Ao contrário de 99,99% das pessoas de esquerda, este blog não acha um fato grave a Presidenta da República ter sido vaiada e xingada {{“Ei, Dilma, quer tomate cru?”}}.
Sim, o blog continua sendo favorável à reeleição de Dilma e continua achando que ela ganha tranquilamente no 2º turno.
Mas se sente na obrigação de desmentir algumas coisas.
Machismo
Não, turminha, essa não entra na questão. A Dilma foi xingada porque é Presidenta da República. Fosse o Lula e seria xingado da mesma forma.
Ela não foi xingada de vaca ou de sapata {{não, sapata não é xingo, exceto na cabeça de quem ‘xinga’ isso}}, mandaram ela ir tomar no fiofó. Como fizeram com Lula, antes.
Elite Branca da área VIP
É bem verdade que quem estava no estádio pertencia, em sua maioria, a uma elite branca. Os ingressos não foram baratos, nem o deslocamento, nem a hospedagem e muito menos a cerveja servida durante os jogos.
Mas não concordo com a afirmação de que os xingos se deram porque era elite. Senão vejamos.
O país vive um momento político muito delicado.
Ao mesmo tempo em que a população clama por mais Estado em suas vidas, faz o discurso mais fascista possível.
Desconstrói-se toda e qualquer argumentação baseada em dados reais {{nem que para isso seja preciso desconstruir os dados, dizendo que o IBGE, a FGV e grandes institutos de consultoria são todos órgãos petistas trabalhando para enganar a população}}, encerra-se qualquer forma de diálogo {{se você é petista está defendendo porque ganha para isso. Se é tucano, é um coxinha e tanto faz seu argumento e por aí vamos}}.
Então o que sobra é um rasteiro ranking de quem roubou menos, seguidos por xingos de todos os lados.
A Presidenta foi xingada por uma elite, sim. Mas seria vaiada pelo paulistano médio. Pelo brasileiro comum.
E não, tucano, não é um bom presságio. Não tem absolutamente nenhuma relação com as urnas. É apenas um sentimento alimentado durante muitos anos por CQCs, Vejas e Jornais Nacionais, de que a política é o campo da sacanagem, do rasteiro, do embaixo dos panos.
Também é verdade é que José Erra estava presente e não foi xingado ou vaiado. Sinal de aceitação popular? Antes, sinal de insignificância mesmo. José Erra, hoje, não significa nada. Ninguém sequer sabia que ele estava lá.
Já a reação dos candidatos de oposição, estas sim, dizem muito.
{{não acredite em mim – G1}}
Logo Aécio, que em 2007 foi obrigado a ouvir um Mineirão inteiro gritar:
{{não acredite em mim – Terra Magazine}}
E o que disse Eduardo Campos, aquele que tenta a todo custo se diferenciar de Aécio ?
{{não acredite em mim – Uol}}
É fato que o Brasil está passando por um momento delicado, como é fato de que esse momento é um avanço. O brasileiro está começando a tatear, respirar, viver uma República.
Faz parte do aprendizado de uma criança, falar errado.
O que não faz parte é a falta de leitura e visão de quem quer se propor como alternativa possível ao país. Isso não faz parte. E enquanto os adversários insistirem no discurso rasteiro e velho, onde a visão pessoal é mais importante do que um projeto de país, continuarão perdendo.
São novos tempos. Tempos de um mau humor político, talvez sem precedentes no país {{na forma, principalmente}}. São tempos em que a mesma pessoa exige mais educação e xinga o congresso que aprova aumento de orçamento para esta mesma área.
É tempo de fazer entender como funciona uma República. E mudar as engrenagens que não servem à ela, mas ao jogo do poder pelo poder.
O desafio da esquerda é trazer as crianças para o debate de ideias. E enquanto a direita {{e a esquerda-mais-esquerda-que-você}} não entender isso, o PT continuará governando com tranquilidade. Tanta que chega a fazer mal ao próprio PT.
Mas este é um outro assunto.