Ali
Ali onde tudo começou… pra mim.
Ali onde a gana se mostrou… pra mim.
Ali onde o sorriso se apresentou… pra mim.
Ali, na José Bonifácio, perto da Rua do Ouvidor.
E não se ouvia dor…
Pra mim. Expressão chula, pós moderna.
Pra que serve a modernidade, afinal?
Ao meu lado correm os mesmos de outrora.
Só nós é que não somos os mesmos.
Nós. Os de fora.
No alto do prédio a visão de outro prédio.
Ali.
Luxo do lixo pós moderno.
Das luzes verdes, amarelas. Das TVs.
Ali. Bem ali, onde a vista alcança.
E no silêncio do sereno o sentimento.
Da dor da dura realidade, perto da Rua do Ouvidor.
Na placa de cima a Líbero. Libertos? Livres?
E quem há de ser livre sem teto?
Dormem as famílias. Outrora sorriam.
A cantoria da alegria da entrada não se ouve.
Na saída.
Ali, na José Bonifácio. Do trocadilho
infame da TV Global. É fácil pros Bonis.
É fácil pra mim. Pra nós.
Pra quem assiste é sempre fácil. Mesmo quando é difícil.
E a janela que deveria ser símbolo de liberdade.
Ali…
Ali ganha espírito de prisão.
O Sol é a família que dorme de frente. Sem medo do sereno.
E a paz do silêncio é, na verdade, luto.
Ali…
Na José Bonifácio, 380.
Em tempo: Foto de capa é de Sérgio Silva.
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