Em 2012, em meio às eleições municipais, Luiza Erundina foi convidada a ser vice-prefeita de Haddad, então candidato petista ao município de São Paulo.
Uma foto teria sido o motivo alegado por Erundina para desistir.
A campanha apoiada por Erundina na foto acima é contra o PL Azeredo. Para quem não está íntimo, refere-se à Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas Gerais. Guarde essa informação.
Quando me contaram da desistência da Erundina de ser vice de Haddad, só consegui pensar em duas coisas. Uma foi o que me disse uma pessoa bem próxima ao prefeito de São Paulo: ‘eles almoçaram no domingo, Ana Estela, Haddad e Erundina, e foi dito claramente sobre o apoio do PP e do Maluff. Ela havia concordado’.
Como raios você resolve algo no domingo e na quarta-feira desiste? Não estamos falando de um almoço na cantina italiana, estamos falando do cargo de vice-prefeita da maior cidade do país. O que me fez concluir a segunda coisa: ela está angariando capital político para sair pro senado em 2014.
Não sei, sinceramente, se ela sai em 2014 ao senado {{acho que sim}}, mas tenho absoluta convicção de que o factóide foi para angariar capital político.
Ou seria de um cinismo incrível. Explico.
Erundina está hoje no PSB, partido que acaba de romper com a Dilma para ter candidato próprio à presidência. É um tanto estranho você permanecer no governo 3 anos e depois decidir que está tudo errado, como se você não tivesse nada a ver com isso, mas, faz parte. É justo e acho até saudável uma oposição nova surgindo. Fará bem à Dilma e ao próprio PT, se esta oposição for propositiva.
Indignação seletiva?
A mesma Erundina não abriu a boca para reclamar do apoio de seu partido à Paulo Bornhausen, em Santa Catarina {{não acredite em mim}}. Também não há problema nenhum em ter ao lado Heráclito Fortes {{não acredite em mim}}.
Ele, que sobre o Lula, pensa o seguinte:
Quem Erundina apoiou Lula ou Serra? Lula ou Alckmin?
Ela, que acha um absurdo uma foto com Maluff, não ficou indignada, emputecida, não teve ataque epilético com isso…
{{não acredite em mim – Estado de São Paulo}}
Erundina, que em junho, em meio às manifestações fez críticas ao sistema de transporte da cidade e do Estado de São Paulo, não ficou indignada, não soltou nota, não abriu a boca para reclamar do seu próprio partido saindo em defesa do governador tucano, em meio a acusações de desvio de mais de 600 milhões de reais do metrô {{só para lembrar, o ‘mensalão’ refere-se à 53 milhões}}.
Alckmin, do mesmo PSDB do amigo Eduardo Azeredo, lembram da informação que pedi para guardar?
Que fique claro, a posição da Erundina não mancha a sua trajetória, nem desfaz tudo que ela já fez pelo país.
Mas que fique claro, que ela não é nenhuma purista, nenhuma ingênua. Ela quer é capital político. E vai fazer de tudo para conseguir. Até fingir que apoiar o Alckmin está tudo bem, enquanto aceitar o apoio do Maluff, não.
Aceitar apoio, ação passiva. Apoiar Alckmin, ação ativa. Mas, né? Tudo bem, está longe de ser o único caso de indignação seletiva que a política já produziu…