“O verde está do outro lado”, filme de Daniel A. Rubio, será lançado dia 22 de agosto em salas de cinema do Brasil todo
Quase todo mundo sabe que o planeta Terra é 70% formado por água. Certo? Mais de 97% dessa água é salgada, não potável, dos oceanos. Menos de 3% é doce, de lagos e rios. O Brasil detém 12,5% da água doce do planeta. O percentual da água tratada para consumo, estatal ou privado, depende de cada país. No Chile, a privatização da água em 1981 levou a consequências econômicas drásticas, a uma crise hídrica sem precedentes, ao aumento da desigualdade social e da pobreza. Atualmente, o Brasil discute a privatização da água na Câmara dos Deputados.
Mas, será que a população tem consciência da importância da água como riqueza natural para nossas vidas? O que acontece quando um país entrega o controle de suas águas para empresas privadas? A exploração da água como um bem para poucos é destrinchada no filme “O Verde Está do Outro Lado – Os donos da Água”, de Daniel A. Rubio, longa de estreia do diretor no Cinema, que será lançado no próximo dia 22, em São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre.
Produzido entre Chile e Brasil, o documentário traça um paralelo entre as experiências dos dois países a partir da perspectiva da Província de Petorca, a 200 quilômetros de Santiago, e de Correntina, que fica no oeste da Bahia. Entrevistas com moradores das duas regiões, ambientalistas e políticos guiam o longa que explora as nuances econômicas e ambientais que regem as batalhas pela propriedade da água. A produção explora os efeitos da privatização da gestão da água vivida pelo Chile em 1981 e seus reflexos negativos quase quatro décadas depois.
Em Petorca, grandes empresas detém o líquido e a falta de água para irrigação de plantações e para o próprio consumo humano leva pequenos agricultores e suas famílias ao sofrimento e à ruína. Não obstante, a realidade da cidade de Correntina, conhecida como a caixa d’água do Brasil, escancara um futuro pouco distante: grandes produtores de soja já foram responsáveis por extinguir 17 riachos nos últimos 15 anos.
“O filme fala sobre o que acontece com um país em que o Estado deixa de ser o regulador e protetor dos recursos hídricos e delega essa gestão às empresas privadas. Essa imagem, esse microcosmos exibido no filme, o que acontece na província Petorca, representa simbolicamente as mesmas condições na qual o planeta se encontra: uma grande concentração de riquezas nas mãos de uma minoria, enquanto a grande massa vive endividada, ou na pobreza”, enfatiza Daniel A. Rubio.
Em suma, o longa traz para reflexão o fato de que só há transformação social e garantia de políticas públicas democráticas e efetivas com muita luta política e apoio popular.
Sobre o filme
Brasil/Chile, 2018, 76 min, 10 anos.
Direção e Roteiro | Daniel A. Rubio:
Daniel A. Rubio é fotógrafo, documentarista, diretor e produtor de projetos majoritariamente orientados por questões sociais e ecológicas. Trabalhou na produção, realização e direção de programas produzidos pela Television Trust for the Environment, como “A Posse”, “Land’s Revolução”, “Collision Course”, “Winning Against AIDS”, “Looting the Pacific”, “Danger in the Dust”, que foram exibidos pela BBC World e outros canais, como TVArte, France 5 e Article Z.