais no país. E ao lado dos movimentos sociais.
O movimento que se viu pela redução da tarifa do ônibus {{Que Haddad pretendia fazer somente após a CPI dos transportes que está para ser instaurada em São Paulo, mas que foi pressionado pelo próprio PT e por Lula. Que Alckmin sonhava em manter – não acredite em mim}} foi apoiado por partidos, não aparelhado por eles.
Explico, para que fique óbvio: os partidos aderiram à bandeira proposta pelo movimento social. Não condicionaram seu apoio a uma agenda específica.
Quando eu luto por uma causa, quero todo mundo ao meu lado pela mesma causa. Desde que a causa seja minha.
O que eu assisti ontem, na avenida Paulista foi uma pista tomada por quem sempre esteve acordado no país: CUT, UNE, MST, PCO, PSTU, PSOL e PT. E outra tomada por quem acabara de acordar. “Os sem partido”.
Sem partido, sem pauta e sem objetivo. E sem a menor clareza do acontece ao seu redor. Não é que esse grupo seja favorável à ditadura {{chegamos a esse ponto? Sim, meu amigo, leia o manifesto do querido general saudosista – não acredite em mim}}, eles simplesmente estão, sem saber, preparando terreno para uma.
Condenável é partido aparelhar movimentos e protestos, impondo sua agenda particular às reivindicações coletivas. Isso é partidarismo. Mas a presença de agremiações políticas é uma tradição democrática, e muito o Brasil deve a elas. Esqueceram que na Campanha das Diretas (1984) e no Fora, Collor (92) as bandeiras tremulavam nos comícios? Nos palanques, uniam-se dirigentes de partidos para todos os gostos e muita gente que não ia com a cara deles, mas estava unida para melhorar o Brasil.
Os que aplaudem a massa reprimindo militantes, tendo na “vanguarda” neonazistas, têm partido, sim: o Partido da Intolerância, o Partido do Ódio. Já vimos esse filme.
{{não acredite em mim – Blog do Mário Magalhães}}
Lutar contra a corrupção é o mesmo que fazer uma passeata contra o câncer. Ou contra a morte. Completamente inútil.
Lutar por tudo é, na verdade, lutar por nada.
E o que está por trás de tanto pedido ‘fora Dilma’ é, na realidade, um ódio por uma classe trabalhadora que ganha cada vez mais espaço. Não é por acaso que quase sempre os que pedem ‘fora Dilma’ surjam com argumentos contra ‘o presidente’.
Referem-se à Lula, porque ele é o símbolo da ascensão social. E do preconceito contra nordestinos e negros.
Uma bandeira dos… neo nazistas.
Interessante também notar a descrença à imprenÇa. São gritos genuínos de “Globo, o povo não é bobo”. Ontem, enquanto o Rio de Janeiro estava sitiado e São Paulo sofria agressões de skinheads {{sempre, é bom que se diga, aplaudidas pelo pessoal dos ‘sem partido’}} a mesma rede Globo exaltava a luta justa e necessária contra toda essa roubalheira.
O povo não é bobo, odeia a Globo. Só repete seu discurso sem saber quem está a frente do quê. Não foi o povo que fez a Globo mudar de opinião sobre os protestos. Foi a Globo que viu nesses protestos uma chance de apoiar algo que defenda seus interesses de fato.
E já que falamos de história, como nasceu a Globo? a nossa querida folha, da ditabranda, emprestava kombis à ditadura. O Globo fez um editorial lindo, em defesa da ditadura. Lindo mesmo. Tão lindo quanto um movimento ‘sem partido’ que espanca negro e queima bandeira de movimento por inclusão racial. Tão lindo quanto invadir o Itamaraty. Tão lindo quanto gritar Anauê.
Lindo como a Pianola Boilesen {{não acredite em mim}}.
E para quem acha que não existe contexto, a última pesquisa datafolha diz que 19% apoiam uma possível ditadura. Enquanto que para outros 20% tanto faz se houver ditadura. Não é pouca gente.
O gigante está, de fato, acordando. Cabe a nós impedi-lo de chegar ao poder. Cabe a nós defender o que sempre defendemos.
Nos cabe só, e somente isso: Democracia.
É tão difícil para um esquerdista entender o que significa sem partido.
Sem partido em questão nos protestos significa o povo se unir e cobrar de todos os partidos melhores condições sociais e não defender um partido num momento inoportuno. Será que é tão difícil entender isso? Ou se fazem de burro?
Marcos,
O que é difícil para ‘um esquerdista’ {{meio genérica demais essa definição, né?}} é saber que todos os protestos que já houve no país sempre esteve acompanhado de partidos. Todas as lutas das quais a classe média nunca participou {{ao contrário, sempre reclamou do trânsito causado por elas}} sempre teve a participação dos partidos.
Os partidos estavam lá, no Fora Collor. Estavam antes, na luta contra a ditadura {{embora de maneira informal, por motivos óbvios}}. Já lutam pela educação e pela saúde há muitos anos.
O difícil, Marcos, é aceitar quem nunca lutou por nada, ir às ruas exigir que quem sempre lutou saia delas…
Isso é que é difícil…