Fidel Castro morreu há um ano, em 25 de novembro de 2016. Muita gente ainda se pergunta quem foi Fidel. A sua biografia, sua história e quem foi Fidel Castro quando jovem? Vamos tentar responder a esta e outras perguntas sobre o líder da revolução cubana, que até hoje causa furor e sentimentos opostos nos brasileiros.
A Revolução Cubana (Fidel Castro Jovem)
A história de Cuba sempre foi marcada pela forte presença de militares e de grandes regimes autoritários. Ainda em 1925, Gerardo Machado, militar, era o presidente de um regime autoritário que vinha desde a independência cubana {{1895 – 1898}}.
Em 1933 o regime de Gerardo é derrubado graças a “Revolta dos Sargentos”. Fulgêncio Batista então assume o poder {{estamos em 1933}}, derrubando Gerardo e o regime em vigor.
Batista acumulou cargos e fortuna com investimentos e corrupção. Até 1940 Fulgêncio manteve um regime democrático de fachada mantendo presidentes-fantoche até 1940, quando numa plataforma populista ele assume o poder e instala uma nova constituição. Esta constituição era considerada avançada para sua época, propondo um regime democrático, republicano e de representatividade. Também garantia direitos individuais, de propriedade e introduziu noções de direitos coletivos, além de garantir um judiciário com poderes e independência.
Após o final de seu mandato, Batista foi morar na Flórida, EUA, até retornar para Cuba, em 1952 quando concorreu e perdeu a eleição presidencial. Após a sua derrota ele dá um golpe onde antecipa e vence as eleições, com apoio dos militares.
Com o poder nas mãos novamente, Batista recebe o apoio logístico, financeiro e militar dos Estados Unidos. Com este apoio ele revoga a constituição de 1940 e revoga a maior parte dos direitos políticos do povo cubano, incluindo o direito à greve.
Ele então se alia aos produtores de cana-de-açúcar e preside Cuba sob uma forte estagnação da economia, o que acabou por aumentar a desigualdade entre ricos e pobres. Ao final de seu mandato, a maior parte dos produtores de cana eram estrangeiros e/ou americanos {{cerca de 70%}}. Além disso seu regime começa a lucrar com a venda de drogas, prostituição e apostas, controlados de um modo geral pela máfia norte-americana.
Com o aumento da rejeição de seu governo, Fulgêncio Batista instaura a censura na imprensa, além de promover a prisão e tortura dos cubanos.
Fidel Castro, filho de um rico fazendeiro espanhol, tornou-se militante de esquerda durante os estudos de Direito na faculdade de Havana. Ele participou de revoltas contra governos de direita na República Dominicana e na Colômbia, onde planejou a revolução cubana. Primeiro ele lança um ataque ao Quartel Moncada, junto de cerca de 160 homens. O ataque fracassa e Castro passa 1 ano preso. Depois vai ao México onde forma o “Grupo Revolucionário 26 de julho”, com seu irmão Raul Castro e um certo Che Guevara.
Com apoio financeiro e logístico da União Soviética, Castro derruba o regime autoritário de Batista, que contava com o suporte financeiro e logístico dos EUA. Estamos em 1 de janeiro de 1959.
O regime de Fidel Castro
Com o apoio da União Soviética, Castro declara Cuba um Estado socialista e introduz um modelo de “economia planificada”, nos moldes socialistas. O regime inicia estatizando os bancos e promovendo uma ampla reforma agrária.
Também foi o regime de Fidel Castro o grande responsável pela erradicação do analfabetismo cubano e melhorias na estrutura de saúde para a população. Até hoje Cuba é um dos melhores países em índices de educação e saúde, segundo dados da ONU. Atualmente Cuba tem a 6ª colocação no Índice de Pobreza Humana {{IPH – quanto mais alto, menor a pobreza no país}}, 99,8% de população alfabetizada, 3º melhor índice do planeta – perde para Georgia e Eslováquia, apenas.
Como nem tudo são flores, o próprio Fidel Castro, em 2010, pediu desculpas pela perseguição de seu regime a homossexuais, nas décadas de 60 e 70. Segundo o ex-comandante cubano, seu regime perseguiu gays, lésbicas e travestis, exonerando-os de cargos públicos, prendendo esta população, além de enviar a campos de trabalho forçado. Em suas próprias palavras, “aqueles foram momentos de muita injustiça”.
Castro justificou estas perseguições. Ainda que tenha afirmado que ele deveria ser responsabilizado por estes fatos, Fidel disse que estava ocupado demais cuidando de problemas como a Crise dos Mísseis, em 1962: “tínhamos diante de nós problemas tão terríveis, questões de vida ou morte, que não prestamos atenção suficiente a isto”. Já no início dos anos 2000 o governo cubano fazia propagandas denunciando o preconceito contra homossexuais e o sistema de saúde cubano realizou operações de mudança de sexo.
Crise dos Mísseis*
O episódio chamado de Crise dos Mísseis de 1962 refere-se aos treze dias de impasse entre Estados Unidos e União Soviética, em outubro de 1962, devido à instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha de Cuba. O mundo vivia então a polarização entre os blocos comunista e capitalista, liderados, respectivamente, por União Soviética (URSS) e Estados Unidos (EUA). Era a chamada Guerra Fria.
Em 22 de outubro, o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, comunicou a população, em rede nacional de TV, sobre a presença dos mísseis na ilha, a uma distância de apenas 140 km do território estadunidense. Kennedy anunciou ainda que os Estados Unidos procederiam com um bloqueio naval à ilha e que o país estava preparado para usar sua força militar caso fosse necessário à segurança nacional. Após a transmissão do comunicado do presidente, instalou-se um clima de tensão e medo de que as duas grandes potências (EUA e URSS) iniciassem de fato um conflito armado, sobretudo porque ambos os países detinham tecnologia nuclear.
Um momento crucial nos rumos da tensão entre as duas potências foi a aproximação de uma frota naval soviética aos navios dos Estados Unidos que faziam o bloqueio à ilha. Diante do crescimento da tensão, Nikita Khrushchev, dispôs-se a retirar os mísseis de Cuba em troca da promessa de Kennedy de que os Estados Unidos não invadiriam a ilha. Secretamente, o governo estadunidense se comprometeu ainda a retirar mísseis que havia instalado na Turquia, fronteira com a URSS, em junho de 1961. Os países chegaram ao acordo que colocou fim à Crise dos Mísseis em 28 de outubro de 1962.
Sobre o tema é possível assistir ao filme “13 dias que abalaram o mundo”.
A morte de Fidel
Fidel Castro permaneceu 48 anos no governo cubano e morreu aos 90 anos de idade, em 25 de novembro de 2016, por volta das 22h30. O motivo de sua morte jamais foi divulgado.