Escolha uma Página
Espalhe a notícia

A verdade é que, com exceção de meia dúzia de pessoas que a dois dias da eleição ainda não têm convicção de quem irá votar e dos militantes dos diversos partidos, os debates são praticamente uma nulidade.

Pouquíssimas pessoas passam a decidir seu voto e estas poucas raramente assistem ao debate todo. Isso dito, o debate na Globo foi, na verdade, uma pândega. Um show de humor.

A grande diferença entre este e os demais debates foi que a razão dos risos, desta vez, não foram os nanicos, mas os candidatos com chances reais de vitória.

Mas antes de falarmos da parte engraçada, vamos analisar o pouco de seriedade que restou.



Apoie o Jornalismo Independente

Entre os três principais candidatos, um destaque negativo: Marina Silva.

Marina Silva, exatamente como nos demais debates e no geral de sua própria campanha, mostrou-se uma candidata completamente despreparada.

Primeiro acreditou que seria possível fazer uma dobradinha com Aécio Neves para atacarem, juntos, a Dilma. A ingenuidade nem seria tão grande se algumas horas antes do debate as pesquisas não dessem a chance real de Aécio Neves ir para o segundo turno no lugar dela.

Ao falar com a Dilma tomou invertida em todas as questões. Quando quis dizer que Dilma defende a mesma coisa que ela na questão do banco central foi obrigada a ouvir: “Sugiro que a senhora leia aquilo que escreveram no seu programa de governo”. Dilma claramente já esperava por essa pergunta.

Depois, inexplicavelmente, quis dizer que a atual Presidenta da República é inexperiente. Um erro crasso, posto que ela já é a Presidenta. Ouviu de volta que “muito me estranha quem defende a nova política exigir uma carreira tradicional…”.

Ao falar sobre a inflação ouviu um retumbante: “Informo à candidata que a inflação está sob controle”. Outra pergunta já esperada.

Quando quis, como faz a oposição em geral, colocar o rótulo de corrupção na Presidenta, tomou um susto. O que ela não esperava era que Dilma tirasse da cartola uma denúncia contra um assessor direto dela, quando ela ainda era do PT.

Mas o maior erro de Marina foi deixar transparecer a raiva que a candidata tem de Dilma Rousseff. Não sou dos mais fofoqueiros, mas as más línguas dizem que, ao sair do PT em 2009 Marina estava indignada com a escolha feita pelo então Presidente Lula. Relatos dão conta de gritos, choro e socos na mesa. Se é real ou não, tanto faz. O fato é que ontem ela deixou escapar um sentimento de raiva, que pega mal. Bonner teve de pedir por 3 vezes para que ela parasse de falar, isso soa como desespero para o eleitorado.

Dilma não foi mal. Esteve, como era de se esperar, longe dos desempenhos de Lula.

Saiu-se bem ao levar as declarações de Paulo Roberto Costa no senado, onde ele admite que foi demitido {{não acredite em mim – O Cafezinho}}. Com a falsa denúncia da folha, estava óbvio que alguém levantaria esta questão.

Respondeu muito bem à Marina e ao Aécio sempre que confrontada. Parecia tranquila, mas ainda guarda problemas de oratória. Nada que comprometesse, sobretudo para uma candidatura em franca ascensão.

Se teve alguém que se saiu muito bem, este alguém é Aécio Neves.

Sim, foi muito mal no momento dessa foto, se irritou profundamente com a Luciana Genro lembrando de seu Tio e aeroporto de Claudio. Teve que levar para casa um “Não levante o dedo para mim”.

Tirando isso, mostrou a firmeza que Marina é incapaz de mostrar, mostrou a simpatia que Dilma se esforça para tentar mostrar. E ainda se colocou como oposição.

É arriscado dizer que ele irá ao segundo turno, parece-me que a Marina chegou bem perto de seu piso eleitoral, mas se alguém precisava se decidir entre os dois neste debate, votará no Aécio, com toda certeza.

Marina é uma decepção maior do que esperavam inclusive os que nunca acreditaram nela. Incapaz de ser firme, não mostra aspecto de estadista ao insistir no coitadismo. E ao mesmo tempo ataca com raiva, erro bem grave.

Mas o que ficou claro mesmo é que a Globo não sabe fazer debate.

Bonner se enrolou por diversas vezes, a ponto de ser corrigido pelo Eduardo Jorge.

Impressiona a completa ausência de jornalistas em seus debates. Ou a Globo não confia no seu jornalismo, ou sabe que sua audiência não confia. Péssimas opções, de todo modo.

Os momentos de gargalhada dominaram os momentos de discussão. A pândega foi sem fim:

http://youtu.be/3ATkk_-ITdU

– Eduardo Jorge para quem você irá perguntar? (Bonner)
– Levy Fidelix (Dudu)
– O senhor só pode perguntar… Exatamente, para Levy Fidelix (Bonner)

– Quero que o senhor peça perdão ao público brasileiro… (Dudu)
– Você não tem moral nenhuma para me falar isso. Você acima de tudo propõe que o jovem consuma maconha. Isso é crime.
– Bom então nós vamos nos encontrar na justiça!

http://youtu.be/cRkdP_842Jo

– Candidata Luciana Genro. No último debate, da Record, a senhora mandou seu marido me procurar, me pedindo que não lhe dirigisse a pergunta porque você queria perguntar à candidata Marina. ESTÁ AQUI UMA DENÚNCIA. A senhora disse sabe o quê? Que faria uma pergunta sobre a questão econômica. E rompeu o que tínhamos apalavrado. Me diga se será também uma presidente sem palavras!
– O teu discurso de ódio é o mesmo discurso que os nazistas usaram contra os judeus.

Impressionante como nem em algo que o PSOL tem razão consegue dar uma resposta coerente. É um discurso homofóbico, que mata muita gente. Mas longe de ser pró-holocausto, né Lulu??

Enfim, para quem não viu ainda, o debate está divido por blocos no site G1 {{não acredite em mim – G1}}.

O Blog aposta, sem convicção, que o segundo turno se dará entre Dilma e Aécio. Obviamente não será surpresa se Marina conseguir se manter lá ainda. A única convicção é que Aécio e Marina terão um domingo bem tenso. 

Para quem ainda não sabe, o blog revela seus votos. Nunca nos furtaremos disso. É a única maneira que conhecemos de ser imparcial:

Espalhe a notícia