Marina Silva, depois de publicar texto com o título “Eu já sabia”, onde ela faz o que costuma fazer em suas declarações públicas, ou seja, fala, fala e não diz nada, convoca uma coletiva para afirmar… Que não decidiu nada.
Marina Silva fechará com o PPS. É o que diz a bola de cristal das previsões óbvias do blog. Ou, como costumeiramente chamamos por aqui, o #CaipiraDinah.
Ela não pode sair como vice de Eduardo Campos, opção que o blog pensa ser a mais racional e com maiores chances de sucesso {{já explico}} por conta de um motivo bem antigo, seus financiadores de campanha.
O Estado de São Paulo afirma o seguinte:
Marina foi pressionada por empresários que têm financiado seu projeto político de criar um partido a sair candidata. Foi dito a ela que não seria possível ela abandonar um projeto que contou com tantos apoios, inclusive financeiro na sua trajetória para criar a Rede.
{{não acredite em mim – Estado de São Paulo}}
Pra quem não é bom entendedor, explica-se:
Quem financia uma campanha política pede algo em troca. Qual o poder real de barganha que um vice presidente tem? Apenas a influência dos políticos de seu partido. Coisa que, como vimos, não acontece em Marina Silva. A candidatura dela é a candidatura do ‘Eu-por-mim-mesma’.
Qualquer semelhança com a insistência de José Serra para ser presidente não é mera coincidência. Registre-se que Marina tem um projeto de governo muito menos à direita que José Erra. Bem como nível ético bem acima, também.
Ou seja, os financiadores estão pressionando Marina para que ela seja candidata à presidência. Neste cenário resta à Marina Silva a escolha entre PPS, PTB e PEN.
O PTB, como se sabe, tem o filme um tanto queimado desde Roberto Jefferson e o mensalão. Ficaria muito complicado desvincular a imagem de Marina dos ‘políticos antigos’, numa trajetória que passa pelo PT e posteriormente pelo PTB, ambos em foco no mensalão {{que foi caixa 2, não mensalão}}.
Resta, portanto, PEN {{uma sigla pequena que vive às custas do fundo partidário}}, que tem a oferecer a presidência do próprio partido {{e alguém ainda tem coragem de afirmar que isso não é fisiologismo?}} e o PPS, que conta com uma estrutura muito superior.
A aproximação de vários políticos próximos à Marina ao PPS parecem indicar o caminho.
A entrevista coletiva de hoje foi para ganhar tempo, ela própria disse isso. Afirmou, contudo, que a escolha é uma questão programática, fato demagógico e falso.
O que ocorre realmente é que Marina Silva está negociando que verba do fundo partidário irá para sua candidatura e quanto desta verba irá para os demais candidatos do PPS. E, principalmente, quanto o PPS quer para emprestar o partido. Leia-se quanto do financiamento do Itaú e da Natura financiarão a campanha dela e quanto será dividido entre os demais candidatos. Quantos ministérios o PPS deseja no governo dela, se eleita.
Registre-se que nada disso é ilegal, imoral ou engorda. É algo perfeitamente normal e corriqueiro na política. Só não é novo, ao contrário.
Marina faria um bem ao país se abandonasse o discurso pré-pronto e partisse para a realidade. Os eleitores estão precisando voltar ao mundo real. Ao invés disso ela adota o discurso do “Manejo sustentável de ideias“.
Que diabos é um manejo sustentável de ideias? Nada. É um amontoado de palavras que estão na moda e que juntas não dizem mais do que “ainda estou decidindo“. Novo, de verdade, seria ela explicar os reais motivos. Seria um ato corajoso de enfrentamento da atual política, mezzo hipócrita / mezzo superficial.
Convencida, a ex-senadora iria anunciar nesta sexta sua decisão de sair candidata, mas foi aconselhada a fazer isso apenas quando definisse o partido. A provável escolha pelo PPS também foi uma sugestão do grupo que tem patrocinado Marina, por considerarem um partido programático e estruturado.
{{não acredite em mim – Estadão}}
Marina Silva tem poucas chances de ir ao segundo turno, pensa este blog. Não porque deseja pensar assim, mas porque tem visto as últimas pesquisas.
Dilma está em ascensão e Marina Silva em queda. Assim como Aécio {{que o blog aposta no 4º lugar em 2014}}. Em comum os três têm o nome conhecido nacionalmente – Aécio destes três é o menos conhecido e, portanto, com maiores chances de crescimento.
Dilma pode recuperar votos, como têm mostrado as pesquisas. Marina também pode? Teoricamente, sim. Mas o fato de sua queda coincidir justamente com o momento de maior exposição de sua candidatura diz muito. Não houve fato negativo à Marina. Mesmo a não criação de seu partido tem sido associada a uma ação vil do PT {{porque, afinal, na dúvida a culpa é do PT}}.
Eduardo Campos tem 4% ou 5%, nas últimas duas pesquisas. Mas é o mais desconhecido dos candidatos com chances reais. E com maior potencial de crescimento no Nordeste {{onde Lula é mais forte, mas onde ele tem boa influência e penetração (EPA!)}}, pode angariar votos de quem está cansado do PT, mas não quer o PSDB.
Marina errou ao apostar que dominaria o PV. Perdeu muito tempo e demorou a criar sua Rede. Na política, como se sabe, camarão que dorme, a onda leva.
Atualização:
Como se viu, Marina fechou com o PSB. Forma, de fato, a chapa mais forte e deve trazer complicações à Dilma.
O fator essencial para isso foi o fato do PSB ter aceitado abrigar os políticos do Rede Sustentabilidade que migrarão no futuro deixando o PSB e ingressando no partido novo sem perder o mandato {{se fossem para um partido que já existe o mandato ficaria com o partido pelo qual se elegeram}}.